A cuidadora de idosos e cozinheira Charlene de Lemes Gonçalves, 40 anos, teve a vida interrompida de forma brutal pelo ex companheiro na última quarta-feira (15). Na intenção de proteger a mãe dos golpes de faca, Ysaquiely Junia Gonçalves de Araújo, de 11 anos, também acabou morta. Com quatro filhas, Charlene lutava para cuidar da casa e manter a família unida.
No dia do crime, o ex companheiro da cuidadora, Michael Prates Garcia, de 31 anos, invadiu a residência com uma faca. Ele não aceitava o fim do relacionamento e foi preso em flagrante logo em seguida.
Charlene nasceu no Rio de Janeiro, mas ainda pequena se mudou com a família para Cachoeiro de Itapemirim. A filha, Lara Emanuelly Gonçalves da Silva, de 18 anos, conta que a mãe sempre trabalhou duro para sustentar a família. Foi em busca de novas oportunidades que Charlene se mudou para Marataízes, em 2018.
“Em boa parte da vida ela foi cuidadora de idosos, trabalhava dia sim e dia não. Também trabalhava cozinhando para um time de futebol da cidade, todos os dias. Eu fui morar com elas quando meu filho nasceu, há seis meses. Meu filho era o amor da vida dela”, conta Emanuelly.
Emanuelly lembra que a mãe era o pilar da família: Charlene foi pai e mãe de todas as filhas, uma delas com deficiência auditiva. “Era a protetora de todos, muito forte, nada a abalava. Não via minha mãe chorar por mais que estivesse com problemas”, relembrou a filha.
Charlene estava inscrita em um programa de habitação de Marataízes e, em breve, seria beneficiada com uma casa popular para sair do aluguel. “Era o sonho dela, ter uma casa, nos deixar bem”, disse.
No dia do crime, durante o dia, Charlene e Michael chegaram a discutir. “Eles ficaram juntos por três anos. Mas, depois que terminaram a primeira vez, ele se transformou. Chegou a nos ameaçar, dizendo que ia matar a família toda. Ele acabou com nossa vida. Perdão só se for de Deus, minha família guarda muito ódio. Nossa vida era nossa mãe”, afirma Emanuelly.
Irmã sonhava em conviver com o pai
Ysaquiely Junia Gonçalves de Araújo, de 11 anos, era a caçula das irmãs. Estudiosa, a menina era conhecida pela alegria na escola onde estudava em Marataízes. “Minha irmã era uma menina que só ficava dentro de casa, estudiosa e madura. As vezes, ela é quem me dava conselhos”, relembrou a irmã mais velha.
Quando estava arrumando as coisas da mãe e de Ysaquiely, Emanuelly encontrou uma carta endereçada ao pai dela, que está preso. “Ela contava que não ia mais visitá-lo pois não gostava do lugar. Dizia que queria estudar, para dar uma casa ao pai e ele cuidar dela”.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.