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Vias que dão acesso ao topo devem ser fechadas
Há cinco anos o Instituto Jacarenema de Pesquisa Ambiental estuda os bichos preguiça que vivem no Morro do Moreno, recentemente publicamos dois artigos científicos, um internacional.
O Morro do Moreno é um fragmento da Mata Atlântica de grande relevância biológica, paisagística e de proteção às espécies ameaçadas de extinção. Ainda assim, é uma área particular, na qual, os proprietários não estão zelando pela integridade física e biológica; associado a isso, temos a ausência do poder público; fatores que pressionam a área natural diariamente com impactos ambientais, alguns irreversíveis.
Recentemente registramos a ocorrência de duas espécies de preguiça, a comum (Bradypus variegatus) e a de coleira (Bradypus torquartus), ambas, endêmicas do Brasil e a última citada no livro vermelho de fauna brasileira ameaçada de extinção e no livro de mamíferos do Brasil ameaçados de extinção, ambos em estado crítico. As principais causas são: a fragmentação da Mata Atlântica e a descaracterização do seu habitat, pois não se adaptam com facilidade às alterações no ambiente e nem a presença humana.
Possuem a saúde frágil e grande probabilidade de sofrer contaminação com de doenças humanas e de animais domésticos. Estamos perdendo esses animais um a um (nos últimos 3 anos), a cada incêndio, desmatamento, construção irregular; uma série de episódios de mortes. Por íltimo (em março/2019) uma espécie foi morta após ataques de dois pit bulls soltos e sem focinheira.
Há anos, vários descasos, usos e ocupações desordenadas acontecem, problemas se arrastam e nada muda. O Moreno pode ser um ativo ambiental, um ponto turístico, um monumento natural, uma área de proteção ambiental, um santuário dos bichos preguiça de Vila Velha.
Hoje a inércia, ineficiência e insuficiência da gestão pública ambiental impede o reposicionamento econômico e empresarial de cidades como Vila Velha, que tem vocação para o turismo, mas não consegue usar seus ativos ambientais, muito menos atrair investimentos para esse setor.
Por isso, e diante de todo o contexto, entendemos que tecnicamente e legalmente deve haver a paralisação e o fechamento das vias que dão acesso às vegetações e aos topos do Morro do Moreno, e o mais rápido possível, devem ser bloqueadas pela guarda municipal ambiental.
Atividades como a tirolesa, obras sem autorização, serviços oferecidos aos visitantes, não podem impactar espécies em extinção, e sendo autorizadas, devem acontecer com regulação, segurança e controle de fluxo.
Um estudo sobre todas as legislações que parametrizam a legalidade da medida apontada pelo Instituto Jacarenema foi elaborado para auxiliar o Ministério Público a tomar providências urgentes e emergenciais visando uma resposta à altura dos impactos existentes, a exemplo da tirolesa, efeitos que vem extinguindo bichos preguiça no Morro do Moreno; é um alerta máximo do Instituto Jacarenema.
Município precisa ter atrativos para o turismo
A Ammor (Associação de Moradores do Morro do Moreno) é constituída por uma comunidade organizada e consolidada, com módulo de serviço de atendimento ao cidadão (SAC) construída pelos moradores, com patrulhamento diuturno da Polícia Militar e da Guarda Municipal; videomonitoramento de suas principais ruas e avenidas e vem, colaborando com o município de Vila Velha no que se refere à segurança pública, à pratica de esportes com o desenvolvimento do turismo, etc. A Ammor é também a principal interessada na conservação da localidade, sendo de seu interesse a efetiva proteção ao meio ambiente, evitando-se invasões, para dar segurança jurídica à população vila-velhense.
A associação concorda com a instalação da tirolesa ou com a prática de qualquer outro esporte que venha a ser criado no Morro do Moreno, desde que não perturbe o sossego e a tranquilidade do bairro e dos visitantes, não ultrapasse os limites das regras ambientais, e sobretudo não traga movimentação de pessoas de forma a causar malefícios à vegetação e aos animais.
Nosso município precisa contar com equipamentos atrativos para o turismo, e o Espírito Santo deve adotar medidas urgentes para deixar de ser mera rota “de passagem” para o turismo da Região Nordeste. E esta iniciativa é um bom passo nesse sentido. Por isso, não fazemos qualquer oposição ao empreendimento, que certamente será analisado pelos órgãos competentes antes da instalação e início das atividades.
Ainda, no intuito de uma solução permanente para a situação do Morro do Moreno, o novo PDM aprovado em novembro de 2018, está possibilitando a regularização fundiária do local, com o licenciamento ambiental do loteamento existente (vide matéria de A Gazeta de 28/11/2018).
Tal licenciamento está elucidando os reais impactos da ocupação humana, além de apontar medidas mitigadoras e de compensação que podem trazer potenciais impactos positivos ao meio biótico nativo no local.
Dentre estas medidas previstas podemos citar: a realização de obras de adequação de vias e sistemas de drenagem de água da chuva; a elaboração de estudos mais adequados sobre a flora nativa local, que possibilitam um diagnóstico e mapeamento das fitofisionomias mais precisos; o controle e manejo de espécies exóticas invasoras nos diversos ecossistemas do Morro do Moreno; a regularização de atividades esportivas e de ecoturismo no local, entre outras medidas.
A contribuição de entidades ambientais ao Morro do Moreno é igualmente importante quando visa educação ambiental, assim como promove mutirões para cata de lixo abandonado nas trilhas com resultados positivos. E será sempre bem-vinda, como não poderia deixar de ser. O que é renegado pelo controle e manejo de espécies é a introdução sistemática de animais capturados em outros habitats e trazidos para o local com o fim de perpetuação de espécie ou para a caracterização da área como de proteção integral, como é o caso das preguiças ali existentes!
Está comprovado que o espaço do Morro do Moreno (a área física) não comporta, nem oferece a estes animais a variedade biológica e o tamanho de uma reserva ideal para seu desenvolvimento e de seus futuros descendentes.
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