Mineira de origem, mas crescida em Rondônia, Norte do Brasil, a diarista Irlane Vilma Dias Case, 35 anos, orgulhava-se em poder criar a filhar e conquistar o que pudesse com o trabalho.
“Ela não era de deixar nada para trás. Tudo que tivesse que fazer para se manter, ela fazia. Não escolhia serviço, era guerreira e muito trabalhadora. Irlane decidiu ser feliz e perdeu a vida. Sinto saudades demais”, conta um familiar que preferiu não ser identificado.
O medo de ter o nome divulgado está atrelado ao motivo que provoca a saudade: o assassinato de Irlane, no dia 2 de abril, na Praia de Itaparica, em Vila Velha, quando passeava com o cachorrinho Apolo.
O primeiro casamento de Irlane aconteceu quando ela era muito jovem, ainda em Rondônia. “O casamento foi na época em que se vivia uma febre de ir morar nos Estados Unidos. Ela e o marido resolveram tentar a vida lá. Arrumaram a documentação toda e, próximo da data de viajar, ela descobriu que estava grávida. Ela foi pra os EUA após filha nascer para trabalhar, mas depois de um tempo retornou para Rondônia”, conta o familiar.
SEGUNDO CASAMENTO
Quando retornou ao Brasil, Irlane, já solteira, conheceu Vilmar dos Reis, que viria ser o segundo marido. “Ela sempre esteve ao lado dele, foi suporte. Foram para Recife, pois o pai dele faleceu. Ela o acompanhava em tudo. De lá, ele conseguiu um emprego em Aracruz como eletricista, para onde partiram Irlane, a filha e o então marido", detalha o familiar.
O casal chegou a ter um desentendimento na relação, em dezembro de 2020. O relacionamento de seis anos já não ia tão bem. Mais brigas e ameaças fizeram Irlane decidir seguir em frente. No início de 2021, ela se mudou com a filha para Itaparica, Vila Velha, após o fim do relacionamento.
“Como era muito caprichosa, rapidamente encheu a agenda dela de faxinas, inclusive na casa de pessoas bem relacionadas e de confiança. Ela trabalhava todos os dias e bem cedo. Tinha coragem de arriscar”, conta o familiar.
Era Sexta-feira Santa, dia 2 de abril, quando Irlane foi morta. Apesar do feriado, a diarista iria trabalhar, como já havia combinado com o patrão. No dia anterior, Irlane havia ajudado a fazer torta capixaba, tradicional comida do capixaba na véspera da Páscoa. "Ela tinha ficado até 21 horas ajudando a fazer a torta. E no outro dia disse que iria trabalhar também, pois precisava do dinheiro", lembra-se o familiar.
Naquele dia, porém, antes de ir para mais um dia cansativo de limpeza, Irlane saiu do prédio, em Itaparica, para levar o cachorrinho, Apolo, para passear. A diarista percorreu cerca de 200 metros quando foi alvo de quatro tiros, os quais a polícia afirma terem sido disparados pelo ex-marido, Valmir. Ele é considerado foragido e há um mandado de prisão em aberto.
"Ele era tido como um filho pela mãe da Irlane. Sempre foi trabalhador, nunca imaginamos que faria algo assim. Ele chegou a ligar para a família dela e disse que não viveria sem ela. Mas ele acabou fazendo isso. Não só acabou com a vida da Irlane, mas também com a nossa vida", lamenta.
Para quem fica, resta a esperança de um dia de justiça. "Temos desejo da Justiça de Deus, mas também que o acusado seja encontrado", desabafa.
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