No último domingo (26), o pequeno Miguel, filho de cinco meses do sertanejo Cristiano, recebeu alta após passar por uma cirurgia no coração. O procedimento, realizado no dia 20 de novembro, foi necessário para tratar uma condição congênita conhecida como Tetralogia de Fallot.
A doença é caracterizada pela má formação do coração, que sofre com quatro alterações, entre elas a obstrução da via de saída do ventrículo e hipertrofia ventricular. De acordo com especialistas, essa patologia corresponde de 7 a 10% das anomalias cardíacas congênitas que atingem bebês — ou seja, está entre os distúrbios que se apresentam no nascimento, podendo ser identificados durante a gestação.
"É a doença cianótica mais comum entre os bebês. Cianose é quando o bebê tem o lábio roxo, a pele fica acinzentada, os dedos são mais roxinhos. A partir desses sintomas, você entende que tem algo de errado com a circulação, com a oxigenação do sangue do bebê. Das doenças que fazem isso, ela é a mais comum ao nascimento", explica a cardiologista Tatiane Emerich.
Como o próprio nome já diz, a Tetralogia de Fallot é caracteriza por quatro más formações no coração. Esse conjunto de anomalias limita a quantidade de sangue que é encaminhado ao pulmão para ser oxigenado. Os efeitos, de acordo com cardiologistas, são prejudiciais ao desenvolvimento do bebê.
"Para se desenvolver bem, o bebê precisa que a função cardíaca esteja normal. Se o bebê fica cansado quando vai mamar, não mama direito e também desenvolve insuficiência pulmonar e cardíaca. Ele vai se desenvolver mal e não vai ganhar peso e nem crescer", exemplifica Tatiane Emerich.
As quatro má formações são:
Como no caso do filho de Cristiano, o diagnóstico é feito ainda na gestação, ao longo do acompanhamento pré-natal. Durante as consultas regulares ao obstetra, a gestante é submetida a exames de rotina, como o ultrassom morfológico. Em casos de alteração desses exames, a paciente é encaminhada para um ecocardiograma fetal, teste utilizado para identificar possíveis doenças cardíacas.
"Atualmente, o diagnóstico é realizado ainda na vida intra uterina, por meio do ecocardiograma fetal. O exame nos permite programar o nascimento em um hospital terciário que conte com a equipe de cardiologia pediátrica para confirmação diagnóstica e definição de conduta a ser tomada, o que melhora significativamente o prognóstico destes pacientes", conta a cardiologista pediátrica Danielle Lopes Rocha.
Em algumas exceções, principalmente nas gestações que não contam com acompanhamento pré-natal, o diagnóstico pode ser feito de forma tardia. Nestes casos, o bebê pode apresentar sintomas como cianose (coloração arroxeada em boca, pés e mãos), fadiga e dificuldade para mamar, além de irritabilidade e desmaios.
"Nos casos onde o diagnóstico não é realizado durante o pré-natal, ao nascer, o recém-nascido apresenta cianose ao choro, além de sopro durante a avaliação clínica. Em pacientes com diagnóstico tardio, após o primeiro ano de vida, além da cianose, o paciente pode apresentar baixo ganho de peso, limitações nas atividades e, às vezes, desmaios", completa Danielle Lopes Rocha.
De acordo com as especialistas, o único tratamento para a doença é a cirurgia. Seja paliativa ou para correção definitiva, o procedimento é realizado após avaliação clínica, que definirá o tipo e em qual momento da vida será feito.
"O tratamento é cirúrgico e consiste na correção dos quatro defeitos. O corretivo conserta as quatro anomalias no mesmo tempo cirúrgico. Já o paliativo é realizado quando o paciente tem uma anatomia mais desfavorável e que o fluxo de sangue para o coração é pequeno", conta Danielle Lopes Rocha.
Quando as alterações são muito graves, muitas vezes esse bebê vai precisar realizar algum procedimento logo ao nascimento. Isso vai depender da anatomia e da gravidade.
Ainda que o tratamento seja a cirurgia e a vida siga normal, as cardiologistas destacam a importância do acompanhamento ao longo da vida. "Esses pacientes podem desenvolver, na fase adulta, novos sintomas e, eventualmente, necessitarem de outra abordagem cirúrgica. Por causa disso e porque não há tratamento medicamentoso, o paciente deve ser acompanhado para o resto da vida", finaliza Tatiane Emerich.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta