Mais do que uma imposição social, a maternidade precisa ser um desejo da mulher. E muitas desejam e se realizam ao ver a barriga crescendo, ou o amor nascendo na fila de adoção. A forma como as crianças chegam a essas famílias não é o mais importante, e sim o vínculo que se cria entre mães e filhos.
Nem sempre a caminhada é fácil. Perdas e desafios precisam ser enfrentados, mas elas sempre buscam forças para seguir adiante. Mas há também inúmeros momentos de alegria e, sem dúvida, não falta o amor. No Dia das Mães, celebrado neste domingo (12), A Gazeta reuniu depoimentos de mulheres que, na posição de mãe ou filha, revelam os laços que estreitam a relação familiar. Confira!
Após 4 anos, um presente
"Sou mãe adotiva e este é o meu primeiro Dia das Mães. Após uma espera de quatro anos na fila de adoção, no dia 13 de dezembro de 2023 fomos conhecer nosso filho e, no dia 14 de dezembro, trouxemos ele para casa. Eu me tornei mãe em 24 horas! Quando ele chegou, com dois meses, eu não sabia nem dar um banho direito... Eu não podia ter filhos. Tentamos fertilização in vitro, mas não deu certo e, por isso, entramos na fila de adoção. Foram quatro longos anos de espera, mas hoje nosso príncipe Miguel está conosco. Ele é nossa maior riqueza, o maior presente que Deus me deu." Elaine da Mota Frota Machado - Vila Velha
Só alegria
"Leandro nasceu em uma cesárea em Colatina. Ainda no centro cirúrgico, soube que ele precisaria passar por uma cirurgia de hérnia. Como não havia Utin, foi transferido para Vitória. Ele não foi amamentado na sua primeira hora e não pude sentir ele em meu colo. Também não pude acompanhá-lo na viagem e quem o acompanhou foi minha mãe, que ficaria comigo no hospital. Naquele momento, ficamos sem chão. A cirurgia foi um sucesso, porém ele fez apneia pós-anestesia. Novamente um desespero! Eu só consegui reencontrá-lo dois dias depois, indo até lá. Foram mais três dias de angústia para mim e minha família, mas eu fiquei lá do ladinho dele o tempo todo. Nesse período, em conversa com outras mães, percebi o quanto conseguimos ser fortes, vi lá casos que me fizeram perceber a grandeza de Deus, o quanto Ele é bom e que o caso do meu filho era o mais simples de todos. Foi aí que percebi que, muitas vezes, não temos dimensão do nosso problema até encontrar alguém com um fardo muito mais pesado que o nosso. Hoje, Leandro tem 9 anos, é lindo, inteligente, cheio de saúde e só nos dá alegria." Luisa Drago Pinto - Marilândia
Gratidão
"A minha história é sobre a minha mãe, Auxiliadora de Oliveira Batista, a pessoa que mais admiro nessa vida! Admiro a fé que ela tem em Deus e nas pessoas. Minha mãe já foi empregada doméstica, professora, trabalhou no censo do IBGE, foi recepcionista de posto de saúde e conselheira tutelar. Mas a melhor função dela é ser mãe. Em um sinal de acolhimento, foi ela que me incentivou quando descobri que eu mesma seria mãe, há 10 anos. Jamais vou esquecer o que ela disse: 'minha filha, você vai terminar a sua faculdade e a gente vai te ajudar a cuidar da sua filha'. Sou formada em Serviço Social há oito anos e exerço a função graças ao apoio dela e da minha família. Este é um ano bem marcante lá em casa. Mamãe faz 65 anos, eu faço 30 e minha filha faz 10 anos. Eu sou porque nós somos. Obrigada, mãe!" Debora de Oliveira Batista - Cariacica
Força e fé
"Eu tinha medo de ser mãe, mas, quando me tornei, criei forças de onde não sabia, e tenho um filho especial e muito amado. Mas hoje vou contar minha história como filha. Aos 4 anos, engoli chumbinho (veneno), e os médicos diziam para minha mãe que só por um milagre eu sobreviveria. Eu fiquei intubada sem sequer ter um avanço. Com isso, os médicos desligaram os aparelhos porque diziam que eu não sobreviveria e estava apenas dando gasto ao hospital. Então, desligaram e mandaram ela ir conversando comigo para ver se eu reagiria... E olha eu aqui contando a história! Na época, perdi todos os dentes e hoje olha eu tenho um sorriso. Isso mostra o quanto minha mãe foi forte para que eu pudesse estar aqui, e nada me faz ter mais força do que ter do meu lado uma supermãe!" Késia da Silva Freitas - Mimoso do Sul
Da revolta à cura
"Sou mãe de um anjo lindo que se chama Théo, mas, infelizmente, Deus o levou após quatro dias de vida. Passamos 48 dias internados no auge da Covid, quando víamos centenas de macas vazias devido a óbito por conta desse vírus. Sem saber a gravidade da situação, sempre me mantive de cabeça erguida, ajudando várias mães com seus pequenos. E mal sabia eu que o meu caso era tão grave (um problema na placenta). Mas Deus sempre nos sustenta na hora certa. No dia 18 de março de 2021, Théo nasceu com 1380 quilos e 39 centímetros (prematuro de 32 semanas). E ficou na Utin por 4 dias. Na segunda-feira, às 6h, o hospital me liga para ir até lá, pois não tinha passado bem naquela noite. Cheguei pronta para amamentá-lo, quando veio a notícia de que ele não tinha sobrevivido.
