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ES traça planos para aliar a fase do petróleo à onda de energia renovável

ES traça planos para aliar a fase do petróleo à onda de energia renovável

Embora os investimentos no setor de petróleo e gás continuem robustos para os próximos anos, os incentivos ao desenvolvimento de energias limpas ganham espaço no Estado capixaba

Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 14:20

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 A plataforma P-57 operando no campo de Jubarte, no pós-sal do Espírito Santo, participou do piloto da tecnologia
Produção de petróleo no litoral capixaba. (Agência Petrobras)

O Espírito Santo é um Estado protagonista no cenário nacional quando o assunto é petróleo e gás natural: somos o terceiro maior produtor de petróleo e o quinto maior produtor de gás natural em todo o Brasil. Paralelamente, o Estado tem se destacado em relação à produção de energia oriunda de fontes renováveis, com um potencial para crescer 300% nos próximos sete anos, de acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Embora os investimentos em energias fósseis sejam ainda robustos e adotem tecnologias para maior eficiência operacional e redução de danos ao meio ambiente, os incentivos para o desenvolvimento de energias limpas se tornaram um compromisso do Estado no caminho da descarbonização e da transição energética.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2023, o Espírito Santo produziu uma média de 169,7 mil barris de petróleo por dia, quantidade 23% superior à registrada no ano anterior. Já com relação ao gás natural, no mesmo período, a produção capixaba foi de 4,2 milhões de metros cúbicos (m³) por dia, volume 22,5% maior do que o de 2022. Em 2024, foram produzidos por dia 162 mil barris de óleo e 3,9 milhões de m³de gás.

Essa extração está sendo potencializada, sobretudo com o início da operação do FPSO Maria Quitéria, navio-plataforma da Petrobras localizado no Campo de Jubarte, na área conhecida como Parque das Baleias, porção capixaba da Bacia de Campos. A embarcação tem capacidade de produzir diariamente até 100 mil barris de óleo e de processar até 5 milhões de m³ de gás.

O Maria Quitéria é equipado com tecnologias para redução de emissões, incluindo o ciclo combinado na geração de energia, que permite maior eficiência operacional associada à redução em 24% de emissões operacionais de gases de efeito estufa.

O projeto prevê o pico de produção para 2026, com a interligação dos poços na plataforma – será um total de oito poços produtores e oito poços injetores de água, que têm por função justamente aumentar a produtividade e o tempo de produção do reservatório.

“Nossa expectativa é que o pico de produção da unidade seja alcançado entre seis meses e um ano, e o Espírito Santo poderá contar com esse óleo e esse retorno”, salientou a presidente da Petrobras Magda Chambriard, durante reunião com o governador Renato Casagrande, em outubro de 2024.

Atualmente, já estão em operação no Parque das Baleias as plataformas P-57, P-58 e FPSO Cidade de Anchieta. Com a entrada em operação do Maria Quitéria, em plena carga, essa unidade corresponderá a cerca de 40% da produção do campo.

Bilhões em investimentos

Segundo o levantamento do Anuário de Petróleo e Gás feito pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), estima-se que até o ano de 2028 o Estado receberá um montante de R$ 36,9 bilhões de investimentos no setor. No total, foram levantados 12 projetos onshore e offshore (terra e mar).

Dentre os principais investimentos, destacam-se, além do FPSO Maria Quitéria — que representa um investimento de R$ 25,1 bilhões — o projeto do campo de Wahoo, da Prio (R$ 4,5 bilhões); o projeto de expansão da Seacrest nos polos Cricaré e Norte Capixaba (R$ 2 bilhões) e o projeto da BW Energy de revitalização do campo de Golfinho e Camarupim (R$ 4 bilhões).

Na área de distribuição do gás natural, o Espírito Santo também tem recebido muitos investimentos. A ES Gás, do Grupo Energisa, só de julho a setembro de 2024, investiu R$ 21,6 milhões para o crescimento da rede, praticamente o dobro do aportado no mesmo período de 2023. Os investimentos foram focados principalmente em obras de expansão urbana e saturação. A estimativa é fechar o ano totalizando R$ 100 milhões em investimentos.

Segundo Fábio Bertollo, diretor-presidente da ES Gás, a empresa planeja continuar investindo na expansão da infraestrutura para novas localidades e também está ampliando os serviços nas cidades onde já atua. A Serra é um dos municípios onde a companhia passou a aumentar a sua cobertura. Em Guarapari, a partir de janeiro de 2025, entre 5 mil e 6 mil consumidores terão acesso ao gás natural.

