Cólicas fortes, menstruação irregular e dificuldades para engravidar. Esses são alguns dos sintomas que caracterizam a endometriose, doença do sistema reprodutivo feminino que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 180 milhões de mulheres no mundo, 6 milhões de brasileiras e cerca de 115 mil capixabas.
Março, que também é o mês da mulher, é o mês Mundial de Conscientização da Endometriose, o Março Amarelo. A doença se dá quando o endométrio, membrana que reveste a parede interna do útero, está fora da cavidade uterina. Fragmentos desse tecido vão parar em outras partes do sistema reprodutor feminino, como nos ovários, nas trompas etc.
A endometriose atinge os órgãos reprodutivos da mulher, como útero, ovários, trompas, além de intestinos, ureteres e a bexiga. Pode acometer o músculo diafragma, atingindo também a pleura e o pericárdio, que são membranas serosas que envolvem os pulmões e o coração. Quando a endometriose atinge o pericárdio pode causar derrame pericárdico e compressão do coração, alterando o seu funcionamento, explica a ginecologista Karin Kneipp Costa Rossi, especialista em endometriose e presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo (SOGOES).
Geralmente, a endometriose atinge mulheres que estão no período reprodutivo, e os sintomas podem aparecer desde a primeira menstruação, aumentando a intensidade com o passar do tempo. Após a menopausa o risco do aparecimento da doença é menor.
Segundo Hitomi Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), cerca de um terço das mulheres inférteis pode ter endometriose. Um dos grandes esforços que as sociedades médico-científicas têm feito é para que os diagnósticos sejam cada vez mais precoces, mesmo em adolescentes. Como a doença tende a evoluir a cada ciclo menstrual, uma das maneiras utilizadas para minimizar o processo é o bloqueio hormonal com suspensão dos picos hormonais e até da menstruação".
Os sintomas, cita a dra Karin Rossi, se manifestam com cólicas menstruais, dor pélvica crônica, dor na relação sexual (dispareunia), alterações do hábito intestinal (alternando períodos de constipação e diarreias e podendo apresentar dor ao evacuar), do trato urinário (com aumento do número de micções à noite e infecções urinárias de repetição) e infertilidade.
Não há como estabelecer precisamente as causas da doença. Fatores hereditários, toxinas ambientais, sistema imunológico comprometido ou alterações relacionadas à diferenciação de tecidos de origem embrionária podem estar associados aos distúrbios que podem resultar na endometriose.
De acordo com a dra Hitomi, embora seja uma doença benigna, isto é, não cancerosa, ela pode causar perda precoce da função ovariana e desencadear outros sintomas como dor e infertilidade que devem ser valorizados, além de depressão, problemas de relacionamento afetivo e dificuldades de ordem sexual.
Segundo a presidente da SOGOES, o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. Ou a combinação de ambos. Independente da modalidade terapêutica escolhida, o objetivo principal é o alívio da dor, a obtenção de gravidez e a prevenção de recorrências. "O ideal é buscar o tratamento assim que surgirem os primeiros sintomas", diz Karin.
Segundo Hitomi Nakagawa, da SBRA, caso o objetivo da paciente com endometriose seja engravidar, a reserva de óvulos e a ocorrência de outras causas que, por ventura, dificultem o casal ter filhos de maneira natural serão decisivas na orientação da abordagem.
Para os casos em que o componente de dor seja muito expressivo, a opção cirúrgica deve também ser avaliada como primeira opção.
A médica explica que técnicas de reprodução assistida (RA) aumentam as chances de realizar o sonho da maternidade porque proporcionam expressivos ganhos no que concerne à correção dos fatores que interferem com a fertilidade. Esse tipo de tratamento deve ser escolhido conforme a idade da paciente, o histórico familiar, o tempo de infertilidade, o grau da doença, as condições tubárias e dos espermatozoides.
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