O rap carrega histórias, críticas, autenticidade e representatividade para a juventude por meio das rimas. Para as mulheres, isso é ainda maior, pois são porta-vozes de demandas que os homens que predominam nessa expressão cultural não vão entender. A participação delas nesse mundo dominado pelo gênero masculino é retratado no livro "Mulheres que riman: as donas do hip hop capixaba", da jornalista Carolina Sampaio.
A escritora de 28 anos, que se formou em Jornalismo em 2016, resolveu em sua dissertação de mestrado mostrar que o rap é uma forma de comunicação e, além disso, quis apontar como as mulheres se colocam nesse cenário.
O livro é lançado nesta quarta-feira (5), às 12 horas, na Galeria de Artes do Espaço Universitário, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e terá distribuição gratuita. Para a compra do livro, após este período, é preciso entrar em contato com a autora pelo Instagram: @carol.osampaio.
O material, vai além de apresentar uma proposta pedagógica. Investiga o protagonismo delas no movimento e na ocupação de espaços urbanos e a participação nas esferas político-culturais como instrumento de protesto.. Entre as artistas citadas na obra estão Pedrita, Budah, Amanda Bromanchenke, Thiara Pagani, Kika Carvalho, Karol Mendes, Gisele Bernardes, Pandora da Luz e Melanina MCs.
Confira entrevista com a artista:
Como surgiu a ideia de escrever uma obra sobre mulheres que rimam?
A ideia de escrever o livro, veio por meio da minha dissertação de mestrado. Realizei uma aula de comunicação em 2020 e recebi feedbacks positivos na universidade. Os estudantes me falaram que nunca tinham visto o rap dessa forma. Isso me motivou ainda mais em transformar esse projeto em livro.
Qual é o objetivo de mulheres que rimam?
Além de democratizar o conhecimento, já que o livro foi desenvolvido com os recursos do edital da Funcultura, que apoia propostas nas áreas, o objetivo também foi fazer com que as pessoas entendam que o movimento hip hop e as expressões artísticas são formas válidas de comunicação e que as mulheres nesse cenário falam de uma realidade diferente das dos homens que estão fazendo rap.
O que as mulheres expressam no movimento do rap?
O movimento do rap é de comunicação de existência, quando as mulheres entram nesse cenário, elas acabam por falar de uma realidade que antes não era muito comentada por homens porque eles não vivem a mesma realidade que elas. Além disso, elas são referência para outras mulheres, então expressam uma grande representatividade para várias outras que não sentiam isso.
Qual é a importância de falar sobre o Movimento Hip Hop Capixaba feminino?
É importante falar sobre esse movimento, porque essas rappers, grafiteiras e artistas estão no movimento da cultura urbana há muito tempo. Essas mulheres sofrem opressão, pois, o rap é um movimento de rua e a gente sabe que a rua é um espaço que pode ser hostil às mulheres. Falar sobre o assunto é válido para mostrar que muitas delas acabam não tendo representatividade e as demandas escutadas.
Pode dar um spoilerzinho sobre as protagonistas?
Sobre as mulheres protagonistas no livro, no decorrer da obra para exemplificar os conceitos, eu trouxe algumas mulheres grafiteiras como a Amanda e do rap como a Pedrita. Ademais, apontei a criação de filmes de resistência sobre o assunto e mulheres que os criaram, como a Carol Mendes, idealizadora de um filme sobre as mulheres no grafite que é incrível.
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