Conflitos geopolíticos, eleições presidenciais no Brasil, pressão inflacionária no mundo, persistência da pandemia e riscos de novas variantes da Covid. É claro que existe um horizonte de incertezas econômicas para 2022.
Sabemos que sempre haverá eventos que afetam a economia e os investimentos e, em uma carteira de investimentos bem planejada, deverá sempre existir uma proteção, uma “estrutura” para eliminar ou mitigar o impacto dos eventos imprevisíveis. Em 2022, o cenário mais intenso de incertezas já está dado, portanto a “estrutura de proteção” precisa de reforço.
Como consolidado de todos os eventos previstos, temos como principais riscos identificados as altas nos índices de inflação e nas taxas de juros, no Brasil e no mundo. Assim, uma carteira de investimentos deve conter ativos que protejam a carteira dos riscos mapeados. Ativos que acompanham a inflação e taxas de juros ganham relevância nesse cenário.
Na renda fixa, temos os títulos indexados à inflação, que são títulos que possuem rentabilidade acumulada de acordo com a inflação do período. Dessa forma, caso a inflação supere a expectativa, o investidor terá uma maior rentabilidade e assim terá preservado seu poder de compra. Resumindo, em um cenário generalizado de aumento de preços, o investidor tem a certeza de que seu patrimônio aumentará na mesma proporção.
Para proteção contra a alta de juros, temos também na renda fixa os títulos pós fixados indexados ao CDI. A rentabilidade nesses papéis acompanha diretamente a taxa básica de juros da economia. Em um cenário de alta de juros, temos um ganho de rentabilidade nesses papéis. De forma semelhante aos títulos indexados à inflação, temos aqui os CDBs pós fixados, títulos públicos pós fixados, títulos de crédito privado pós fixados, entre outros.
Já na renda variável, temos no setor imobiliário também uma proteção contra a inflação, já que imóveis geralmente têm seus contratos ajustados de acordo com um indicador de aumento de preços. Ademais, os valores de mercado dos imóveis em geral acompanham o IGPM, conhecido também como a “inflação dos imóveis”. Os fundos imobiliários (FIIs), portanto, auxiliam nessa proteção da carteira contra a inflação, já que investem exclusivamente nesse setor.
Ainda na renda variável, acreditamos na exposição ao setor de comodities como uma estratégia de defesa em relação à inflação. O recente conflito entre Rússia e Ucrânia tem gerado uma alta nos preços de comodities em todo o mundo, que ainda sofre efeitos dos choques de oferta gerados pela pandemia.
Já temos visto em todo o globo uma disparada nos índices de comodities. O ICB B3, principal índice de comodities de bolsa brasileira, já acumula alta em torno de 25% em 2022. E não sabemos com precisão até que ponto essa alta se limitará. Se por um lado podemos ter uma corrosão no poder de compra em consequência das altas de comodities, por outro podemos ter uma valorização nas empresas produtoras de comodities, atuando como um “contra-peso” na carteira em um cenário de inflação elevada.
Já na parte investimentos alternativos, temos como proteção um dos mais antigos ativos da história: o ouro. O ouro é sempre um investimento que busca trazer segurança em períodos de maior incerteza econômica e, por isso, sempre tende a uma valorização em períodos de crise. Desde a confirmação da invasão da Ucrânia pela Rússia, vimos uma valorização de 10% no preço desse ativo. Quanto mais risco na economia mundial, maior a tendência de valorização do ouro, exercendo um papel de reforço na “estrutura” de proteção da carteira.
Por fim, não temos como prever com precisão os desdobramentos econômicos e políticos, nem mesmo suas consequências. Portanto, é muito arriscado termos uma carteira de investimentos direcionada a um evento único. Devemos, ao invés disso, ter uma carteira diversificada e preparada para todos os cenários.
O ano de 2022 é um mar revolto, a carteira defensiva e diversificada é o navio com a proa reforçada que precisamos para atravessá-lo.
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