Participante da edição mais feminista da história do BBB, Manu Gavassi vem se destacando no reality por sua postura sensata e por dar "aulas" sobre empatia, empoderamento, homofobia... No último dia 9, surpreendeu ao citar a palavra "sororidade" para justificar seu voto ao indicar o colega Felipe Prior ao paredão.
A cantora disse que tomou a decisão "por uma questão de sororidade", deixando Prior confuso: "O que é isso?", perguntou ele. Manu disparou logo que ele poderia aprender quando saísse da casa.
Mas não era só o rapaz que não tinha ideia do que Manu estava falando. O público também precisou recorrer à Internet para entender que raios era sororidade, o que fez com que as buscas pelo termo crescessem 250% no Google em pouco tempo.
Sororidade, embora não exista nos dicionários formais da língua portuguesa, vem ganhando corpo e voz por aí. Mulheres que nem se julgam militantes compraram a ideia e a compartilharam na Internet nos últimos tempos. O mesmo aconteceu com expressões como empoderamento, empatia, equidade Todas muito associadas ao movimento feminista. Elas bombaram em 2019
O substantivo feminino sororidade significa uma espécie de pacto entre as mulheres, sob vários pontos de vista (ético, político, na questão da igualdade de gênero ). Não se sabe ao certo quando o termo começou a se disseminar como corrente.
Mas a questão é: ao se tornarem modismos virtuais e serem utilizados de maneira excessiva até, esses nomes tão fortes e cheios de significados não correm o risco de acabar se enfraquecendo um pouco?
Gabriela Santos Alves, professora do departamento de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pesquisadora de teoria feminista, não vê risco de banalização. Para ela, essa massificação linguística não é algo negativo.
Quando uma expressão se torna de uso massivo, isso tem um potencial positivo porque chega às pessoas. Por exemplo: uma mulher que nunca ouviu falar sobre sororidade talvez se sinta interessada ao ver numa hashtag. Isso pode ser o ponto de partida para o entendimento do significado das palavras. Então, não vejo problema nisso. Pelo contrário, comenta ela.
Para a professora, esse fenômeno nas redes sociais é reflexo de um comportamento social. O que as pessoas estão falando em seus círculos vai para a internet, que não é um mundo fora do que a gente vivencia. Essas palavras vêm muito de uma prática feminista, de mulheres que têm questionado as violências simbólicas e físicas e estão criando uma rede de apoio.
Ao contrário do que se pode pensar, no entanto, o termo sororidade não virou só mais um clichê popular. Alguns assuntos não se aprofundam, viram meme. Um tuíte que é provocador em algum momento pode gerar conscientização. Mas dado o curto espaço do texto, a gente não vai a fundo. Pode, porém, ser o ponto de partida, diz Gabriela.
A mestre em Direito e especialista em trabalhos de igualdade de gênero, Renata Bravo, concorda com essa tese. As redes sociais são muito criticadas. Mas num país de dimensões continentais como o nosso, a internet torna tudo mais próximo. Vejo benefícios no uso das hashtags. Claro que, como em todo movimento, seja nas redes sociais, seja nas ruas, tem gente que distorce, que vai usar sem entender o porquê, observa.
Não faltou gente tentando desqualificar o conceito, claro. Sempre tem um outro movimento, de dizer que falar em empoderamento ou em sororidade é mimimi. Uma grande mentira do patriarcado é afirmar que mulher não é amiga de mulher. Isso desfavorece nosso lado, nossas aproximações, faz com que a gente não se mobilize, reforça Gabriela.
Ela lembra um episódio recente, em que uma foto em que a atriz Isis Valverde aparece amamentando o filho repercutiu de forma negativa a partir de uma manchete desrespeitosa de um site, que sexualizou o ato de amamentar. Isis foi alvo de comentários maldosos, agressivos. Rapidamente, o caso ganhou grandes proporções. Uma espécie de mamaço virtual tomou conta das redes. Neles, mães compartilharam a hashtag não sexualize.
Algumas pessoas sexualizaram o ato de amamentar, e outras mulheres saíram em defesa da Isis. A gente precisa se proteger em tantas esferas. É preciso que fiquemos atentas a esses movimentos de exclusão e violência contra nós. Assim, a gente se fortalece, dispara a professora da Ufes.
Sororidade - É a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. O conceito está fortemente presente no movimento feminista, sendo definido como um aspecto de dimensão ética, política e prática deste movimento de igualdade entre os gêneros
Empoderamento - Empoderar é um verbo que se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem. O empoderamento feminino é o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos, como a total igualdade entre os gêneros
Empatia - Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo
Equidade - É o substantivo feminino com origem no latim aequitas, que significa igualdade, simetria, retidão, imparcialidade, conformidade. O conceito também revela o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um, usando a equivalência para se tornarem iguais.
Fonte: www.significados.com.br e fontes entrevistadas
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