O enfrentamento ao coronavírus potencializou a integração entre pesquisadores capixabas e impulsionou investimentos de recursos públicos em pesquisa e inovação, com o lançamento de editais específicos para apresentação de projetos voltados ao combate da doença no Espírito Santo.
O governo do Estado destinou R$ 3 milhões para o apoio a projetos com ações efetivas e inovadoras para enfrentar à Covid-19, por meio do edital lançado em abril de 2020, pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), autarquia vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti).
A diretora técnico-científica da Fapes, Denise Rocco de Sena, explica que o órgão investiu R$ 170 mil na produção de protetores faciais, distribuídos nas unidades de saúde do Estado e R$ 200 mil foram utilizados na manutenção de ventiladores e respiradores da rede pública de saúde capixaba.
Segundo ela, também foi aplicado R$ 1 milhão em apoio financeiro à adequação e implantação de um laboratório multiusuário de nível de biossegurança 3 (NB-3/OMS) na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O espaço será usado para o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e estudos da patogênese do vírus SARS-CoV2 e outras viroses emergentes e reemergentes.
“Outra chamada pública será para seleção de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação que promovam a melhoria da qualidade da atenção à saúde no Estado em parceria com CNPq e Ministério da Saúde. Trata-se do Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), por meio do qual serão destinados R$ 2 milhões em recursos”, informa Denise.
Nessa chamada, foram priorizadas linhas de pesquisa envolvendo temas como estudos dos fatores envolvidos no tempo de internação de acometidos por Covid-19, impactos no orçamento das unidades de saúde, identificação de gargalos e propostas de aprimoramento e estudos sobre a gestão das práticas de saúde em resposta à pandemia e desenvolvimento de propostas para seu aprimoramento.
No Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), da Ufes, há pelo menos 12 projetos relacionados à Covid em desenvolvimento. Um deles utiliza a espectroscopia por infravermelho para a realização de testes que identificam, de forma rápida e de baixo custo, as tendências e as reações em tempo real do novo coronavírus.
O coordenador do projeto e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da Ufes, Valério Barauna, explica que a espectroscopia de infravermelho é uma técnica analítica rápida, de baixo custo, sem reagentes, não invasiva e não destrutiva, capaz de gerar um espectro de impressões digitais de materiais biológicos.
Na avaliação do coordenador de projetos do Hucam, o professor de Fisiologia, José Geraldo Mill, o Espírito Santo conta com uma comunidade científica relativamente pequena. Segundo ele, o Estado abriga cerca de 1.500 pessoas com doutorado. Mil reconhece a importância da Fapes, mas destaca que os investimentos em pesquisa, de modo geral, ainda são pequenos.
Já nos campi do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), o destaque vai para a produção e entrega de mais de 4 mil litros de álcool glicerinado, 8 mil litros de solução de hipoclorito e mil litros de sabonete líquido. A instituição afirma que estão pactuadas as entregas de mais 18 mil litros de produtos (12 mil litros de álcool glicerinado e 6 mil litros de sabonete líquido).
No campo da pesquisa e desenvolvimento de projetos, o Ifes cita uma proposta que visa à esterilização de objetos como celular, chaves e até mesmo a compra do supermercado por meio de uma câmara que emite radiação ultravioleta. A exposição dos itens por cerca de 10 a 15 minutos eliminaria qualquer microrganismo, incluindo o vírus SARS-Cov,2, que provoca a Covid-19.
A iniciativa é coordenada pelo professor e doutor em Física, Filipe Leôncio Braga. Já na corrida em direção ao encontro de um medicamento eficiente contra o coronavírus, o pós-doutor em Glicobiologia e professor do Ifes, Arlan da Silva Gonçalves, desenvolve um planejamento por modelagem molecular de inibidores do SARS-Cov,2, e tem como alvo a enzima que mantém vivo o vírus responsável pela Covid-19.
“Durante a pandemia, o Ifes passou por uma série de desafios, na parte educacional e na parte da pesquisa. A questão pandêmica marcou a capacidade dos nossos pesquisadores em trabalhar e superar essas adversidades. Com a força deles, dos servidores e alunos, a gente produziu bastante coisa”, declara o professor e pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Ifes, Andre Romero.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta