A influenciadora Fabiana Justus, que está no tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA), teve a primeira alta do hospital. Ela compartilhou a notícia com os seus seguidores. "Em casa, obrigado meu Deus. Primeiro intervalo entre os ciclos para dar muita força para continuar o tratamento", escreveu.
Como dito pela influenciadora, é apenas um intervalo na hospitalização. O tratamento continua. O hematologista Douglas Covre Stocco explica que é muito comum que o paciente receba alta e volte para o tratamento, porque essa alta é hospitalar e não do tratamento. "Em geral, o paciente faz essa primeira etapa de tratamento internado, e depois que a medula óssea se recupera do tratamento, ele recebe alta, vai para casa, passa um tempinho em casa, um tempo curto normalmente, e volta para a segunda etapa de tratamento".
O primeiro ciclo é chamado de indução de remissão, ou seja, é uma quimioterapia mais forte e intensa, para tentar levar a medula óssea à normalidade novamente, tirando a doença e fazendo as células normais voltarem. Ele depende da idade do paciente e da perspectiva em relação ao transplante ou não.
"Mas, em geral, a gente usa uma quimioterapia de alta intensidade que vai levar a uma aplasia, ou seja, a uma queda na produção das células sanguíneas, que é profunda e dura. Isso quer dizer que a medula óssea demora até umas três semanas para se recuperar, por isso que, normalmente, a primeira etapa de tratamento envolve cerca de um mês de internação", explica o médico.
Neste período podem ocorrer infecções e o paciente pode precisar de suporte de UTI. Essa quimioterapia, normalmente, é realizada com dois remédios e é feita em fusão contínua de sete dias. "Eventualmente pode ser usado também alguns remédios novos, que são menos agressivos do que a quimioterapia, mas que a gente ainda não tem aprovação para amplo uso, no Brasil. No caso desses medicamentos, o que temos são estudos que mostram que essas drogas novas são bem promissoras nesse cenário, que a gente poderia usar, por exemplo, em caso de transplante", diz Douglas Covre Stocco.
Depois ocorre o período de consolidação, quando o tratamento pode durar entre quatro e cinco meses, e depois termina se ele não tiver que transplantar a medula. "Se o paciente tiver que fazer um transplante de medula óssea, vai depender do risco da doença voltar, então o paciente pode fazer um, dois ou três meses de quimioterapia, dependendo da disponibilidade de doador e da fila do transplante".
O médico conta que o grande problema do tratamento da LMA é o risco de infecção, principalmente nos primeiros meses de tratamento. "É a maior causa de mortalidade desses pacientes. De longe, é o que mais nos preocupa, porque infecções que seriam inofensivas ou que simplesmente não aconteceriam em pacientes normais, nesses pacientes acontecem com mais frequência e com mais gravidade".
A LMA é uma doença das células jovens da medula óssea, neste caso, dos blastos mieloides. “São essas células jovens que geram as demais células sanguíneas. A LMA acontece quando ocorre uma mutação que as impede de maturar e faz com que elas se multipliquem sem controle dentro da medula. É diferente das leucemias crônicas, que ocorrem em células maduras. É uma doença muito grave porque as células do sangue ficam doentes e o corpo fica sem defesa, suscetível às doenças”, diz o médico.
Ainda segundo o hematologista, não há como prevenir a leucemia mieloide aguda, já que os motivos que levam às mutações dentro da medula óssea ainda são desconhecidos. No entanto, é possível citar alguns fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do quadro, como passar por quimioterapias e radioterapias, a exposição a agrotóxicos e o tabagismo.
Fabiana Justus afirma que buscou ajuda médica após ter febre e sentir dores nas costas. De acordo com o médico Douglas, ambos podem ser sintomas da LMA, assim como outros.
“A febre é um sintoma comum, que está associado à presença de infecções. A dor nas costas nem tanto, mas pode ocorrer em função da expansão da medula óssea. O que acontece é que, como há substituição das células normais por células doentes, o corpo deixa de fabricar hemácias, plaquetas e células de defesa. Isso pode gerar anemia e, consequentemente, fraqueza, indisposição e sonolência. Também podem ocorrer sangramentos, hematomas pelo corpo e aumento do fluxo menstrual, além de ínguas. Em alguns casos, também pode afetar um órgão específico, formando uma massa dentro desse órgão”.
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