O ano novo inaugura uma nova era da renda fixa. Ela deu a volta por cima, soberana entre os investimentos, impulsionada por uma inflação de custo e por um câmbio real-dólar desfavorável. Oficialmente, voltamos aos tempos em que títulos emitidos pelo governo aparentam ter mais atratividade do que investimentos em renda variável.
O Ibovespa, índice com as ações de maior liquidez na B3, bolsa brasileira, não vai muito bem, a instabilidade política é grande, e o mercado tenta antecipar o próximo presidente e precificar essa escolha.
Doze meses atrás, a Selic estava em torno de 2% ao ano. Hoje, beira 9,25% ao ano. E entrará 2022 com dois dígitos. Com isso, a rentabilidade da renda fixa se torna promissora, há uma migração dos investidores da Bolsa de Valores para os títulos do Tesouro Direto. Comprar títulos públicos é uma forma de financiar o Estado, a iniciativa pública. Comprar ações em Bolsa é uma forma de financiar a iniciativa privada.
Um exemplo ajuda a esclarecer o comportamento da renda fixa. O Tesouro Prefixado 2024, com vencimento em julho de 2024, é considerada uma aplicação de curto prazo. A rentabilidade anual dele está em 10,79% ao ano, e bastam R$ 30,88 para investir. O mesmo Tesouro Prefixado, porém com vencimento em 2026, tem rentabilidade de 10,53% ao ano. Isso sinaliza que o mercado espera um crescimento acentuado de curto prazo nos juros.
Uma simulação no site do Tesouro Direto* mostra que se você investir R$ 1.000,00 hoje terá em julho de 2024: R$ 7.698,90 no CDB (Certificado de Depósito Bancário, títulos privados de renda fixa); ou R$ 8.111,37 no Tesouro Prefixado 2024. O CDB é um título que não tinha muita atratividade lá em janeiro de 2021. Agora performa melhor.
Consequência da alta da Selic: bom para o investidor de renda fixa, ruim para o tomador de crédito. A Selic em alta encarece os financiamentos, de todo tipo, inclusive os imobiliários. Ajunção entre uma forte procura por imóveis acima de três quartos durante a pandemia e aumento no custo do crédito deve engessar o mercado imobiliário e afastar a possibilidade de compra de uma casa própria no curto prazo. A ver.
Consulta feita em 15/12/2021.
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