Os primeiros tremores começaram quando ele tinha apenas 35 anos. Mas o diagnóstico só veio seis anos depois, como um baque para o publicitário capixaba Alex Fagundes. Ele tem Parkinson, uma doença que está no nosso imaginário como se afetasse apenas idosos.
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De fato, o Parkinson costuma aparecer em pessoas acima dos 60 anos. Ela é uma doença no cérebro, causada pela degeneração no sistema nervoso central, que prejudica principalmente a coordenação motora. É progressiva e não tem cura.
Casos em jovens são raros, mas existem. É a doença degenerativa mais comum em pessoas acima de 60 anos. Mas acontece com pessoas bem jovens também, afirma a neurologista Vanessa Loyola. O problema é que é muito difícil fechar um diagnóstico de Parkinson, sobretudo em pessoas muito jovens, diz a médica.
O neurocirurgião Erick Barcelos Borges concorda. No início, a pessoa pode ter uma manifestação motora leve que pode ser confundida com tremor essencial ou de ansiedade. Por ser jovem, não se espera que ela tenha Parkinson. E há pacientes que não tiveram tremor no início e outros até que nunca vão apresentar tremores. Podem ter outros sintomas não motores, como chamamos, como uma constipação intestinal ou um distúrbio do sono, que levam a uma demora no diagnóstico e retardam o início do tratamento.
TRATAMENTO
Para casos como o de Fagundes, afetado tão cedo pela doença, a medicina tem dado boas respostas. A medicação funciona dando alívio nos sintomas. Mas não muda a evolução da doença, e o paciente tende a ir necessitando de um aumento também nas doses do medicamento, diz Borges.
Em muitos casos, a cirurgia é indicada. Quanto mais jovem é o paciente, mais importante é o tratamento cirúrgico para preservar as funções dele. Esse foi o último grande avanço para a doença, mas é praticamente inacessível ainda. Mesmo os idosos podem se beneficiar da cirurgia, afirma o neurocirurgião.
O procedimento, segundo ele, consiste em implantar no peito do paciente um aparelho parecido com o marcapasso cardíaco. Ele é ligado por fios ao cérebro e vai levando estímulos elétricos às áreas responsáveis pelo movimento. Isso pode aliviar sintomas e até reduzir as doses do medicamento, explica.
Assim como qualquer paciente com Parkinson, Alex Fagundes se cercou de vários profissionais, mas acredita que o esporte tem sido essencial na luta contra a evolução da doença. Além do esporte, que os médicos pediram para eu não parar, faço terapia ocupacional para correção dos movimentos e isso tem que ajudado bastante, finalizou.
ENTENDA O DOENÇA
O que é
É uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. Nela, ocorre uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor. Na falta dela, o controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos.
Causas
Não há causa definida. Pode ter origem genética, mas há estudos que associam ao contato com toxinas do meio ambiente, a processos inflamatórios do cérebro e a algumas doenças virais.
Ligada ao envelhecimento
Com o envelhecimento, todos os indivíduos saudáveis apresentam morte progressiva das células nervosas que produzem dopamina. Mas algumas pessoas perdem essas células (e consequentemente diminuem muito mais seus níveis de dopamina) num ritmo muito acelerado e, assim, acabam por manifestar a doença.
Incidência
A maioria das pessoas tem os primeiros sintomas geralmente a partir dos 50 anos. Mas pode acontecer também nas idades mais jovens, embora os casos sejam mais raros. Um por cento das pessoas com mais de 65 anos tem a doença de Parkinson.
Estatísticas
Afeta cerca de 200 mil brasileiros.
Sinais
Os clássicos tremores não são regra. Podem aparecer ou não. Em geral, ocorre lentidão motora, rigidez entre as articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e tornozelo desequilíbrio. São os chamados sintomas motores da doença, mas podem ocorrer também sintomas não-motores como diminuição do olfato, alterações intestinais e do sono.
Tratamento
A doença é progressiva e não tem cura. Mas é tratável e geralmente seus sinais e sintomas respondem de forma satisfatória às medicações existentes. Há indicação de cirurgia para alguns casos.
Suporte
A terapia depende de equipe multiprofissional. Mas é muito recomendada atividade física regular, que pode ajudar a aliviar os sintomas, gerar bem-estar e combater a depressão, comum nos pacientes.
Fonte: especialistas entrevistados; Associação Brasil Parkinson e site do Hospital Albert Einstein
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