O novo coronavírus, que já se espalhou por mais de 20 países diferentes, não é o primeiro vírus a assustar povos do mundo todo. Novos vírus podem surgir a todo momento, à medida que a população cresce e os problemas climáticos avançam. O número de doenças infecciosas têm crescido de forma expressiva nos últimos anos e se espalhado com a mesma facilidade em que as pessoas se locomovem pelo mundo. Com a ajuda do infectologista e professor da Ufes, Crispim Cerutti Júnior, listamos oito doenças do século XXI provocadas por vírus.
Vírus da família do filovírus, que circula no ambiente das florestas e que causa epidemias recorrentes no continente africano. Provoca uma doença hemorrágica grave e letal com transmissão por excreções e secreções. Devido à velocidade de deslocamento das pessoas, as epidemias africanas têm sido acompanhadas pela ocorrência de casos espalhados em outros países do mundo, o que levou a decretação de estado de emergência de saúde pública, de interesse internacional, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na década passada. De acordo com a OMS, a África Ocidental já ultrapassou a marca de 11 mil mortes provocadas pelo Ebola.
Os coronavírus são da família de vírus causadora de resfriados comuns, mas as formas genéticas circulantes em animais ao longo desse século foram transferidas para seres humanos causando a pandemia de SARS nos anos 2002 a 2004, e a síndrome do coronavírus do Oriente Médio (MERS - Cov). Esse último tem transmissão mais difícil, tendo permanecido restrito ao Oriente Médio desde 2012.
O ciclo natural do vírus influenza tipo A circula tanto nos homens, quanto nas aves, mas a diversidade de formas genéticas entre as aves é muito maior do que entre os seres humanos. Periodicamente uma forma que circula entre as aves é transferida para os seres humanos causando pandemias, em média, a cada 30 anos. A que teve mais impacto foi a gripe espanhola, de 1918 a 1920. E a pandemia de H1N1 mais recente é a de 2009, com epicentro no México. Causam preocupação as ocorrências de duas formas aviárias com acometimento de seres humanos localizadas, principalmente na Ásia, em anos recentes - a influenza H5N2 e H7N2. É uma doença comum entre os seres humanos, popularmente conhecida como gripe, porém as formas pandêmicas, se tratando de vírus novos entre os seres humanos, acometem mais pessoas e de forma mais grave. As formas pandêmicas de influenza localizam-sem em diferentes partes do mundo, a depender de onde há transferência do vírus das aves para os humanos.
Doença endêmica na Africa e America do Sul, foi introduzida na América a partir do tráfico de negros no século XIX. O local de ocorrência natural desse vírus é nos lugares de floresta do Brasil central e Amazônia, mas tem expandido sua localização nos últimos 20 anos. Isso provocou as epidemias que ocorreram na região litorânea de 2016 para cá. A forma urbana da doença não acontece no Brasil desde a década de 1930, já a forma silvestre tem se expandido, e é transmitida por mosquitos que ocorrem nas áreas florestais e acomete primatas não humanos que são sentinelas do surgimento das epidemias. A ação se deve ao contato mais intenso do homem com as área silvestres e alterações ecológicas, inclusive mudanças climáticas.
Vírus da mesma família do vírus da febre amarela, transmitido em áreas urbanas pelo mosquito Aedes Aegypti e responsável por epidemia no continente americano na última década. O efeito mais grave é a ocorrência de mal formações congênitas - principalmente a microcefalia -, podendo ainda causar em adultos uma manifestação relacionada à imunidade, chamada de Síndrome de GuillainBarré (SGB). Sua ocorrência na América se deve à proliferação do mosquito nas zonas tropicais do planeta, e aos deslocamentos internacionais de pessoas infectadas, uma vez que sua origem é no continente Africano e sua expansão inicial se deu para países da Ásia nas décadas de 1950 e 1960.
É semelhante ao Zica vírus, mas o vírus da Chikungunya está relacionada ao acometimento das articulações. Isso leva a uma doença subaguda que pode durar até três meses e em até 1/3 dos casos é uma doença crônica com anos de evolução de caráter incapacitante.
Também transmitida pelo Aedes Aegypti, se expandiu em anos recentes em função dos deslocamentos internacionais e da proliferação do mosquito. A origem da dengue é muito remota no continente africano. O sudeste da Ásia, ponto inicial de contágio humano, tem epidemias desde a Segunda Guerra Mundial. As mudanças ambientais trazidas pela guerra começaram a facilitar a proliferação e o contato do homem com o mosquito. Com a proliferação humana e o desenvolvimento dos países, a doença se espalhou.
Vírus da mesma família da dengue, febre amarela e zica, transmitida por mosquitos do gênero culex. Com ocorrência principal entre as aves, causando doença acidental em cavalos e seres humanos. Seu principal dano é sobre o sistema nervosos central, causando uma encefalite. Se expandiu no continente americano, a partir de mosquitos transportados em cargas que chegaram pelo porto de Nova Yorque em 1999. Em julho do ano passado, o Brasil registrou a primeira morte por febre do Nilo Ocidental, no Piauí.
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