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ES dribla os desafios para a economia crescer mais em 2025

ES dribla os desafios para a economia crescer mais em 2025

Espírito Santo se empenha em manter o equilíbrio fiscal e faz investimentos para blindar a economia capixaba das turbulências no cenário nacional e dos impactos da reforma tributária

Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 17:57

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Rampa de voo livre:
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Rampa de voo livre: turismo vai receber investimentos para aumentar arrecadação. (Fernando Madeira)

Baixa taxa de desemprego, crescimento superior ao do Brasil, ambiente propício a investimentos e solidez fiscal. É com esse cenário que o Espírito Santo se prepara para começar o ano de 2025.

Em 2024, o Estado chegou a alcançar a taxa de 4,5% de desemprego, a menor da série histórica, iniciada em 2012. Conquistou também, pelo 13º ano consecutivo, a Nota A na avaliação da Capacidade de Pagamento dos Estados e Municípios (Capag), concedida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

Só que, em 2024, a nota foi elevada para A+, o que representa que o Estado recebeu nota máxima nos três indicadores da capacidade de pagamento — endividamento, poupança corrente e liquidez relativa — e também no Ranking da Qualidade da Informação Contábil e Fiscal.

Como reflexo desse bom ambiente, o próximo ano já chega com expectativa de aumento nos investimentos, tanto do governo estadual como da iniciativa privada. No quesito investimentos públicos, para 2025, o Estado quer investir 20% da receita total.

Na análise de especialistas, a economia do Espírito Santo deve ter impulso superior ao do Brasil no próximo ano, assim como foi no ano de 2024. Para 2025, por exemplo, o Banco Central projeta crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2%, enquanto o Banco Mundial estima 2,2%.

Pablo Lira, diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), acredita que a taxa de desemprego deve continuar caindo no Espírito Santo, embora não seja esperada uma queda tão forte quanto em 2024.

Em 2025, o crescimento da economia capixaba deve ser acima da média nacional, puxado pela indústria, pelo turismo e por investimentos em infraestrutura.

A previsão do Bradesco para 2024 é de 5,2% no avanço do PIB capixaba, bem acima das estimativas previstas para o Sudeste (2,9%) e para o país (1,7%).

No primeiro e segundo trimestres do ano, a expansão da economia estadual foi de 3,1%, de acordo com estudo do IJSN. O resultado tem relação com a combinação de altas de 4,5% no setor de serviços, de 1,3% na indústria geral e de 0,7% no comércio varejista ampliado.

No caso do setor industrial, Lira destaca que o Espírito Santo é o Estado do país com a segunda maior participação da indústria na economia, graças a investimentos em novas tecnologias e diversificação da produção.

Na área do turismo, há potencial para o Espírito Santo se tornar um polo turístico, com foco em experiências e aventura, atraindo visitantes de outros Estados e países. Já no campo da infraestrutura, investimentos em obras, como a duplicação da BR 262, a Ferrovia Centro-Atlântica e o Porto Central, em Presidente Kennedy, devem impulsionar o desenvolvimento econômico.

No entanto, Lira lembra que o Estado também enfrentará desafios, como a reforma tributária e a necessidade de atrair mais turistas, para além do mercado interno, o que exige atenção do governo e dos municípios. “Está se apostando muito no fortalecimento da economia do turismo no Espírito Santo, para aumentar a arrecadação. Mas, hoje, o turismo do Estado ainda é muito interno. É preciso atrair turistas de outros Estados e de outros países”, defende.

Na avaliação do economista-chefe do Banestes, Antonio Marcus Machado, será difícil para o Espírito Santo ultrapassar em 2025 os bons índices de 2024, por dois motivos.

Um deles é a reforma tributária, que prevê o fim dos subsídios fiscais. Como o Espírito Santo se fortaleceu muito com os incentivos tributários, as mudanças podem acabar impactando a atração de investimentos.

