Nas regiões montanhosas do Espírito Santo, municípios que têm a maior parte de sua economia voltada ao agronegócio começam a caminhar rumo ao projeto de cidades inteligentes.
Em Venda Nova do Imigrante, na Região Sudoeste Serrana, a proposta é garantir mais segurança e eficiência. A cidade está no processo de instalar um programa de videomonitoramento para vias públicas, abrindo as portas para um arsenal de funcionalidades, desde reconhecimento facial para identificação de criminosos até a localização de pessoas desaparecidas.
A Secretaria Municipal de Administração prevê a instalação dos equipamentos para 2024. Recentemente, a reativação do Gabinete de Gestão Integrada (GGIM) impulsionou as discussões sobre o projeto.
“Investir em inteligência artificial (IA) não apenas aprimora a qualidade de vida dos cidadãos, mas também posiciona Venda Nova do Imigrante como um município inovador e preparado para enfrentar os desafios do futuro. Acreditamos que o investimento em IA é fundamental para promover o bem-estar e a prosperidade do município”, destaca a administração municipal.
A busca por inovação não se limita a Venda Nova. O município de Santa Maria de Jetibá, na Central Serrana, fez parceria com a EDP para substituição de 642 pontos de iluminação pública por LED, representando um investimento de mais de R$ 470 mil.
As lâmpadas LED não apenas oferecem economia de energia, longa vida útil e baixo impacto ambiental, mas também simbolizam um passo em direção à eficiência energética e à sustentabilidade. A ação, além de trazer benefícios ambientais, resultará em uma economia de energia equivalente ao consumo médio de 249 residências por ano.
A cidade se prepara ainda para colocar em funcionamento o Cerco Inteligente, incorporando seis câmeras estrategicamente posicionadas e integradas à Plataforma Tecnológica de Monitoramento Veicular, criada pelo governo do Espírito Santo.
Essa iniciativa vai utilizar a inteligência artificial para aprimorar a eficiência e agilidade nas ações de segurança, proporcionando mais tranquilidade aos moradores.
Gilberto Sudré, especialista em Tecnologia da Informação e Cibersegurança, aponta que o Espírito Santo ainda tem um longo caminho a percorrer para que possa fazer o melhor uso da IA a seu favor.
“Apesar de algumas iniciativas pontuais, o uso da IA nos serviços oferecidos pelas cidades do ES ainda é pouco. É uma tecnologia nova para o setor público e estamos apenas no início de sua adoção. É normal que tenhamos um processo de aprendizado e adaptação às necessidades do serviço público”, pontua.
De acordo com Sudré, os principais desafios estão na privacidade e na segurança de dados da população e de suas prefeituras, a desigualdade digital e mesmo uma baixa aceitação pública diante de uma extensa coleta de dados, o que exigiria uma espécie de conscientização e engajamento.
Sudré aponta que as dificuldades apresentadas diante do uso da IA podem ser superadas ou minimizadas com ferramentas entre população e poder público.
“Estabelecer regulamentações e políticas claras para orientar o uso responsável da IA na gestão de cidades é uma das saídas. Isso inclui regras sobre privacidade, ética, transparência e segurança. É importante envolver os cidadãos no processo de tomada de decisão. Consultas públicas, reuniões e pesquisas podem ajudar a entender as preocupações dos moradores.”
O especialista ressalta a importância da capacitação de profissionais diante das inovações constantes. “O impacto da IA será sentido, principalmente, por trabalhadores que atuam em áreas que podem ser substituídas por automação ou processos automatizados. Áreas com uso intenso de criatividade ainda não serão afetadas. Uma frase bastante popular nessa área é: ‘você não será substituído pela inteligência artificial, mas por alguém que sabe usá-la’”, finaliza Gilberto Sudré.
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