Energias renováveis

Se os investimentos em petróleo e gás estão a todo vapor, o estímulo à implantação de projetos geradores de energia limpa não fica para trás. O Plano Estadual de Descarbonização e Neutralização de Gases de Efeito Estufa, desenvolvido pelo governo do Estado, contempla iniciativas focadas na transição energética, com programas de substituição de fontes energéticas com alto teor de carbono e origem fóssil e de estímulo à implantação de projetos geradores de energia limpa, como o gás, particularmente o biometano. Além disso, o plano incentiva projetos de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, como a fotovoltaica e a eólica.

Em alinhamento a esse objetivo, foi criado o Programa Gerar, com foco na expansão do parque de geração de energia renovável do Estado, para o qual a Secretaria de Desenvolvimento do Espírito Santo (Sedes) articula medidas de estímulo como aspectos regulatórios, tributários e financiamentos.

Bandes tem linha de financiamento voltada para placas fotovoltaicas
Bandes tem linha de financiamento voltada para placas fotovoltaicas. (Pixabay)

Exemplo dessas medidas são as linhas de financiamento para energias renováveis disponibilizadas pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). São cinco linhas diferentes, que vão de iniciativas voltadas para empresas que desejam comprar máquinas e equipamentos com maiores índices de eficiência energética ou que contribuam para a redução da emissão de gases de efeito estufa, até uma linha voltada especificamente para o investimento em placas fotovoltaicas, miniusinas solares e fomento de fontes de energias sustentáveis. O valor total de crédito liberado para energias renováveis soma R$ 35,5 milhões.

A empresa Apolo Solar, especializada em sistemas de geração de energia por meio da fonte fotovoltaica, recebeu suporte financeiro do Bandes pela linha de financiamento do Fundesul Presidente Kennedy. O projeto de expansão da empresa consistiu em construir, instalar e operar no município uma usina com capacidade de 2,6 MW (megawatts) de potência, contratando, para tanto, R$ 9,5 milhões do fundo.

O diretor de Negócios do Bandes, Marcos Kneip, explica que a estruturação de projetos como o da Apolo Solar não somente beneficia as regiões onde estão instalados, mas também contribui com a pauta ESG. 

Marcos Kneip é secretário de Estado de Desenvolvimento
O diretor de Negócios do Bandes, Marcos Kneip, explica benefícios dos investimentos. (Sedes/Divulgação)
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Esse tipo de iniciativa traz oportunidades econômicas que impulsionam o crescimento local de forma sustentável, atraindo investimentos e gerando empregos para a comunidade. É uma demonstração clara de como os desenvolvimentos sustentável e econômico podem caminhar de mãos dadas.

Marcos Kneip
Diretor de Negócios do Bandes
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Mão de obra qualificada

Pensando na nova matriz energética, foi inaugurado em agosto deste ano o primeiro Centro de Excelência em Energias Renováveis do Espírito Santo, localizado no Senai Civit, na Serra. O objetivo é formar mão de obra qualificada para atender às novas necessidades do mercado e estimular profissionais a liderarem esse movimento de transição no Estado e no país.

Geferson dos Santos
Diretor do Senai ES
e superintendente do
Sesi ES
Geferson dos Santos, diretor do Senai ES e superintendente do Sesi ES. (Divulgação)

No centro especializado, são trabalhadas as principais fontes renováveis, como a solar e a eólica, além de tecnologias para o carregamento de veículos elétricos. ​A unidade tem capacidade para atender 450 alunos por dia e foi montada pelo Senai em parceria com EDP, Fortlev Solar, Brametal e ES Gás.

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“O Espírito Santo tem grande potencial para desenvolver energias renováveis, como a solar, a eólica e a biomassa. Criamos um centro de formação avançado, dedicado a capacitar a próxima geração de profissionais em tecnologias sustentáveis. O mercado atual foi avaliado e indústrias foram ouvidas para atendermos às principais necessidades da área. Já estamos com uma equipe qualificada, com os melhores cursos e conteúdos, na certeza de que os alunos sairão preparados para esse novo mercado”, frisa o diretor do Senai ES e superintendente do Sesi ES, Geferson dos Santos.

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