Bernadete de Sousa Braga morta com golpes de facão no centro de Vitória
Bernadete de Sousa Braga morta com golpes de facão no centro de Vitória. Crédito: Perfil Facebook

Morta com golpes de facão, Bernadete era uma mulher forte e amorosa

Vítima tinha 61 anos e trabalhava vendendo água de coco no Centro de Vitória; ela era casada e tinha dois filhos

Tempo de leitura: 3min
Vitória
Publicado em 09/10/2023 às 13h39

Uma mulher forte, amorosa e uma musicista espetacular. É dessa maneira que familiares descrevem a ambulante Bernadete de Sousa Braga, de 61 anos, morta com golpes de facão na tarde do último dia 4, no Centro de Vitória.

O acusado do crime é o também ambulante Antônio Fernandes Silva, de 61 anos, que foi preso horas depois de ter confessado o assassinato. Ele é acusado de um outro feminicídio ocorrido em 2016, em Jundiaí, em São Paulo, e tinha um mandado de prisão em aberto.

O filho mais novo de Bernadete, Lucas Braga Santos, de 22 anos, destaca que a mãe lhe deu ensinamentos valiosos durante toda a vida, como gostar de arte. Segundo ele, o relato feito pelo homem não condiz com a personalidade da ambulante. 

Lucas Braga Santos, 22 anos

Filho mais novo de Bernadete

"Minha mãe tinha sonhos muito simples. Um deles era vender água de coco depois de se aposentar e era exatamente o que fazia havia três anos, aproximadamente. Além disso, era uma musicista espetacular, tocava teclado e era uma soprano ótima. Foi com ela que cantei pela primeira vez na igreja que frequentávamos"

Para Lucas, Bernadete tinha uma personalidade imbatível, motivo pelo qual a forma que a mãe morreu surpreendeu a todos.

“Ela sempre foi muito brava com os filhos, nos deixou muita coisa boa, nos criando para sermos independentes e resilientes perante as diversidades da vida. Por isso, acreditamos que o assassino aproveitou que ela estava indefesa para fazer o que fez”, relembra.

Outra lembrança de Lucas é que a mãe não sabia o que era movimento feminista, mas era vista como exemplo por todos por ser uma mulher forte, sempre ressaltando a importância de cuidar dos sonhos e das pessoas que amava. E é isso que ele vai levar para vida toda.

Lucas Braga Santos, de 22 anos

Filho mais novo de Bernadete

"Uma noite antes do que aconteceu jantamos juntos, conversamos e cantamos. A música escolhida por ela foi ‘Vou abraçar Jesus’. Minha mãe sempre foi muito religiosa e apegada a Deus. Me conforta saber que agora, de certa forma, ela está bem, ficando a saudade"

Antes de comprar um carrinho para vender água de coco, Bernadete trabalhou por muitos anos em uma loja no Centro de Vitória. A atividade que exercia atualmente, fez com que a ambulante fosse bastante conhecida na região. Bernadete era casada há quase 30 anos e tem outro filho, de 28 anos.

Vender água de coco era um hobby para Bernadete. O filho relata que os domingo eram dedicados à igreja. A família mora em Jardim Marilândia e frequentava a Igreja Quadrangular, em Cobilândia, em Vila Velha. Durante a semana, eles ensaiavam para se apresentar durante os cultos.

Lucas Braga Santos, de 22 anos

Filho mais novo de Bernadete

"Minha mãe precisou dar a volta por cima várias vezes, nunca se colocou no papel de vítima. Quando criança, passou por situações como preconceito, mas, apesar disso, conseguiu se superar. Ela sempre nos deu amor, defendia meu pai em diversas circunstâncias. Mesmo quando ela estava cansada, sempre nos fazia sentir acolhidos e amados por ela"

O jovem relata ainda que a morte da mãe deixou um vazio muito grande a todos, principalmente pela forma violenta que aconteceu.

“O assassino deixou uma carta dizendo que minha mãe era mulher dele, o que é uma inverdade gigantesca. Ele disse que os dois estavam juntos há seis anos, nem tinha esse tempo todo que minha mãe trabalhava no Centro de Vitória. Tudo ali era falso, até o nome que ele usava e se apresentava para gente. Tudo mentira, por isso acreditamos que ele quis se vingar por minha mãe não ceder ao que ele queria”, desabafa.

Momentos do crime

A ambulante Bernadete Sousa Braga, de 61 anos, foi morta com golpes de facão na tarde do dia 4 de outubro, em um apartamento no Centro de Vitória. O suspeito do crime, Antônio Fernandes da Silva, da mesma idade, tomou banho, deixou o local e foi até um amigo, com quem confessou o crime e fugiu.

Antônio foi preso, no mesmo dia, sentado no meio-fio de uma rua de Porto Novo, em Cariacica. Não tentou fugir e, de forma fria, contou os detalhes do crime à polícia e revelou onde escondeu a arma do crime: debaixo do travesseiro. No depoimento, ele relatou que tinha um relacionamento extraconjugal com Bernadete há seis anos, versão contestada pela família.

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