O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porta de entrada para o ensino público superior, é uma fase de grande pressão para os estudantes. Com o objetivo de auxiliar na preparação para a prova, composta por 180 questões e uma redação, 121 escolas da rede estadual do Espírito Santo adotam, desde 2019, a plataforma Letrus, que utiliza inteligência artificial.
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Cinco meses antes do Enem, alunos passam a inserir na ferramenta suas produções textuais. Automaticamente, cada um recebe retorno com a análise feita pelo sistema. Ao final das redações propostas e realizadas, a plataforma indica a evolução do estudante.
O uso do programa foi tão positivo que 90% dos estudantes conseguiram melhorar as notas na redação do Enem. O projeto se tornou a primeira iniciativa brasileira a ganhar o Prêmio Rei Hamad Bin Isa-Al Khalifa, entregue desde 2005 pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), e hoje funciona em todas as escolas estaduais capixabas por meio do Programa Sedu Digital.
Para o secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo, esse é apenas um exemplo de como a IA pode contribuir para o aprendizado. “A IA ajuda-nos a ganhar escala. Para fazer um atendimento personalizado como a plataforma faz, teríamos que ter uma quantidade de professores que nem sequer existe no mercado. Quando temos essa escala, conseguimos identificar soluções mais assertivas e propor políticas educacionais para melhorar o aprendizado do estudante”, enfatiza.
O secretário explica que a IA sozinha não garante melhoria no ensino.
Outro exemplo de IA no auxílio do aprendizado é o projeto desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Hunney Everest Piovesan, em Cariacica. Com ela, os estudantes aprendem gênero textual discursivo, oral e curadoria, a partir da elaboração de roteiros para podcast por meio do ChatGPT.
Segundo o professor de Língua Portuguesa Weslley Mageski da Silva, responsável pelo projeto, foi perceptível o interesse dos estudantes pelo tema proposto. “Como resultado pedagógico, observamos a assimilação da aprendizagem, engajamento, socialização e trabalho colaborativo entre os alunos”, detalha.
Além do uso dos Recursos Educacionais Digitais (REDs), o projeto utilizou as metodologias ativas da sala de aula invertida e o movimento maker, que propõe aprendizado e autonomia. “Fiquei entusiasmado ao perceber o quanto é importante inserir no contexto da sala de aula as realidades que nos afetam diariamente. Não imaginava que os alunos desconheciam o uso da inteligência artificial para o auxílio de tarefas do dia a dia. A princípio, eles imaginavam que fosse apenas um mecanismo de busca, e não compreendiam o conceito de chatbot. Essa, sem dúvida, foi a grande descoberta para eles.”
O Espírito Santo conta com 406 escolas públicas estaduais com mais de 200 mil alunos matriculados. Ao todo, mais de 15 mil professores cumprem a missão de ensinar as matérias que fazem parte da grade curricular de ensino.
A Secretaria de Educação do Espírito Santo (Sedu) implementou em 2023 a certificação “Escolas do Futuro”, que visa a fomentar a inovação. Cinco escolas já foram certificadas: Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral (CEEFMTI) Pastor Oliveira de Araújo, em Vila Velha; Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Mario Gurgel, também em Vila Velha; Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Hunney Everest Piovesan, em Cariacica; EEEFM Major Alfredo Pedro Rabaioli, em Vitória; e EEEFM Marinete de Souza Lira, na Serra.
De Angelo explica que, para a instituição conquistar essa certificação, os professores das unidades recebem uma capacitação específica, que tem como finalidade oferecer a vivência prática baseada na aprendizagem criativa.
“A proposta é que, em 2024, mais 10 unidades de ensino sejam certificadas e, até 2025, um quarto de todas as escolas públicas estaduais torne-se Escolas do Futuro. O objetivo do programa é incentivar a inovação, que pode ser até sem o uso de tecnologia, por meio de novas metodologias de ensino”, confirma o secretário.
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