Os mercados mundiais de ações e de commodities, especialmente o petróleo, têm estado agitados nos últimos dias. E a causa não poderia ser diferente: a possibilidade de estresse no cenário econômico com a escalada militar entre Rússia e Ucrânia.
Na segunda-feira (21), quando os mercados estavam fechados nos Estados Unidos Presidents Day o presidente russo, Vladimir Putin, discursou na televisão tratando da proximidade histórica e geográfica entre Rússia e Ucrânia.
Neste quesito, Putin foi claro ao indicar que vai usar os meios necessários, especialmente os militares, para manter a Ucrânia na órbita russa e impedir sua aproximação com o Ocidente e, principalmente, a adesão ao acordo de cooperação militar da Otan.
É nesse contexto que tropas russas foram enviadas para pacificar as regiões separatistas da Ucrânia: Donetsk e Lugansk. A partir daí, a volatilidade dos mercados tem sido frequente.
Quais são os impactos para os mercados:
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01
Preços do petróleo dispararam
Os contratos futuros para abril do barril de petróleo do tipo Brent subiram 3,6%, para US$ 98,83 o barril. Curiosamente, é o nível mais alto desde os US$ 114,00 de maio de 2014, coincidentemente a data da invasão russa à Crimeia.
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02
Fornecimento de gás
Na madrugada de terça-feira (22), Putin tentou dissipar um pouco da tensão ao declarar que o fornecimento de gás para a Europa não será interrompido. Isso é relevante, pois a economia alemã depende do gás russo para funcionar e não há um fornecedor alternativo.
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03
Produção e exportação de alimentos
Os dois países são grandes produtores e exportadores de alimentos. Combinados, eles representam cerca de 29% do comércio mundial de trigo. A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de grãos e óleos vegetais e um importante exportador de milho. Os preços já refletem o temor do mercado de uma interrupção na produção.
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04
Produtividade agrícola
A Rússia é um dos maiores exportadores de fertilizantes do mundo e eventuais sanções econômicas de outros países podem reduzir o fornecimento. Com isso, a produtividade agrícola vai piorar, com pressão adicional sobre os custos.
Todos esses fatores apontam para uma direção: os preços dos alimentos e da energia deverão subir. Ou, pelo lado mais otimista, permanecerão elevados nos patamares atuais por algum tempo.
O que fazer? Em termos globais, petróleo e comida mais caras sustentam uma elevação nos índices de inflação, o que justificaria um endurecimento das políticas monetárias.
O Federal Reserve (Fed), banco central americano, já avisou que os juros vão subir. O Banco Central Europeu (BCE), que regula as taxas de juros na zona do Euro, permanece dizendo que será tolerante com a alta de preços. De qualquer forma, uma alta prolongada nos índices europeus que estão em seus níveis mais altos em décadas, pode fazer a instituição mudar de ideia.
A resultante de tudo isso é um cenário de inflação mais alta devido às commodities e à energia. Isso é algo ruim, mas que pode oferecer oportunidades para o investidor brasileiro em bolsa, haja vista a importância desses setores no pregão.
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