Karina Freitas, de 20 anos, trabalhava em uma empresa de reciclagem no bairro Jardim Marilândia, em Vila Velha, há cerca de quatro meses. A jovem tentava se tornar independente financeiramente do ex-companheiro, para criar a filha de apenas um ano. Ela contava com a ajuda da mãe, Silvanete dos Santos Freitas, de 38, que incentivava a filha - e foi quem conseguiu o emprego para ela. Foi justamente no local de trabalho, que representava o início de uma nova vida para a jovem, que ela foi assassinada. Apenas alguns minutos antes, a mãe dela também havia sido morta.
Karoline Freitas, de 20 anos, irmã gêmea de Karina e filha de Silvanete, conta que, há cerca de um mês, as duas foram ameaçadas pelo ex da jovem, Adenilton de Jesus Nascimento dos Santos, de 27 anos, porque o suspeito não aceitava o término da relação e descobriu que Karina tinha começado um novo relacionamento.
Karoline Freitas
Irmã gêmea de Karina e filha de Silvanete
"No dia que ele descobriu, foi até a casa delas e ameaçou a minha irmã: ‘ou sua vida ou seu relacionamento', ele disse. E a minha mãe interferiu, para protegê-la, então ele ameaçou ela também"
As ameaças foram cumpridas na manhã da quinta-feira 25 de novembro, Dia Mundial de Combate à Violência contra a Mulher, quando mãe e filha foram executadas a tiros.
O RELACIONAMENTO
A irmã relata as dificuldades que Karina e a filha de um ano chegaram a passar enquanto ela estava no relacionamento com Adenilton. “Ele trabalhava, mas não dava as coisas para ela. Tinha dia que minha irmã comia só pão e água, e a neném ficava o dia todo enrolada em um pano, porque ele não comprava fraldas. Eu falei com ela: ‘Karina, sai daqui. Vai morar com a minha mãe’", relata.
As irmãs eram muito próximas e conversavam todos os dias. Segundo Karolina, a irmã contava que o ex nunca tinha sido violento com ela, mas a traía. “Ele nunca bateu nela, mas eles brigavam muito porque ele traía ela. Levava mulheres para a casa deles, mas a minha irmã não podia fazer nada porque foi quando ela estava grávida, depois quando ela estava com a bebê pequena”, explica.
E foram as traições e a falta de assistência que fizeram Karina querer sair do relacionamento e ser independente do ex- companheiro.
Karoline Freitas
Irmã gêmea de Karina e filha de Silvanete
"Ela arrumou o emprego porque queria se livrar dele. Tinha medo de ser dependente dele, porque não era só ela, tinha que pensar na filhinha deles também. E ela estava começando a fazer isso, já estava há quatro meses no emprego, mas pensava também em conseguir uma coisa melhor, para poder sustentar a filha"
SILVANETE TENTAVA PROTEGER A FILHA
Silvanete trabalhava como cuidadora, foi com ela que Karina foi morar depois do fim do relacionamento. A mãe incentivava a filha a sair do relacionamento e parar de depender financeiramente do ex. Karina tinha dificuldade em arrumar emprego por causa de um erro em seus documentos, foi a mãe que conseguiu o emprego para ela na empresa de reciclagem.
Karoline conta que a mãe era protetora com Karina. Quando Adilson ia até a casa delas e pedia para voltar com a jovem, ela intervinha. “Ela falava com ele: ‘se você amasse ela, tinha dado valor’”, relembra. No dia em que Adenilton foi até a casa das duas, há cerca de um mês, e proferiu ameaças contra Karina, Silvanete defendeu a filha.
Karoline Freitas
Irmã gêmea de Karina e filha de Silvanete
"Ela era mãe e fazia tudo pela minha irmã, tentava protegê-la. Por isso brigou com ele, disse que ele não podia fazer nada com a Karina porque ela não estava sozinha, ela tinha família"
Na quinta-feira (25), o suspeito voltou à casa delas acusando a mulher, e Silvanete tentou proteger a filha novamente, disse que iria à delegacia denunciar Adilson, mas o homem afirmou que não daria tempo e matou a mãe de sua ex com um tiro na cabeça.
Em seguida, ele foi até o local onde Karina trabalhava, pediu para falar com ela e a matou a sangue frio.
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