Dona Elieze Bonfim sempre teve uma boa saúde. Tinha uma dorzinha aqui, outra ali, mas achava que era normal da idade e se ocupava sempre cuidando de doentes na família. Foi num exame de rotina, quatro anos atrás, que ela descobriu um câncer. Não qualquer câncer: o tumor era no intestino, o mesmo que causou a morte do marido dela, em 2003. Ele ficou seis anos tratando a doença. E eu acabei tendo a mesma coisa, relatou ela, que tem 72 anos.
Se hoje dona Elieze está aqui para contar essa história é porque ela teve ajuda logo. O câncer de intestino é um dos mais comuns no Brasil e, assim como os demais, é perigoso se descoberto tardiamente. Mas é altamente curável quando detectado cedo.
Ele tem uma vantagem em relação aos demais: pode ser evitado com bons hábitos de vida e exames específicos, como lembra uma campanha realizada este mês por entidades como a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia e Sociedade de Gastroenterologia.
A campanha tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre esse câncer, que é bastante prevenível. Queremos mostrar que elas podem descobrir se têm uma lesão e removê-la antes que vire um câncer, explica o gastroenterologista e endoscopista Áureo Paoliello.
Segundo ele, a doença se inicia a partir dos chamados pólipos, pequenas lesões no intestino, que, se não removidas, podem evoluir silenciosamente para o câncer.
Esses pólipos evoluem lentamente. Podem levar entre 10 e 15 anos para virar um câncer. Eles ocorrem em qualquer pessoa, em qualquer idade, mas a partir dos 40 anos a incidência é maior, completa a proctologista Martha Sperandio.
Os sintomas, quando aparecem, podem indicar um câncer em estágio mais avançado. A pessoa deve ficar atenta se há sangramento nas fezes, um emagrecimento repentino, anemia, dores abdominais ou alterações do comportamento intestinal. Ou seja, se ela tinha um intestino que funcionava bem e de repente passou a sofrer com prisão de ventre ou diarreia, é um sinal de alarme, cita Paoliello.
EXAMES
Daí a importância da realização de exames, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia a partir dos 45 anos. O primeiro deles, como o nome diz, vai investigar se há presença de sangue nas fezes, algo que não pode ser visto a olho nu. Esse teste, porém, não determina a causa do sangramento. Por isso, em caso positivo, é preciso fazer a colonoscopia. Ela é feita por meio de um aparelho que examina o intestino à procura de lesões que, se encontradas, são removidas na hora, diz Martha.
O exame, segundo Paoliello, só precisa ser repetido a cada cinco anos. Mas pessoas que tiveram registro de pólipos podem precisar repetir a colonoscopia num intervalo menor.
FIQUE POR DENTRO
A doença
O câncer colorretal, ou câncer do intestino, é o segundo tipo de câncer mais frequente nas mulheres e terceiro nos homens
Novos Casos
No biênio 2017/2018, serão 36.360 novos casos, um aumento de 6% em relação ao ano passado (Inca)
Como se desenvolve
É uma doença silenciosa que se desenvolve a partir de um pólipo benigno no intestino que pode evoluir lentamente (de 10 a 15 anos) para um câncer
Investigação
Entre os exames que podem apontar problemas no intestino estão a pesquisa de sangue oculto nas fezes - feito por um exame simples de coleta de fezes - e a colonoscopia
Frequência
Na maioria dos casos, a colonoscopia só precisa ser repetida a cada cinco anos. Pessoas que tiveram registro de pólipos podem ter que repetir num intervalo menor
Quando fazer
A recomendação é que pessoas sem histórico de câncer colorretal na
família procurem um especialista a partir dos 45 anos. Se houver casos na família, esse acompanhamento deve ter início por volta dos 35 anos
Sinais
Mudança repentina e persistente dos hábitos intestinais, como diarreia, constipação e fezes com sangue e escuras, além de dor abdominal, anemia, fraqueza e perda de peso são alguns dos principais sintomas
Prevenção
Deve-se ter uma alimentação fica em fibras e peixes, evitando ingestão exagerada de carne vermelha, embutidos e outros alimentos gordurosos. É preciso ingerir pelo menos 2 litros de água por dia, evitar uso de álcool e cigarro e praticar atividade física regularmente
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta