Segundo o IBGE, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 1,62% em março de 2022, mostrando que a inflação brasileira está muito pressionada e bastante disseminada em toda a economia.
Já no item Alimentação e Bebidas, o índice foi de 2,42% neste mês. Se considerarmos o acumulado nos últimos 12 meses, o subitem Alimentação em Domicílio está em 13,73% ao ano contra 11,30% do índice geral. Na Grande Vitória, especificamente, este subitem teve alta de 16,97%. É por isso que estamos sentindo no bolso o aumento dos preços dos alimentos no nosso dia a dia.
Há diversas explicações para o que vem ocorrendo. Primeiramente, é importante lembrar que inflação alta, neste momento, é um fenômeno de alcance mundial. Até países desenvolvidos vem experimentando taxas muito acima de sua média histórica.
No caso dos alimentos, a demanda é razoavelmente inelástica, ou seja, todos precisam comer, e essa necessidade de suprimentos alimentícios aumenta organicamente conforme o crescimento da população e o grau de desenvolvimento econômico. A demanda por determinados itens pode variar ao longo do tempo, mas os costumes e desejos da população tendem a mudar de forma gradual.
No lado da oferta, ou da produção de alimentos, é que mora o problema. Mudanças abruptas são muito mais comuns. Desde o início da pandemia, a economia mundial tem experimentado quebra de cadeias de produção em diversos setores, incluindo alimentos.
Por conta da guerra na Ucrânia, a produção de alguns grãos como o trigo e o milho foram diretamente atingidos, e impactaram diversos outros itens alimentícios que são correlacionados.
A alta do petróleo e da energia em geral também encarece os transportes e os fretes, e até o dólar tem sua parcela de contribuição. Essa é a tempestade perfeita, e os preços sobem inevitavelmente, porque a produção (ou oferta) não atende à demanda.
No caso dos alimentos, ainda há riscos ligados à quebra de produção por desastres, crises econômicas, pragas e efeitos do aquecimento global, como falta ou excesso de chuvas e alterações na temperatura. E dessa forma, além da pressão global sobre preços dos alimentos por uma questão de conjuntura econômica, alguns produtos podem sofrer aumento de preços de forma específica, sem contar a sazonalidade esperada decorrente dos períodos de safra.
SUBSTITUIÇÕES
Do ponto de vista econômico, uma das mais importantes armas que o consumidor possui é a substituição. Se a necessidade de alimentação é permanente e a nossa demanda não muda, evitar os itens mais caros e procurar substituir por alimentos que têm preços mais em conta é um grande desafio, mas talvez seja a única alternativa. E para isso, pode ser necessário abrir mão de alguns costumes e, por que não, implantar novas práticas.
Segundo a nutricionista Clara Maria Nunes, os produtos da safra são a melhor alternativa de se buscar economia, pois a tendência é que estes alimentos que estão na safra sejam mais baratos e mais saudáveis, porque ao serem plantados e colhidos no tempo ideal, é menor a necessidade de uso de agrotóxicos.
Também é possível substituir a carne vermelha, mais cara, por outras carnes brancas, mais baratas e mais saudáveis por serem mais magras, além dos ovos.
Ainda é possível, segundo Nunes, optar por proteínas de origem vegetal, presentes em diversos tipos de alimentos, como as leguminosas (grão de bico, feijões, ervilhas, lentilhas). Ela assinala que a troca da proteína animal por vegetal não constitui uma substituição nutricional perfeita, tendo a proteína vegetal maior presença de carboidratos de uma forma geral, sendo o ideal, neste caso, que haja acompanhamento nutricional.
Nunes orienta para que haja menos alimentos industrializados no carrinho de compras, já que os alimentos naturais tendem a ser mais baratos e muito mais saudáveis.
Os industrializados, pelo processo que sofreram, são mais fáceis de consumir e demandam menos trabalho de preparação. Por isso, tornam-se preferidos no dia a dia pela praticidade, mas em termos de custo, não são o ideal. No caso dos naturais, é preciso gastar mais tempo na cozinha para deixá-los prontos para consumo, mas ainda sim pode ser uma fórmula mais econômica.
Pelo preço de alguns itens industrializados, que podem entregar pouco do ponto de vista nutricional, é possível trazer uma sacola mais cheia da feira livre, por exemplo.
A nutricionista ainda lembra que os industrializados, por serem menos saudáveis, podem gerar gastos adicionais na saúde, no médio e longo prazo, o que também tem a ver com qualidade de vida e bem-estar.
Modificar hábitos, procurar alternativas, pesquisar, abrir mão de determinadas premissas e iniciar novos costumes. Fácil não é, mas em tempos de dificuldades pode ser necessário. E benéfico, se pudermos substituir com ganhos na nutrição e na saúde.
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