A Bolsa de Valores brasileira tem hoje 1,18 milhão de investidoras. Nós, mulheres, somos 23,5% do total de CPFs registrados na B3. Menos de um quarto. A representatividade ainda é pequena, mas vem crescendo muito nos últimos. A presença de mulheres investidoras na bolsa cresceu 40% de dois anos para cá, e a presença masculina cresceu mais, em torno de 60% no mesmo período.
Esses números estão no relatório da B3 divulgado em fevereiro, mês passado. O Estado brasileiro que tem maior representatividade feminina na Bolsa de Valores é o Distrito Federal, com 25,9% de participação. O Amazonas está na última colocação, com 21,6%. O Espírito Santo está na média: 22,2% dos investidores em bolsa são mulheres.
Em termos absolutos, os Estados que têm maior número de mulheres na B3 são, nesta ordem: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Mas São Paulo ganha de lavada dos demais estados quando o assunto é mulher na bolsa, o Estado tem 465.924 investidoras, quase metade do conjunto nacional.
Quanto elas têm aplicados na Bolsa? A representatividade feminina é baixa na B3, mas o saldo médio em R$ investido não é tão distante quando comparado ao valor do investimento feito pelos homens. No Rio de Janeiro, as mulheres têm R$ 139 mil investidos na B3, e os homens 3,5% a mais. Em Minas Gerais, a diferença é discrepante, os homens têm saldo médio investido 37% maior do que as mulheres.
E o que as mulheres guardam na carteira? Bom, elas têm diversificado mais. Em 2016, 75% das investidoras na B3 possuíam apenas ações. Hoje, esse número é de 42%. As mulheres passaram a comprar também cotas de fundos, em especial dos FIIs (Fundos Imobiliários), e também as chamadas BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados de empresas internacionais como Apple e Amazon.
O Brasil vive hoje um movimento que chamamos de Financial Deepening, que na tradução literal para o português significa aprofundamento do mercado financeiro. Há uma explosão de CPFs na bolsa doméstica. A B3 tem hoje 4,2 milhões de investidores únicos na bolsa, que investem R$ 501 bilhões em ativos negociados. Só no último ano, em 2021, a B3 captou 1,5 milhão de novos investidores. O interesse pela B3 tem crescido.
O Financial Deepening é um conceito que envolve a diversificação dos agentes ofertantes de crédito (fintechs, por exemplo); mais iniciativas que estimulam a educação financeira; migração de investidores da poupança para a bolsa. É um movimento que sinaliza mais maturidade do mercado financeiro.
A explosão de CPFs veio também associada à explosão de IPOs (ofertas públicas iniciais), evento de abertura de capital por uma empresa na bolsa. A Bolsa também atraiu CNPJs interessados em financiamento para expansão. Em 2021, a B3 bateu recorde de IPOs: foram 40 estreias na bolsa, como a da Raízen e da Intelbras.
O resultado de tudo isso é que o mercado financeiro não está comendo poeira e corre a galope. Mais educação financeira, mais possibilidade de crédito, mais consciência de investimento. Agora, cabe também ter mais representatividade. Bora, mulher, fazer isso acontecer.
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