A indústria de petróleo em terra passa por uma transformação impulsionada pela adoção estratégica de inteligência artificial (IA) e processamento de dados. O foco não se limita mais à identificação de novos campos petrolíferos, mas visa à eficácia e precisão que a tecnologia está trazendo para o setor.
Com o auxílio dessas ferramentas, a expectativa é que a atividade onshore triplique a produção até 2025, alcançando 21 mil barris de óleo equivalente por dia, gerando 2 mil novas vagas de trabalho nos próximos dois anos.
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), existem ao menos dez companhias atuando ativamente nas atividades de exploração e produção de petróleo em terra. Entre elas estão: a 3R Petroleum, a Seacret, a BGM, a Capixaba Energia, a Imetame, a Mandacaru, a Tarmar e a Vipetro.
Essas empresas, de pequeno e médio porte quando comparadas a gigantes como Petrobras, Shell e Equinor, que atuam no mercado offshore, contam com dados sísmicos da ANP para conduzir os negócios operacionais. Mas enfrentaram o desafio de analisar esse volume massivo de informações.
O emprego de supercomputadores emergiu como facilitador-chave, proporcionando análises mais aprofundadas e representações mais refinadas do subsolo. Essas interpretações são vitais para expandir estudos e garantir uma exploração e produção seguras do petróleo nos campos terrestres.
O presidente da EnP Energy, Marcio Felix, explica que a iniciativa da ANP de disponibilizar esse conjunto de dados visa a atrair investimentos exploratórios privados. “Os dados permitem que se conheçam, ainda na fase inicial do processo, todas as informações do local onde é possível encontrar óleo. Nessa indústria, a interpretação dos dados com o uso de inteligência artificial é uma tendência sem volta”, contextualiza, ao acrescentar que a mesma tecnologia tem sido usada para estudar a área de sal-gema no Norte do Espírito Santo.
Felix pondera que o acesso às novas tecnologias ainda é complexo. “Só grandes empresas têm supercomputadores. As menores do Espírito Santo têm se unido para usar o supercomputador do Senai Cimatec da Bahia. Essa junção de forças também permite a contratação de especialistas para tornar os dados mais apurados e integrados”, prossegue.
O empresário enfatiza que o impacto dessa revolução não pode ser subestimado. A inteligência artificial, alimentada por supercomputadores, confere assertividade à descoberta de campos de petróleo. Ao perfurar um poço em uma área, as condições normais oferecem uma chance de 20% de encontrar petróleo. Com o auxílio da tecnologia, as empresas vão além. “A inteligência artificial traz mais chances de identificar onde estão os maiores volumes e as melhores condições para a produção de petróleo.”
Felix afirma que buscar parcerias é essencial em um cenário em que inovações estão intrinsecamente ligadas ao mundo digital. “A indústria do petróleo, em particular, vive um desafio, porque as inovações estão muito associadas ao mundo digital, diretamente, ou a novas formas de energia. Então, as grandes indústrias têm alguns mecanismos do próprio governo federal para poder usar parte do dinheiro que pagariam de royalties como verba de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Os pequenos não têm essa facilidade, a inovação é mais em casa ou em associação com outras empresas.”
Além do uso de inteligência artificial, as empresas têm investido em drones, para fazer o acompanhamento e controle computacional, e também em monitoramento a distância, como destaca Durval Vieira de Freitas, da DVF Consultoria. “Em vez de ter pessoas indo até o local, é possível ter essas informações com as fotografias. Isso traz mais agilidade, diminui o custo e aumenta a produtividade”, afirma.
Ele cita como exemplo a empresa 3R Petroleum, operadora no Polo Peroá, no Norte do Espírito Santo, que conta com um sistema de monitoramento dos campos de exploração de petróleo a distância, e outras iniciativas capixabas que têm impulsionado a inovação no setor.
“Estamos felizes que esse comando todo de automação foi desenvolvido por uma empresa capixaba, a 2Solve, com placas de computadores de comando dos poços a distância. É uma referência no Brasil que foi criada no Espírito Santo. Tem também a Etinov, que fabrica bombas especiais para tirar petróleo com alta tecnologia, dá um rendimento melhor na produção e na captação, porque nosso petróleo é mais pesado, consegue explorar de forma mais sustentável, sem agredir tanto o meio ambiente”, ressalta.
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