Antes de ir ao trabalho, o café da manhã da vendedora Roseli Valiati Farias, era na companhia do pai de 70 anos, que mora a poucos metros de sua casa. Ela havia perdido a mãe em agosto de 2020 e o marido em janeiro deste ano, vítimas da Covid-19. Apesar da dor, Roseli passou a ter um papel de manter a família unida e seguia feliz, fazendo planos, como conhecer os Estados Unidos.
Mas a rotina de Roseli, de 47 anos, foi interrompida no último dia 17, quando foi assassinada. Lila, como era chamada pela família e amigos, levou um tiro na cabeça, enquanto dormia na casa do namorado, o pecuarista, Alexandre Vaz Nunes, de 54 anos, no bairro Santo Antônio, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo.
No dia seguinte, o pai de Roseli desconfiou do desaparecimento dela e começou a ligar para os filhos. O carro da vendedora foi encontrado trancado, mas o corpo só foi localizado três dias depois, no interior de Presidente Kennedy. Alexandre Vaz Nunes foi preso e confessou o crime.
Mais velha de quatro irmãos, Lila era conhecida pela alegria, simpatia e um talento para as vendas. “Minha irmã era muito simpática, muito verdadeira e como pessoa, era maravilhosa, um sorriso lindo. Sempre trabalhou com vendas, no início, trabalhou com roupas e após, em uma gráfica, onde atuava já há 20 anos”, lembrou o irmão Gleydson Valiati Farias, de 33 anos.
O irmão conta que, apesar da perda de duas pessoas que ela amava, Lila viveu o último ano fazendo planos e conhecendo novos lugares. “Somos muito cristãos e ela seguia a vida, feliz. Minha irmã viveu seu último ano, o melhor da vida, saltou de paraquedas, conheceu lugares que não conhecia, estava vivendo intensamente. Ela tirou um passaporte e sonhava em ir aos EUA no próximo ano. Era uma mulher feliz e tinha um projeto de vida, trabalhar e cuidar da família”, contou Gleydson.
Lila tinha um filho de 22 anos. O último passeio em família estava agendado para este feriado, conta Gleydson. Ela, o pai e duas irmãs estavam com as passagens compradas para uma viagem de trem de Cariacica a Belo Horizonte, em Minas Gerais. Seria a primeira vez que a vendedora e o pai viajariam de trem.
“Ela foi benção de Deus na minha família, sabemos que não vai voltar e a dor fica. Perdeu o marido e a mãe, mas era muito forte. O maior legado é a felicidade dela, mesmo na dor que passamos, é isso que ela passa pra gente, para continuarmos. Meu pai foi para Minas. Eles estavam separando as malas e ela não conseguiu realizar este sonho”.
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