Carolina Sampaio conta que livro partiu da dissertação de mestrado
Carolina Sampaio conta que livro partiu da dissertação de mestrado
Carolina Sampaio

"As mulheres estão presentes no hip hop há muito tempo, mas a rua é ainda hostil para elas"

Carolina Sampaio, de 28 anos, formou-se em jornalismo em 2016, e resolveu, na sua dissertação de mestrado, mostrar que o rap é uma forma de comunicação e, além disso, apontar como as mulheres se colocam nesse cenário

Carolina Sampaio conta que livro partiu da dissertação de mestrado
Vitória
Publicado em 05/10/2022 às 10h28

O rap carrega histórias, críticas, autenticidade e representatividade para a juventude por meio das rimas. Para as mulheres, isso é ainda maior, pois são porta-vozes de demandas que os homens que predominam nessa expressão cultural não vão entender. A participação delas nesse mundo dominado pelo gênero masculino é retratado no livro "Mulheres que riman: as donas do hip hop capixaba", da jornalista Carolina Sampaio.

A escritora de 28 anos, que se formou em Jornalismo em 2016, resolveu em sua dissertação de mestrado mostrar que o rap é uma forma de comunicação e, além disso, quis apontar como as mulheres se colocam nesse cenário.

O livro é lançado nesta quarta-feira (5), às 12 horas, na Galeria de Artes do Espaço Universitário, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e terá distribuição gratuita. Para a compra do livro, após este período, é preciso entrar em contato com a autora pelo Instagram: @carol.osampaio.

O material, vai além de apresentar uma proposta pedagógica. Investiga o protagonismo delas no movimento e na ocupação de espaços urbanos e a participação nas esferas político-culturais como instrumento de protesto.. Entre as artistas citadas na obra estão Pedrita, Budah, Amanda Bromanchenke, Thiara Pagani, Kika Carvalho, Karol Mendes, Gisele Bernardes, Pandora da Luz e Melanina MCs.

Confira entrevista com a artista:

Como surgiu a ideia de escrever uma obra sobre mulheres que rimam?

A ideia de escrever o livro, veio por meio da minha dissertação de mestrado. Realizei uma aula de comunicação em 2020 e recebi feedbacks positivos na universidade. Os estudantes me falaram que nunca tinham visto o rap dessa forma. Isso me motivou ainda mais em transformar esse projeto em livro.

Qual é o objetivo de mulheres que rimam?

Além de democratizar o conhecimento, já que o livro foi desenvolvido com os recursos do edital da Funcultura, que apoia propostas nas áreas, o objetivo também foi fazer com que as pessoas entendam que o movimento hip hop e as expressões artísticas são formas válidas de comunicação e que as mulheres nesse cenário falam de uma realidade diferente das dos homens que estão fazendo rap.

O que as mulheres expressam no movimento do rap?

O movimento do rap é de comunicação de existência, quando as mulheres entram nesse cenário, elas acabam por falar de uma realidade que antes não era muito comentada por homens porque eles não vivem a mesma realidade que elas. Além disso, elas são referência para outras mulheres, então expressam uma grande representatividade para várias outras que não sentiam isso.

Qual é a importância de falar sobre o Movimento Hip Hop Capixaba feminino?

É importante falar sobre esse movimento, porque essas rappers, grafiteiras e artistas estão no movimento da cultura urbana há muito tempo. Essas mulheres sofrem opressão, pois, o rap é um movimento de rua e a gente sabe que a rua é um espaço que pode ser hostil às mulheres. Falar sobre o assunto é válido para mostrar que muitas delas acabam não tendo representatividade e as demandas escutadas.

Pode dar um spoilerzinho sobre as protagonistas?

Sobre as mulheres protagonistas no livro, no decorrer da obra para exemplificar os conceitos, eu trouxe algumas mulheres grafiteiras como a Amanda e do rap como a Pedrita. Ademais, apontei a criação de filmes de resistência sobre o assunto e mulheres que os criaram, como a Carol Mendes, idealizadora de um filme sobre as mulheres no grafite que é incrível.

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