Meu chão abriu, meu coração ficou ali naquele sepultamento. E com isso eu julguei muito a Deus, me revoltei mesmo. Com o passar do tempo, muitas pessoas vinham falar de filho e eu dizia que não queria mais, pois queria aquele. O que mais doía escutar era que eu tinha que ser mãe para curar essa dor... Mas, afinal, perder um filho é deixar de ser mãe? Com o passar do tempo, a dor virou saudade e veio a vontade de ter mais um. Com muita dificuldade e medo, Deus me consagrou mais uma vez dando o Théo o título de irmão mais velho. O primeiro diagnóstico que tivemos era que poderia acontecer de novo.
Eu ajoelhei e pedi a Deus para que não se repetisse, pois meu coração não aguentaria mais uma perda... Fomos vencendo cada diagnóstico, fui à procura dos melhores médicos, mas o meu favorito era Deus. Fiz promessas. E hoje a minha promessa foi cumprida: tenho meu bebê de três meses nos braços chamado Hugo, que já passou por uma internação e alergias, mas está aqui cheio de saúde, graças a Deus. A você, mãe de anjo: entregue sua vida para Deus e Ele sabe a hora de tudo. A você, tentante: não desista! Deus, na hora certa, vai te honrar." Ludimila Martins Possatti - Santa Teresa
A superação pelos filhos
"Eu sou mãe de quatro filhos, mas um foi para o céu. Sou mãe da Ana Carla, Luis Gustavo, Pedro Henrique, e Enzo Miguel que, agora, é um anjinho. Enzo nasceu com bronquiolite e ficou vários meses internado. Foram longos cinco meses, mas, em nenhum momento, deixei de visitá-lo. Eu morava em Linhares e ele ficou em Vitória, no CTI. Mesmo assim, não sabia de onde tirava forças, mas eu ia todos os dias visitá-lo. Depois de cinco meses, trouxe para casa, ele com traqueostomia (procedimento de abertura na garganta para ajudar na respiração). Começamos mais uma batalha. Perdi emprego, abri mão de tudo para cuidar dele, vendia bolo de pote e doces na rua com ele para ajuda em casa, mas, infelizmente, com 2 anos e 10 meses perdi ele... Tive depressão grave, mas precisei me levantar do fundo do poço, pois o meu lado de mãe me chamava e me dizia: 'o Enzo Miguel está com Deus agora, mas a Ana, o Pedro e o Luis precisam de você!' O meu lado mãe se levantou por eles e hoje eu vivo por eles, são o motivo de eu ser mãe." Marina Gomes de Jesus - Pedro Canário
Três princesas e uma estrela
"Aos 22 anos, perdi um bebê e o médico disse que eu nunca mais poderia engravidar. Depois de cinco anos em tratamento, não consegui e, então, adotei uma menina. Quando ela estava com 9 meses, eu engravidei naturalmente e tive minha segunda bebê. Daí, o mesmo médico disse que estava bom, que seria impossível uma nova gravidez. Só que eu nunca perdi a fé. Quando passaram mais cinco anos, novamente engravidei e completei meu trio maravilha. Sou a mãe mais apaixonada nessa vida. Tenho três princesas — Gabriela, Bheatriz e Giullia — e uma estrelinha. Élida Pereira Roberto - Vila Velha
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