“Ela era louca pelos filhos. Me disse, semana passada, que queria viver, arrumar um novo trabalho. Queria construir um lugar para ela, seguir em frente”, relembra Simone Cristina Cerqueira Novaes sobre uma conversa que teve com a cunhada Aline Ribeiro da Rosa, de 35 anos, morta cruelmente, a tiros, pelo ex-marido, na calçada de uma mercearia do bairro Fátima, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, no último domingo (21).
Segundo a família, Aline conheceu Felipe Silva de Almeida, de 28 anos, há cerca de cinco anos e, desde o começo, ela viveu em um relacionamento abusivo, em que sofria violência doméstica e ameaças. Simone comenta que o homem não queria que Aline trabalhasse. Ela ainda o ajudou a conseguir emprego.
“Ela tomava conta de crianças em uma escola e, depois que o conheceu, saiu do trabalho, porque engravidou e queria cuidar do filho. Ficou dividida, mas tomou a decisão. Ela o indicou para fazer cursos e para empregos. Aline queria voltar a trabalhar, mas ele tirou isso dela."
Aline tinha três filhos, de 15, 4 anos e 1 ano, e tinha o sonho de vê-los crescer, estudar e trabalhar. “Ela falava que os filhos pequenos iam crescer logo. Já a filha mais velha, queria vê-la estudar e crescer na vida”, conta Simone.
Há cerca de dois meses, eles terminaram, e Aline estava decidida que aquele era o fim da união. Saiu da região central de Aracruz e foi morar no litoral, no bairro Coqueiral. O homem continuou não aceitando e, em junho, atirou contra a casa da família da ex-mulher. “Ele disse que ela tinha assinado a sentença de morte. Aline ficou desesperada, registrou queixa, mas depois retirou, depois de ele ter pedido perdão”, afirmou.
Simone Cristina Cerqueira Novaes
Cunhada de Aline
"Mulheres que vivem relacionamentos abusivos, não façam o que a Aline fez. Não perdoem. Quem ama não machuca, não bate, não mata. No primeiro tapa, suma da vida da pessoa, não entre em contato, denuncie. Não perdoe. Peça medida protetiva, peça ajuda, vá embora da cidade"
Simone ainda acrescentou: "A Aline não está entre nós. Que ela sirva de exemplo para todas as mulheres do Brasil que vivem relacionamento abusivo. A família está sofrendo muito, o sofrimento não vai ter fim. Não vamos nos calar, queremos Justiça".
Agora, ficam na lembrança as boas memórias da Aline. “Era uma menina feliz, tinha uma amizade e um amor tão grande pelas pessoas. Meiga, alegre, carinhosa. Era jovem, tinha saúde”, disse.
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