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Protocolos de segurança vêm sendo testados e aprovados
Planejamento, metas, ciência, controle, cautela. É o que se espera das lideranças mundiais neste momento em que a pandemia já nos levou amigos e familiares. Em meio às dúvidas surge um momento de reflexão e possível afirmação de uma sociedade capaz de reduzir danos e potencializar seus ativos. Com vocês, Tóquio 2020!
Objetivando um texto rico em informações, pesquisei fontes internacionais e, por desdobramentos da vida, conversei com um familiar que trabalha no comitê de organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Para início de conversa, destaco que existe uma quarta onda na capital japonesa. E quando tratamos de vidas, todas elas importam. Ponto. Mas entendo que há esperança e tentarei descrever abaixo, à ótica da gestão do esporte, como podemos contribuir neste momento.
A proposta é se apropriar de práticas que levaram alguns territórios a ter melhor performance contra o vírus. Isolamento social estratégico e rigoroso, medidas severas de fechamento de fronteiras, testes em massa com rastreio de contágio, ampliação da capacidade de atendimento hospitalar e adoção de auxílios, além da vacinação em massa. Entretanto não há regra absoluta, já que cada população reage de maneira diferente às medidas de prevenção.
E neste caminho nos deparamos com a sociedade japonesa. Educada, trabalhadora, respeitosa e inteligente. Sabedoria oriental para entender que somos indivíduos, porém vivemos em sociedade. Por lá, os jogos da J League continuam a acontecer com presença parcial de público. Sim, público. Protocolos de segurança para a prática esportiva vêm sendo testados e aprovados pelo mundo, como na Fórmula 1 e na NBA. E evidências trazem as “bolhas de testagem e vacinação” como soluções.
Algumas decisões já estão tomadas: as fronteiras japonesas estão fechadas desde janeiro, não haverá público estrangeiro nos Jogos, imprensa internacional e atletas serão testados, passarão por quarentena, haverá a tal “bolha” na vila olímpica, membros do comitê local e voluntários testados com frequência. Há um caminho.
É hora da transversalidade entrar no jogo, com OMS e órgãos locais de saúde cooperando com o COI e o comitê organizador local na solução por um protocolo seguro e ideal para este evento. Acredito e faço votos de sucesso à realização de Tóquio 2020, apesar de reconhecer que essa decisão está com a sociedade japonesa e seus líderes. Não cabe a mim determinar se vale a pena o risco, do ponto de vista que toda vida importa.
Mesmo com todo o cuidado, risco de contágio ainda é grande
Ao ser perguntado se seria contra a realização das Olimpíadas de Tóquio na data programada, entre os dias 23 de julho e 8 de agosto, fiz uma breve reflexão e revisão de vários artigos sobre a competição, o momento em que vivemos e muitos artigos científicos. Baseada nos fatos compilados nas fontes acima, a minha opinião é ainda mais enfática: “sou contra a realização”. ”. Então, sendo assim, tenho que justificar tal opinião.
As Olimpíadas são uma festa para unir as pessoas de todo o mundo, porém no momento temos mais de 380 mil mortes pelo coronavírus no Brasil e mais de 3 milhões no mundo. O número de casos continua em ascensão em todos os continentes, sendo que na grande maioria dos países ainda não existe estabilidade, inclusive no Japão.
A realização dos Jogos Olímpicos exigirá o deslocamento de atletas de vários países para um único local, sendo que tanto aeroportos quanto o próprio transporte aéreo são meios de contágio, assim como alojamentos conjuntos, trânsito pela cidade e, mais, jogos coletivos que também são um meio de contaminação. Mesmo com toda segurança, que com certeza será colocada em ação no evento , o risco ainda é grande. E mais: atletas assintomáticos e que porventura estejam contaminados podem, além de transmitir a doença, desenvolver complicações cardiológicas que podem levar à morte súbita nas competições.
Os trabalhos científicos têm mostrado o alto grau de contágio e complicações músculo-esqueléticas e cardíacas em atletas de alto rendimento em todo o mundo, secundário à infecção pela Covid-19. Atletas assintomáticos e com exames normais em avaliação prévia podem se contaminar durante a competição e transmitir a doença para outras pessoas nas áreas comuns dos alojamentos.
Exemplo próximo e recente temos no Brasil, quando em Saquarema, no Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei, criaram uma bolha para que se evitasse a contaminação e, independentemente de todos os cuidados, o técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Masculina e o vice-presidente da confederação foram contaminados, sendo que o primeiro encontra-se entubado e o segundo em recuperação de Covid grave.
Sendo assim, as Olimpíadas deveriam ser postergadas para um período em que houvesse maior segurança, o que não é o caso no momento. Esses são apenas simples argumentos que fundamentam a minha opinião.
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