O segundo ponto tem relação com as eleições dos Estados Unidos e seu protecionismo, com provável valorização da moeda norte-americana. Mas Machado ressalta que a principal influência na alta do dólar está ligada aos gastos do governo federal.

Antonio Marcus Machado, economista-chefe do Banestes: "Se o governo federal continuar gastando muito, sem respeitar o equilíbrio fiscal, menos investidores se interessam pelo país". (Divulgação)

“Se o governo federal continuar gastando muito, sem respeitar o equilíbrio fiscal, menos investidores se interessam pelo país. E o Espírito Santo tem uma ligação muito grande com o resto do país pelo setor portuário. Além disso, os Estados Unidos são destino de 30% das nossas exportações, como rochas, celulose, ferro, minério e café solúvel. Se eles optarem por aumentar o protecionismo, isso deve diminuir, o que reduz a receita do Estado”, detalha.

Segundo Marília Silva, economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e gerente-executiva do Observatório da Indústria, as projeções indicam um crescimento moderado em diversos setores, tanto em 2024 quanto para 2025, acompanhando a recuperação observada em 2023, com ajustes pontuais, devido a fatores internos e externos.

A indústria, apesar de um crescimento mais lento, é impulsionada pela atividade petrolífera, especialmente com o início da operação da plataforma Maria Quitéria, da Petrobras, no Litoral Sul capixaba. Outras áreas, como metalurgia e papel e celulose, enfrentam oscilação, de acordo com a demanda internacional.

Navio-plataforma Maria Quitéria, da Petrobras, opera no litoral do Espírito Santo. (Divulgação/Yinson)

Ela pontua ainda que a indústria de transformação, embora cresça, enfrenta desafios, sobretudo pela influência da taxa de juros e de demandas externas. Já o setor de serviços se destaca, com forte participação do transporte, beneficiado pela produção agrícola elevada e movimentação portuária.

O desempenho agrícola no Estado também deve ser acompanhado com atenção, em especial o cultivo do café, que enfrenta a bienalidade negativa no próximo ano. Em 2024, o Bradesco estima um crescimento de 34% no valor bruto da produção agropecuária.

O setor de energia experimenta alta no consumo devido às temperaturas elevadas. Já a construção civil, embora tenha crescido em 2024, depende diretamente das variações na taxa de juros para manter-se estável em 2025.

Na avaliação da economista-chefe da Findes, a alta taxa de juros e uma política fiscal contracionista do governo federal podem impactar o crescimento econômico do setor de comércio e serviços, em 2025, reduzindo o consumo das famílias.

Marília Silva, economista-chefe e gerente-executiva do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes)
Marília Silva, economista-chefe e gerente-executiva do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). (Divulgação)
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Um ponto de atenção para 2025 é o cenário de taxa de juros mais elevada, em decorrência de uma pressão inflacionária. Com o objetivo de reduzir essa inflação ou de deixá-la mais próxima da meta, o governo federal está sinalizando uma política fiscal mais restritiva.

Marília Silva
Economista-chefe da Findes
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Por isso, a gestão fiscal e o controle da inflação serão determinantes para o crescimento da economia capixaba. “A expectativa é de crescimento econômico em 2025, mas o cenário requer cautela devido ao impacto das políticas nacionais sobre os investimentos e à expectativa de redução do consumo local”, pontua.

Mercado de trabalho

Dados do mercado de trabalho também revelam o bom momento para a economia capixaba. Entre janeiro e outubro de 2024, foram criados 41.785 postos com carteira assinada no Espírito Santo, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho.

O setor de serviços foi o que abriu mais empregos. Foram mais de 21 mil oportunidades criadas nos dez primeiros meses do ano. A indústria ficou em segundo lugar, com aproximadamente 8 mil novas vagas. Já a construção civil e o comércio, ofertaram, cada um, cerca de 8.500 chances de colocação.

Segundo o Caged, o Estado alcançou 916.113 pessoas empregadas na iniciativa privada, o maior valor desde 2020, quando fechou o ano com estoque de 740.804 empregos

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