Em minha primeira participação como colunista da A Gazeta, busquei trazer uma visão mais otimista frente ao péssimo ano da bolsa brasileira em 2021, onde acumulamos 11,8% de queda, ficando entre as piores bolsas do mundo no ano. Porém, ao analisar o lucro das empresas, ficava claro que a perspectiva não era nem de perto o que os preços refletiam, o que poderia se desenhar uma janela de oportunidade na bolsa, visto que os ativos ficaram mais baratos!
Enquanto isso, as bolsas americanas, europeias, asiáticas e até mesmo de outros países em desenvolvimento surfaram a onda de liquidez e otimismo global, fechando o ano próximo das suas máximas históricas.
O mês de janeiro corroborou que existia um exagero nos preços até então praticados em uma parcela significativa das ações da bolsa brasileira. Enquanto as bolsas americanas registraram o pior janeiro desde a crise de 2008, a bolsa brasileira entregou 6,98% de performance, capitaneada por commodities e bluechips em geral, sendo uma das bolsas que mais se apreciaram no mês. Além disso, o dólar, que fechou dezembro na faixa dos R$ 5,57, agora negocia próximo de R$ 5,30.
Via de regra, quando as bolsas pelo mundo vão mal, como aconteceu no mês passado, países emergentes como o Brasil, em geral, tendem a seguir de perto essa performance. Porém, os preços estavam tão depreciados que os investidores estrangeiros que estão preocupados com a perspectiva de inflação e juros mais altos buscaram proteção em commodities! E qual bolsa do mundo melhor para se comprar commodities do que a brasileira? Temos empresas do setor de petróleo, minério, celulose, proteína e commodities agrícolas.
Durante o mês de janeiro foi registrada uma entrada de aproximadamente R$ 28,1 bilhões na bolsa brasileira proveniente de investidores estrangeiros, após um mês forte de dezembro, onde foi registrada a entrada de R$ 14,5 bilhões.
Do outro lado, o investidor doméstico em geral segue reduzindo exposição em bolsa, provavelmente atraído pela alta da taxa de juros. Em janeiro, os fundos de ações domésticos sofreram R$ 8,3 bilhões em resgates.
Nos últimos anos o Brasil passou por uma revolução no mercado de capitais graças ao juro baixo e houve uma migração em massa de investidores pessoas físicas para a bolsa. Investidores esses com baixa experiência e pouca instrução da dinâmica dos investimentos em ações e que, provavelmente, estão fazendo exatamente o contrário do que se sugere: comprando na alta e vendendo na baixa!
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