Os últimos seis meses foram muito importantes para o mercado de capitais brasileiro e, por si só, foram uma aula de finanças corporativas. No auge do ciclo de flexibilização monetária, com a taxa de juros nas mínimas e a bolsa de valores nas máximas, o número de novas empresas oferecendo ações de suas companhias no mercado explodiu.
Num processo conhecido pela sigla americana IPO (initial public offer), as empresas aproveitaram o momento positivo para captar recursos, fortalecer suas estruturas de capital e fomentar iniciativas de crescimento.
Como no Brasil as mudanças acontecem de maneira repentina, com o aumento da inflação muito acima do esperado, as taxas de juros de mercado precisaram subir, e a janela para captação de recursos através de ofertas públicas em ações se fechou.
Desde o último trimestre do ano a dinâmica de interação das empresas com o mercado mudou, mesmo que a necessidade de financiamento para sustentar o crescimento não tenha diminuído. Num ambiente em que os juros voltam a subir e a atratividade dos investimentos ligados à renda fixa volta a aparecer, a solução para o problema das empresas precisou vir de outra parte do balanço patrimonial das companhias, o passivo.
Gosto de lembrar que os CFOs (diretores financeiros) das empresas têm duas decisões básicas a tomar todos os dias pela manhã: pego dinheiro emprestado ou vendo uma parte do meu negócio?
Essa decisão elementar talvez seja uma das mais importantes de todo o mundo empresarial, uma vez que a estrutura de capital (relação entre dinheiro próprio e endividamento) define o nível de retorno sobre o investimento de cada um dos acionistas.
Por conta do aumento da taxa básica e a menor atratividade das ofertas de ações, o mercado de ofertas públicas privadas de renda fixa roubou todos os holofotes. Os chamados títulos privados voltaram a aparecer como uma alternativa interessante para as empresas e são esperadas muitas ofertas nesse primeiro semestre do ano.
A mensagem que fica para todos é de que essa janela será de muitas oportunidades para quem tem interesse em reforçar a parte de renda fixa da carteira, bem como diversificar o portfólio.
Certamente surgirão oportunidades em títulos lastreados na inflação, no CDI e títulos pré-fixados, aproveite para diversificar entre os diversos emissores (tentar manter no máximo 3% do patrimônio total em cada empresa) e diversos prazos possíveis. Tenha títulos mais longos (5 a 10 anos) para a parte do seu recurso reservada para longo prazo e títulos mais curtos (1 a 5 anos) para aquele pedaço que pretende usar por agora.
Aproveitem, porque o mercado é cíclico. Hoje estamos passando por um momento de euforia nas ofertas de renda fixa, assim como vivemos no último ano a euforia na renda variável. Estamos no Brasil e não me surpreenderia se essa realidade se alterasse completamente nos seis meses que estão por vir.
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