Tereza Rosa de Souza, de 36 anos, estava dentro de casa com duas filhas, uma de 11 e outra de 15 anos, quando o ex-companheiro surgiu. Roberto Carlos da Cruz, de 54, chegou ao local em uma moto e falava frases desconexas. As filhas foram para o quintal e, então, ouviram o som de um tiro. A mãe foi baleada no rosto e morreu na hora.
O crime aconteceu no dia 21 de agosto, no Córrego do Gambá, interior de Pancas, Noroeste do Espírito Santo. A vizinha e as filhas de Tereza foram até a casa e viram o corpo de Tereza no chão, dentro do banheiro.
Ela morava em uma propriedade rural e trabalhava no campo. Ia para a lavoura no período da colheita do café. Além disso, quando tinha tempo livre, Tereza fazia faxina para ter uma renda extra. Era reconhecida como uma pessoa trabalhadora e dedicada à casa e às filhas.
A vítima não tinha mais os pais e deixou cinco filhas: Joana, Alessandra, Mariana, Tainá e Jamile, esta última, a mais nova, de 11 anos, que presenciou o crime. Ela foi para a casa do pai, o aposentado José Carlos de Oliveira, 52.
José Carlos de Oliveira
Pai de Jamile, que presenciou o assassinato da mãe
"Acho que ainda não caiu a ficha para ela. A gente percebe o que ela sente, parece que é por dentro. "
“Por ter ficado com medo, há outras crianças aqui que tentam brincar com ela. Ela fala da mãe, está sendo bem difícil. Vez ou outra, lembra do que aconteceu”, acrescentou José Carlos, que morou com Tereza por cerca de 10 anos.
Ele disse que o crime o deixou em estado de choque. Além de manter um bom relacionamento com a vítima, ele também era amigo do suspeito, Roberto Carlos.
“Foi um choque muito grande, eu soube apenas no dia seguinte. Eu e Tereza sempre mantivemos contato e uma boa relação, nunca tivemos problemas depois de separados. E o Roberto era amigo meu, ele era representante da comunidade, trabalhamos juntos. Difícil de acreditar”, relatou.
IRMÃO ESPERA POR JUSTIÇA
Irmão da vítima, Júlio César Rosa de Souza, de 40, cresceu junto de Tereza e relembra que ela era acolhedora e o recebeu em casa quando precisou. “Ela era uma pessoa muito boa. Me acolheu e por um bom tempo fiquei na casa dela. Eu estava longe quando recebi a informação. Deus me livre, está todo mundo destruído com isso. Vamos esperar para ver o que acontece, mas queremos justiça”, pediu o irmão.
De acordo com a família da vítima, não havia histórico de agressividade entre a mulher e o ex-companheiro. A Polícia Civil confirmou que não existem registros de boletins envolvendo o casal.
Três dias depois do crime, dia 24 de agosto, Roberto Carlos se apresentou à delegacia. No depoimento, disse que foi motivado por um desentendimento que teve com a mulher, de acordo com o delegado João Seidel, titular da Delegacia de Polícia (DP) de Pancas. Ele contou ainda que perdeu a arma utilizada no crime.
“Ele afirmou que viu um suposto indivíduo saindo da casa da mulher e foi conversar com ela. Eles discutiram e ele acabou atirando. Quanto à arma do crime, o suspeito afirma que perdeu durante a fuga do local”, disse Seidel. O homem também relatou que ele e Tereza ainda mantinham um relacionamento, porém as filhas da vítima negaram, comentou o delegado.
O suspeito pelo crime foi encaminhado até o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Colatina, onde permanece preso. O homem vai responder por homicídio qualificado por motivo fútil, com impossibilidade de defesa da vítima, cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, ou seja, feminicídio.
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