Ultimamente, o Fluminense tem me dado mais alegrias do que a economia brasileira. O consenso para o crescimento econômico brasileiro no ano de 2022 se aproxima cada vez mais do zero. Boa parte dos economistas, me incluo aqui, acreditam que a economia brasileira pode reeditar mais um ano sem crescimento econômico acima da inflação e existem diversas razões para explicar isso.
Em primeiro lugar, o país nos surpreendeu com uma taxa de crescimento de mais de 4% em 2021 impulsionado pelos diversos estímulos econômicos empreendidos pelo banco central. Em 2020 e em 2021 vimos um estímulo monetário e fiscal sem precedentes e o reflexo imediato disso foi visto no nosso PIB.
Na maioria das vezes em que a economia reage a estímulo externo (estado) existem efeitos colaterais que podem emergir, e no nosso caso não será diferente. Caso as condições atuais se mantenham, podemos esperar um arrefecimento na nossa trajetória de crescimento de curtíssimo prazo. Gosto de pensar o estímulo como o acelerador de um barco, que assim que é retirado abruptamente provoca uma desaceleração mais forte.
O desafio nas principais economias mundiais é o mesmo, o FED (banco central americano) busca retirar estímulos de maneira gradual e espera acomodar as taxas de crescimento. É um desafio enorme e só saberemos se será bem-sucedido no fim do ano.
Outro fator que não vai facilitar a vida dos brasileiros em 2022 é a continuação de uma taxa de inflação (aumento do nível de preços) mais alta do que o esperado. O preço das commodities, energia elétrica e escassez de uma série de matérias-primas faz com que o preço da maioria dos produtos continue subindo e provoque desabastecimento. A inflação é um fenômeno mundial e o brasileiro vai precisar conviver com ela por mais alguns meses, no mínimo.
E a cereja do bolo são as eleições. Mais uma vez temos um cenário binário, com duas plataformas de governo bem distintas. A incerteza com relação à condução da política econômica do país afasta e posterga investimento e corrobora a tese de baixo crescimento.
Para finalizar, no caso da economia brasileira, não esperamos um gradualismo na diminuição do crescimento como na economia americana. Somos um país exportador de alimentos e materiais básicos, que vive uma taxa de desemprego e endividamento altos. A volatilidade característica de um país emergente nos faz esperar mais um ano zerado.
Assim como no futebol, não dá pra cravar o resultado, mas esse ano tem cara de empate!
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