Dulcineia era muito querida por toda a família
Dulcineia era muito querida por toda a família. Crédito: Arquivo pessoal

Morta pelo marido, Dulcineia sonhava com a casa própria para a filha

Dulcineia Segantini Linhares, de 69, era mãe, avó e bisavó, mas "mãezona" de todos, segundo lembra a irmã Elza Segantini. Um  dos sonhos dela era ver a filha com seu próprio lar

Tempo de leitura: 2min
Linhares
Publicado em 27/12/2023 às 14h42

"Era um amor de pessoa, muito carinhosa, nunca tinha tempo ruim. Sempre trabalhou no campo e era muito amorosa com as criações dela. Ficam na memória algumas fotos que tenho com ela, na propriedade onde ela morava. Em uma delas, segurava o meu braço, mostrando a roça.”

Esse é o relato da produtora rural Elza Segantini, de 55 anos, irmã de Dulcineia Segantini Linhares, de 69, vítima de feminicídio durante uma briga que aconteceu em um churrasco da família para celebrar o Natal, na localidade de Córrego Cerejeira, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, na noite de domingo (24).

Elza ao lado da irmã Dulcineia
Elza ao lado da irmã Dulcineia. Crédito: Arquivo pessoal

Dulcineia era uma “mãezona” para os irmãos mais novos e também para os três filhos, nove netos e dois bisnetos. Além disso, era muito trabalhadora na propriedade onde morava, relatou a irmã, emocionada. Um dos sonhos dela era ver a filha morando em uma casa própria, que ainda não foi realizado.

Elza acredita que a irmã, apelidada carinhosamente de Cineia, era vítima de agressões, apesar de nunca revelar nada sobre isso. Por conta do comportamento do marido, Albino Linhares, de 68 anos, o relacionamento da família com ele não era bom.

“Ele bebia muito. Só o vi uma vez tranquilo, numa época comemorativa, há alguns anos. Mas, na maioria das visitas, ele nos recebia com um comportamento ruim. Ele nunca mudou e a gente o evitava. A gente visitava Cineia poucas vezes por conta disso”, falou Elza.

Diante de casos de feminicídio e de relacionamentos abusivos, recorrentes na sociedade, a irmã pediu para deixar uma mensagem de apelo.

Elza Segantini 

Irmã de Dulcineia

"Se casou e está brigando, a melhor coisa é separar. Não deixe chegar a esse ponto, que uma hora uma situação como essa pode acontecer. Se ela estivesse separada há muito tempo, não teria acontecido isso. Fica o alerta para as outras mulheres"

A irmã acrescentou: "Tem sido muito difícil. Na hora que a gente para pra pensar, vê que ela correu perigo desde quando casou”.

Relembre o caso

Dulcineia foi esfaqueada e morta pelo marido durante uma discussão que ocorreu em um churrasco em família na noite de domingo (24). Segundo a Polícia Militar, a idosa foi socorrida, mas chegou ao hospital já sem vida. O suspeito, Albino Linhares, de 68 anos, foi preso e autuado em flagrante por feminicídio.

Testemunhas relataram aos policiais, no local onde aconteceu o crime, que o homem fez algumas "cantadas" a uma vizinha durante o evento e, por isso, familiares chamaram sua atenção. Dulcineia teria tomado conhecimento da situação, em seguida, levando o casal a ter um desentendimento.

Em nota, a Polícia Civil informou que o suspeito foi autuado em flagrante por homicídio cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio) e encaminhado ao Centro de Detenção Provisória.

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