A sexualidade feminina ainda é um dos maiores tabus da nossa sociedade. Tudo o que envolve esse assunto tem relação direta com antigos conceitos enraizados herdados pelo modelo patriarcal, onde as mulheres não tinham voz e não podiam exercer sua vontade. Como consequência, o conhecimento sobre a vagina foi prejudicado e, até hoje, muitas pessoas desconhecem características básicas desse órgão genital.
A ginecologista Patrícia Leite pontua sobre a necessidade de aprender mais sobre a genitália feminina. Conhecer o corpo é uma etapa importante do autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal. Fazer as pazes com ele e com o que ele é capaz de trazer pode proporcionar resultados incríveis, explica.
A vagina é um órgão com muitas particularidades e diversas cores, cheiros e tamanhos. Para desmistificar as informações que se têm sobre ela, a ginecologista listou 10 dos principais fatos e curiosidades sobre o canal vaginal. Confira:
Muitas mulheres têm dificuldade para nomear e entender a vagina. Algumas até usam apelido para ela, mas na verdade a região externa é a vulva. Quando agachamos sem roupa no banheiro e pegamos um espelho, o que vemos é a vulva! Se você afastar os lábios, consegue ver a entrada da vagina, que é um canal interno.
Algumas mulheres têm medo de colocar algo interno e "perder dentro da vagina, mas isso não é possível, segundo Patrícia Leite. A vagina tem um fundo fechado, como se fosse um copo. A abertura seria a entrada da vagina e o fundo do copo é a sua parte final. O fundo dela se conecta com o colo do útero, que é fechado e não é capaz de absorver nenhum objeto, esclarece.
A vagina mede aproximadamente 8cm, mas durante a excitação e a relação sexual ela pode mais que dobrar de tamanho. A vagina estica-se tanto em comprimento quanto em diâmetro, o que permite uma relação sexual confortável ou a passagem do bebê durante o parto.
Assim como a vulva (parte externa), a vagina também não tem um padrão e pode mudar seu aspecto e sua cor ao longo da vida da mulher. Pode mudar a coloração, tornando-se mais opaca e esbranquiçada na menopausa e mais arroxeada na gravidez, pela mudança hormonal. Está tudo bem se a sua não é igual à da sua amiga ou parecida com aquela que você viu em uma revista.
A vagina é um tubo muscular flexível e, com isso, pode retornar ao seu tamanho e formato após se expandir. Logo após a relação sexual, ela volta ao normal. A largura da vagina não fica comprometida pela frequência ou pela quantidade de relações sexuais.
A vagina tem uma rede de microrganismos que a habitam, incluindo grupos de bactérias e fungos, que formam a microbiota vaginal. Isso é essencial para a saúde dos órgãos sexuais e reprodutivos, pois são esses microrganismos que fazem o efeito protetor contra bactérias causadoras de doenças.
De acordo com a ginecologista, o principal grupo presente na flora vaginal são os lactobacilos. Essas bactérias naturais produzem o ácido lático, um composto responsável por gerar o pH ácido característico do órgão, que confere o odor suave da vagina saudável. Não é necessário usar cremes ou produtos que modifiquem esse cheiro - isso pode causar alergias e desequilíbrio local.
O canal vaginal consegue se limpar sozinho a partir da sua própria secreção natural. Aliás, é essa secreção, geralmente clara ou esbranquiçada, que muitas vezes fica na calcinha após um longo dia para lá e para cá. Não deve-se usar duchas vaginais ou algum outro instrumento para lavar a vagina: isso poderá destruir a flora vaginal natural, causando desequilíbrios e até aumentando a chance de corrimentos anormais.
As principais glândulas ficam bem na entrada da vagina e são responsáveis pela lubrificação feminina. São conhecidas como glândulas de Bartholin. Quando estimuladas, elas trabalham para fornecer a lubrificação adequada antes e durante a penetração, evitando o desconforto no ato sexual.
O cheiro e o odor característicos da vagina são influenciados principalmente pelo seu pH ácido, mas isso pode variar ao longo do ciclo menstrual. Em geral, essas mudanças são sutis e podem não ser notadas. Porém, é possível perceber um leve cheiro e gosto metálico na proximidade do período menstrual, por exemplo. Muitas mulheres também percebem que o odor fica mais acentuado durante o período fértil, e isso decorre das alterações hormonais.
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