Durante o verão, é comum os casos de dengue se tornarem mais frequentes. O Espírito Santo enfrentou uma explosão de dengue em 2023, com 98 mortes confirmadas. De acordo com informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), foram 191.131 casos acumulados, contra 20.929 de 2022.
A incidência foi de 4.702,97 casos por 100 mil habitantes entre 1 de janeiro e 30 de dezembro. Para se ter ideia, o nível considerado alto pelo Ministério da Saúde é a partir de 300 casos por 100 mil habitantes. Uma projeção feita pelo Ministério da Saúde, prevê um aumento de casos para esse ano e coloca o Espírito Santo e Minas Gerais em alerta para uma epidemia de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – que incluem, além da dengue, zica e Chikungunya.
A infectologista Martina Zanotti, do Vitória Apart Hospital, explica que é no verão que os casos costumam aumentar. “O risco de epidemia existe por termos apresentado muitos casos em 2023. Nessa época do ano, devido ao calor e as frequentes pancadas de chuva, a proliferação do mosquito acontece de forma mais rápida, com um ciclo mais curto. As chuvas permitem a proliferação do mosquito e o aumento de casos, a disseminação acontece por termos mais mosquitos infectados”, esclarece.
O aumento no número de casos ao longo do ano passado se deve a dois fatores principais: as mudanças climáticas e o ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil. “O clima tem forte influência no aumento de casos da dengue. Devido ao fenômeno El Niño, temos enfrentado mais calor e chuvas intensas, o que favorece a proliferação do mosquito. Também tivemos o ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil (antes estavam em circulação somente os sorotipos 1 e 2), e isso faz com que as pessoas fiquem mais suscetíveis a pegar a doença. Após pegar a doença pelo sorotipo 1 ou 2, a pessoa fica imune aquele sorotipo. Se surge um sorotipo que muitas pessoas ainda não pegaram, teremos mais gente doente e, com isso, mais casos graves”, afirma a infectologista.
A dengue é uma doença infecciosa febril, caracterizada principalmente por febre alta de início rápido. Existem quatro tipos do vírus da dengue e eles são basicamente a mesma coisa em termos de transmissão e quadro clínico. "O maior perigo da dengue é a segunda ou a terceira infecção. As próximas infecções tendem a ser mais graves do que aquele indivíduo que adquire pela primeira vez a doença. Tivemos o ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil, e isso faz com que as pessoas fiquem mais suscetíveis a pegar a doença. Após pegar a doença pelo sorotipo 1 ou 2, a pessoa fica imune àquele sorotipo", explica Martina Zanotti.
O infectologista Lorenzo Nico Gavazza, da Rede Meridional, conta que os principais sintomas são dor no corpo, dor nas articulações, febre (geralmente alta), dor de cabeça (principalmente atrás dos olhos), náuseas e manchas avermelhadas no corpo.
"Geralmente, o quadro clínico da dengue não dura mais do que sete dias, porém, quando há complicações este tempo pode prolongar de acordo com cada caso", diz Lorenzo Nico Gavazza. O médico conta que segundo o protocolo do Ministério da Saúde, a dengue é considerada de maior gravidade quando apresenta sinais, sintomas e alterações laboratoriais que oferecem maiores riscos à vida do paciente. "Como os sinais de sangramento, a queda da pressão arterial, a disfunção de órgãos e a diminuição do número de plaquetas. Essas são indicações de busca imediata de atendimento médico de urgência".
A dengue não tem um tratamento curativo específico. Ele é realizado através de medidas de suporte como hidratação, seja por formulações de soro oral ou hidratação venosa, analgésicos e medicamentos que combatem os sintomas, conforme cada quadro, o que possibilitará o combate e eliminação do vírus pelo organismo do paciente.
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