No último domingo, uma mulher de 26 anos morreu ao se engasgar com uma banana no bairro Castelo Branco, em Cariacica. A situação chamou atenção para outra questão: será que engasgar com a própria saliva é normal?
A otorrinolaringologista Priscila Tiussi Rodrigues explica que, embora a saliva seja um líquido produzido continuamente pela boca, em alguns casos, ela pode se desviar do caminho correto e entrar na traqueia em vez do esôfago. Apesar do desconforto, geralmente, o engasgo é inofensivo. No entanto, se ocorrer com frequência, é importante buscar ajuda médica para descartar qualquer condição que possa necessitar de tratamento.
O ato de engolir é um processo complexo que envolve a coordenação entre diferentes músculos e nervos. Quando essa coordenação falha, a saliva pode ser erroneamente direcionada para a traqueia, causando o engasgo, impedindo a passagem do ar, bloqueando a respiração. Essa obstrução pode ser parcial ou total e, em casos mais graves, pode necessitar de intervenção médica imediata. “Engasgar é um ato de reflexo e de defesa do organismo para proteger a via aérea da entrada de substâncias líquidas ou sólidas da boca vindas do processo de deglutição”, explica a professora do Unesc.
Isso pode acontecer durante o sono, ao falar ou rir enquanto se tem saliva acumulada na boca. Se o engasgo se tornar contínuo, pode ser um alerta de problemas subjacentes que precisam de avaliação de um especialista. Entre eles estão a disfagia - dificuldade de deglutição -, questões neurológicas, como a esclerose múltipla e a doença de Parkinson, que afetam os nervos e os músculos envolvidos no ato de engolir, o refluxo gastroesofágico, em que o ácido do estômago pode irritar a garganta e, ainda, condições respiratórias, como a asma ou infecções.
“Engasgos incessantes podem revelar, também, a presença de tumores na região da cabeça e pescoço”, enfatiza Priscila Rodrigues. Ela acrescenta que exames específicos podem determinar a causa dos engasgos e indicar o tratamento adequado.
Para prevenir o engasgo, segundo a especialista, é possível seguir algumas atitudes de relaxamento que podem diminuir a incidência dos episódios, como evitar falar ou rir excessivamente enquanto come ou bebe, mastigar calmamente e bem os alimentos, manter uma postura ereta ao comer. “Vale ressaltar que, em casos de condições médicas específicas, é necessário o tratamento adequado dos problemas que possam afetar a deglutição”, destaca.
Ao longo da vida, o engasgo se apresenta por conta de diferentes fatores. Priscila Rodrigues explica que os bebês, especialmente durante os primeiros meses de vida, são mais propensos a engasgar com a própria saliva devido à imaturidade do sistema de deglutição. É comum que engasgos ocorram quando eles estão aprendendo a coordenar a respiração e a deglutição.
Já em adolescentes e adultos, o engasgo com saliva ocorre geralmente de forma esporádica e não representa um problema de saúde significativo. Situações como falar rápido, rir muito ou dormir podem desencadear esses episódios. No entanto, nos idosos, os engasgos podem ser mais frequentes devido a fatores como a diminuição da força muscular e reflexos mais lentos, além da presença de algumas doenças.
“Algumas orientações, se seguidas diariamente, contribuem para evitar o engasgo. Entre elas estão beber água regularmente e em pequenas quantidades para manter a garganta lubrificada, falar pausadamente, especialmente quando sentir a boca cheia de saliva, e praticar a boa higiene bucal, evitando o excesso salivar devido a problemas odontológicos”, disse a médica.
Veja dicas de como agir diante de uma situação de engasgo com a saliva:
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