Em pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 15,1% das brasileiras possuem saúde financeira ruim, enquanto que, no universo masculino, esse número é de 8,3%.
Essa pesquisa trata-se de um estudo nacional realizado com cerca de 5 mil pessoas, em 2020, guiado pelo Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB), indicador desenvolvido pela Febraban, em parceria com o Banco Central do Brasil, que demonstrou também que 53,6% das brasileiras apresentam saúde financeira abaixo da média nacional, vivendo com gastos acima da renda, sem dinheiro no final do mês e se sentindo incapazes de perceber quando precisam de orientação financeira.
Há uma condição histórica que explica parte desse cenário, pois, desde os primeiros movimentos organizacionais da sociedade, a predominância sempre foi masculina. Do último século pra cá, as mulheres vêm ampliando sua participação na sociedade e no mercado de trabalho, mas ainda há muitos desafios a serem vencidos, e falar de dinheiro é um deles. E por que as mulheres precisam falar sobre finanças?
Ainda reproduzimos modelos estereotipados de conduta masculina e as disparidades entre os homens e as mulheres, ao longo da vida, impactam diretamente na independência financeira do gênero feminino, como por exemplo os conflitos entre trabalho e família, cujos papeis do homem e da mulher ainda são bastante diferentes, além de menor renda e empregos de qualidade inferior.
Soma-se a isso o fato de que a maioria das mulheres nunca aprendeu como administrar as finanças devido ao tabu que ainda existe em se falar sobre “dinheiro”, dificultando a identificação sobre onde e como começar a tomar melhores decisões financeiras.
Daí a importância de falar sobre finanças para esse público específico, entendendo as disparidades existentes, a realidade atual e as necessidades das mulheres em relação ao tema, pois é fundamental que as mulheres entendam o quanto elas são capazes de cuidar do seu próprio dinheiro.
Dentre as iniciativas relevantes que contribuem para a redução do gap de conhecimento financeiro entre os gêneros, estão os programas de educação financeira e a customização de produtos e serviços para o público feminino, com foco em aumentar o engajamento das mulheres com planejamento financeiro pessoal e apoio financeiro para empreender.
Há diversas iniciativas, como programas e plataformas de educação financeira, com conteúdo exclusivo para mulheres, além de ações de instituições financeiras com linhas de crédito específicas para o público feminino, garantindo condições diferenciadas para mulheres empreendedoras.
Nesse sentido, é importante ressaltar que o empreendedorismo feminino contribui para o desenvolvimento econômico e para a geração de empregos, mas especialmente para a transformação das relações sociais, pois na medida que as mulheres alcançam a autonomia financeira, não precisam mais se submeter a relacionamentos abusivos e violentos, pois deixam de depender de outras pessoas para se sustentar.
Na maioria dos lares, a mulher é o eixo da família e, ao possuir o conhecimento necessário e cuidar das suas finanças, também se torna agente transformadora da sociedade, por meio de educação de seus filhos e de escolhas inteligentes sobre as suas finanças.
Quebrar esse tabu de falar sobre dinheiro vai além da independência financeira, é também uma forma de empoderamento e autonomia para as mulheres.
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