Por Bruno Loureiro em depoimento a Guilherme Sillva
"Eu tive muita sorte ou foi uma providência divina. É impossível, passar pelo que passei, e não acreditar que foi algo transcendental.
Sou agente da Guarda Municipal de Vitória e estava trabalhando na terça-feira de carnaval desse ano. Era um dia normal e muita gente aproveitava para se divertir na folia. Naquele dia, fazia dupla com um colega, e estávamos dando apoio a um bloco carnavalesco da cidade.
Por volta das 11h20, de repente, parei de falar. Por mais que tentasse, as palavras saíam todas emboladas. Não conseguia articular as palavras e frases.
Meu colega me levou para um hospital, onde não pude ser atendido, e depois para um pronto atendimento. Na primeira abordagem o diagnóstico foi pico de estresse.
Fiquei em observação. Eu conhecia os sinais AVC, mas jamais imaginei que estaria tendo um acidente vascular cerebral. Porém, em determinado momento, percebi que as palavras estavam embaralhadas e não conseguia fazer a leitura das mensagens no meu celular.
Também sou professor de inglês. E minha esposa estava fazendo um curso no Canadá. Sabendo da minha ida ao hospital, ela me enviou uma mensagem em inglês. Entendi perfeitamente. A partir desse momento comecei a conversar em inglês com o meu colega de trabalho. Os médicos acharam muito estranho.
Bruno Loureiro
Agente da Guarda Municipal
"No hospital, quando conversava com as pessoas, eu não entendia as mensagens em português, somente em inglês"
Depois, na conversa com o médico, ele percebeu que a primeira língua (o português) estava comprometida. E após os exames diagnosticaram que eu tinha tido um AVC isquêmico.
Passei por uma trombectomia mecânica, procedimento minimamente invasivo que pode desobstruir as artérias do cérebro. Fiquei 27 dias internado. Quando saí do hospital tive acompanhamento fonoaudiológico por conta de uma pequena ruptura na fala. Nas semanas seguintes, tudo voltou ao normal. Às vezes tenho que dar um tempo para lembrar algumas palavras, mas fiquei sem nenhuma sequela.

Pratico artes marciais desde jovem, por isso o jiu-jitsu foi meu aliado no processo de recuperação. Mas claro que peço para os colegas pegarem leve na aplicação de técnicas na cabeça. Necessito de um cuidado maior.
Continuo trabalhando como agente da Guarda Municipal e também como professor de inglês. E também faço diversos exames para investigar e tentar descobrir a causa do AVC. Eu era muito mais cético ao espiritual. Hoje tenho outra compreensão. É difícil não acreditar que não foi algo transcendental".
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