Cravada na história dos brasileiros como um símbolo de segurança e confiabilidade, a Poupança é o produto de investimento mais popular do Brasil. Ela foi criada por ninguém menos do que o imperador Pedro II, em 1861, através da Caixa Econômica Federal, com os mesmos juros de 6% ao ano que perduram, de certa forma, até hoje.
Na época, a Poupança era garantida pelo próprio governo imperial, e sua criação possibilitou que pessoas de baixa renda tivessem acesso a um instrumento confiável para que pudessem juntar suas economias. Passados mais de 160 anos, devemos reconhecer que o mercado financeiro mudou muito e, hoje, temos acesso a muitos outros instrumentos confiáveis, mas a predominância da Poupança ainda é uma realidade.
A primeira questão para se entender é que a Poupança nos dias atuais não tem nenhuma segurança diferenciada, comparada com muitos outros investimentos conservadores disponíveis nos Bancos ou nas corretoras.
A garantia é da instituição financeira emitente (e não mais do Governo Federal), e portanto está no mesmo patamar de risco que os recursos em conta corrente ou em CDBs (Certificado de Depósito Bancário) da mesma instituição. Tanto a Poupança, quanto a conta corrente e os CDBs, possuem a mesma cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Se a Poupança for de um grande banco, a garantia (em tese) é maior, proporcional à solidez do emitente. Se for de um banco pequeno, e que eventualmente tenha um risco maior, este risco também será da Poupança. Ela se torna, neste caso, um instrumento de menor segurança, proporcional ao risco do banco.
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Se o banco tiver dificuldades, ou eventualmente vier a quebrar, a poupança terá o mesmo tratamento de outras aplicações bancárias, colocando o recurso do investidor em risco. E o Governo não tem a obrigação a intervir, como muitas pessoas pensam.
A alternativa para os investidores conservadores é a aplicação em títulos públicos federais, via fundos ou de forma direta, pelo Tesouro Direto, por exemplo. Esses títulos, sim, são garantidos pelo Governo, o que não faz com que sejam isentos de risco. Neste caso, o investidor está sujeito ao próprio risco-país, e se o Brasil quebrar e não honrar o pagamento de sua dívida, isso pode afetar os investimentos das pessoas em títulos públicos.
A questão é que teoricamente o Governo Federal é o último a quebrar, e os Bancos têm mais risco, cada um em sua especificidade. A Poupança está nesse segundo degrau, abaixo dos títulos públicos em relação à segurança.
Por ser um produto que sempre foi e continua sendo voltado para pequenos investidores, algumas vezes as instituições financeiras fazem da Poupança um benchmark ruim, e nivelam por baixo as outras alternativas de investimentos.
Como ela rende pouco, e só paga rendimentos a cada 30 dias, é daí que nascem os fundos de renda fixa com taxas de administração extorsivas e CDBs com rentabilidade baixíssima.
É importante lembrar que nem todos os Bancos e corretoras penalizam o pequeno investidor desta forma. Há alguns players que são instituições fortes e reconhecidas e oferecem condições melhores e muito mais democráticas de acesso a rentabilidades melhores que a da Poupança.
O Tesouro Direto é uma boa alternativa. Mas para isso o pequeno investidor vai precisar pensar fora da caixa, pesquisar e procurar saber. Mudar de banco ou de corretora, talvez.
Portanto, é um mito que a Poupança é o investimento mais seguro. Isso é algo que está na história do brasileiro e mesmo assim é um tanto incompreensível, já que a Poupança foi objeto de um traumático bloqueio de recursos na década de 1990 por parte do Governo. O fato é que, olhando mais de perto, há muitas opções mais rentáveis e que possuem tanta segurança ou mais do que a velha caderneta.
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