Há cinco anos, a vida da psicóloga Priscilla Andrade, 34, mudou de forma irreversível quando Joaquim decidiu vir ao mundo semanas antes da data prevista para o parto, comprovando que planos podem ser desfeitos com incrível facilidade, para que algo novo surja no lugar, como mostram essa e outras duas histórias relatadas em homenagem ao Dia das Mães, comemorado neste domingo (14).
“Joaquim é uma caixinha de surpresas boas e, com certeza, trouxe mais emoção a minha vida. Sempre quis ser mãe, mas minha gravidez não foi planejada, foi um grande susto. E o parto foi a mesma surpresa. Estava com 37 semanas de gestação e fui para a maternidade encontrar minha GO (ginecologista e obstetra) sozinha, apenas para buscar um atestado médico, e, antes de nos despedirmos, minha bolsa estourou, ainda dentro da sala. Poucas horas depois, nasceu Joaquim, em um parto normal lindo e rápido, como sempre sonhei.”
As emoções, ela conta, continuaram, com o primeiro sorriso, os primeiros dentes que surgiram, os primeiros passos. Cada detalhe é uma lembrança guardada com carinho.
“Mas não romantizo a maternidade, ela, às vezes, é bem complicada”, relata, explicando que ficou desempregada logo após o retorno da licença-maternidade. “Apesar de ter durado pouco tempo, pois tive a sorte de encontrar mulheres que valorizaram meu currículo e confiaram no meu potencial, foi um grande susto e tive momentos de muito medo.”
Ter uma rede de apoio, ela conta, foi fundamental.
Priscilla Andrade
Psicóloga
"A maternidade é, sem dúvidas, o maior desafio que já tive na vida, mas não tem nada neste mundo que eu ame mais do que ser a mãe do Joaquim"
Medo, descobertas e aprendizados
Um sentimento parecido é relatado pela advogada Flavia Brandão, 55, que não convivia com crianças há muito tempo quando o primeiro filho, Pedro Henrique, chegou, há quase 25 anos. Tudo era novidade, e os medos eram os mais variados possíveis.
“Tem uma história que eu vivo contando porque marcou muito o começo. Ainda na maternidade, ele fez cocô e, quando tiramos a fralda, era preto. Eu me desesperei, chamando a enfermeira, achando que tinha acontecido alguma coisa. E descobri que era mecônio (as primeiras fezes do bebê). Não fazia ideia de como funcionava, de como era. Todo mundo riu porque era uma coisa meio de leoa, querendo proteger a todo custo. Foram muitas coisas no começo e muitas outras foram acontecendo ao longo da vida, do crescimento.”
E, com a chegada do segundo filho, Joao Victor, anos mais tarde, Flávia descobriu que precisaria aprender ainda mais. “Ele nasceu com uma deficiência orgânica e, nos primeiros anos, só comia arroz e rã, porque era a proteína que podia."
Flavia Brandão
Advogada
"Já tinha muita experiência, mas toda maternidade traz alguma coisa. Criança não vem com manual de instrução, mas ser mãe deles é minha melhor função, arrisco dizer"
Ressignificando a vida
Amor inesperado. À primeira vista. Multiplicado. Quando se trata da maternidade, o que não faltam são vivências e relatos de mulheres com seus filhos, nas mais diversas fases. A professora Tamillis Evellin, 34, por exemplo, tinha apenas 15 anos quando a vida mudou para sempre.
“Hoje, sou mamãe da Aylla e do Leon. Mas minha experiência com a maternidade foi bem precoce. Gerei minha primogênita aos 15 anos. Imagine o susto que foi para mim e para as famílias.”
Ela relata que o acontecimento fez com que ressignificasse a própria vida e observa que, embora a gestação tenha sido tranquila, houve desafios marcantes em relação à rotina.
“O mundo caiu para mim em alguns momentos. Sempre pratiquei esportes e me vi impossibilitada de fazer tudo que gostava em detrimento da gestação. Além disso, estava na segunda série do ensino médio e sempre sonhei em fazer faculdade", relata Tamillis.
Tamillis Evellin
Professora
"Por mais que houvesse apoio, o peso maior sempre recai sobre a figura feminina. Mas me arrisco a dizer que faria tudo novamente. A Aylla sempre foi minha parceira em tudo e me acompanha sempre nos desafios que a vida me propõe"
Treze anos depois do nascimento da garota, hoje com 18 anos, veio Leon, também surpreendendo a família, em um contexto bem diferente do anterior, mas igualmente rodeado de amor.
“Foi uma gestação bem intensa. Trabalhei muito! Leon veio ao mundo aos seis meses, passei por uma eclampsia, vivemos dias de angústia, mas ao final deu tudo certo."
Hoje ele já tem 4 anos e Aylla, 18, idades bem distintas, que trazem novos desafios. "Ela é independente e está no controle de sua rotina. Leon é um menino bem alegre, proativo e demanda bastante atenção. Como não temos rede de apoio aqui no Espírito Santo, ele é ‘cria’ das escolas em que eu e meu companheiro trabalhamos. É uma loucura só, mas criamos, desta forma, relações saudáveis e ótimas memórias”, pontua a mãe.
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