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Espírito Santo se torna um Estado cada vez mais sustentável

Espírito Santo se torna um Estado cada vez mais sustentável

Iniciativas públicas e privadas contribuem para conduzir o Espírito Santo na direção de se tornar um Estado verde, zerando as emissões de gases poluentes até 2050

Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 18:23

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Complexo de Tubarão da Vale ganhou primeira fábrica de briquetes no mundo
Complexo de Tubarão da Vale ganhou primeira fábrica de briquetes no mundo. (Fernando Madeira)

Segundo Estado mais industrializado do Brasil, o Espírito Santo tem uma meta ambiciosa: neutralizar as emissões de carbono até 2050, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e aumentando ações de absorção ou captura de carbono, até zerar o saldo de poluentes.

Esse foi o compromisso firmado pelo governo estadual com a Organização das Nações Unidas (ONU), ao aderir à campanha Race to Zero (Corrida para o Zero) em 2021. Neste ano, o Executivo deu um passo adiante nessa direção.

Durante a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP29), que aconteceu em Baku, no Azerbaijão, em novembro, o governador do Estado, Renato Casagrande, anunciou R$ 500 milhões em financiamento para projetos de transição energética e descarbonização em território capixaba, por meio do Fundo Soberano.

Com a assinatura de um protocolo de intenções entre o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o investimento pode chegar a R$ 1 bilhão. Esse valor seria direcionado para a indústria e infraestrutura sustentável no Espírito Santo.

Com mais de 1,2 milhão de toneladas anuais de carbono apuradas e 18 milhões de toneladas projetadas, o diagnóstico climático feito pela plataforma de conteúdo e tecnologia climática ECO55 em parceria com o Bandes impactou 300 empresas, atraiu 60 delas, capacitou 130 profissionais nas áreas de gestão climática e sustentabilidade e entregou 25 inventários de gases de efeito estufa, totalizando 64% das estimativas de emissões totais de carbono no Estado. A iniciativa permite construir uma base de dados ampla sobre a sustentabilidade e a performance climática da economia capixaba.

“Introduzimos temas como a descarbonização e a transição energética na pauta das empresas, para que isso se transforme, mais à frente, em ações concretas e mensuráveis nos setores produtivos. Esse projeto gerou um conjunto de informações importantes sobre o perfil de empresas capixabas que se relacionam com o Bandes", explica o diretor-presidente do Bandes, Marcelo Saintive.

novo presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes), Marcelo Barbosa Saintive
Marcelo Saintive,  diretor-presidente do Bandes. (Bandes/ Divulgação)
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Isso nos traz a capacidade de, em um futuro próximo, termos um monitoramento eficiente de projetos financiados com os chamados ‘recursos verdes’, sempre com uma preocupação legítima em não ter uma atuação associada a práticas de greenwashing.

Marcelo Saintive
Diretor-presidente do Bandes
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Saintive destaca também a parceria feita entre o Bandes e o Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), por intermédio da qual foi feito um levantamento das necessidades de financiamento para empresas participantes da rede das duas instituições. “Estamos trabalhando em mecanismos financeiros para impulsionar projetos de descarbonização e transição energética no Estado”, pontua.

Guilherme Barbosa, CEO e fundador da ECO55, sublinha que um novo ciclo de diagnóstico climático já está sendo realizado pela startup com mais de 200 empresas da rede de fornecedores da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan). O objetivo da parceria é obter uma avaliação detalhada sobre o risco empresarial e a influência da agenda climática nos negócios.

“Para o Brasil poder cumprir os acordos internacionais, os Estados terão que dar suas contribuições, e o Espírito Santo tem uma economia muito dependente de carbono. O processo de descarbonização é uma oportunidade de enxergar os desafios, provocar soluções, trazer inovação, dar diretrizes para as empresas e fomentar a tecnologia e a educação. E é possível fazer mudanças a curto, médio e longo prazo, mas a gente precisa acelerar essa agenda”, analisa.

Guilherme Barbosa, CEO da ECO55
Guilherme Barbosa, CEO da ECO55: "É possível fazer mudanças a curto, médio e longo prazo, mas a gente precisa acelerar essa agenda". (Divulgação)

Alinhados ao plano de descarbonização do governo do Estado, que contempla medidas como linhas de crédito diferenciado para projetos de transição energética, implementação de políticas de regulamentação e atração de investimentos, os recursos anunciados pelo governador e o trabalho feito pelo Bandes e pela ECO55 com as empresas capixabas compõem as iniciativas que colocam o Espírito Santo como destaque nacional em sustentabilidade ambiental.

Hoje, o Estado ocupa a quarta posição no Ranking de Competitividade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), com saldo positivo na emissão de CO2, melhora na destinação do lixo, redução da perda de água e queda na velocidade do desmatamento.

O plano de descarbonização prevê ações de financiamento estimadas em quase R$ 5 bilhões para o alcance de 27% de redução das emissões até 2030, o que é fundamental para que o Estado cumpra com os compromissos feitos em 2021 no Acordo de Paris.

Para isso, o governo do Estado assinou um protocolo de intenções com a Findes e a Petrobras, empresa que responde por 80,3% do petróleo e 78,7% do gás natural offshore do Estado, para definir a estratégia e a viabilidade de implementação de mecanismo de captura e armazenamento de CO2 e produção de hidrogênio de baixo carbono em larga escala. Conhecido pela sigla em inglês CCUS, esse mecanismo tem potencial de mitigar a emissão de 10 milhões de toneladas anuais de carbono até 2050.

“Para pensar uma economia mais verde, o governo do Estado tem três grandes iniciativas. Uma delas é o plano de descarbonização, que aponta os caminhos que as empresas precisam seguir em cada setor. A segunda é o programa de debêntures do Bandes, com R$ 250 milhões em debêntures emitidas com recursos do Fundo Soberano para incentivar a inovação e a sustentabilidade. E a terceira é o programa Gerar, da Secretaria de Desenvolvimento (Sedes), que praticamente zera o ICMS para placas solares. Com isso, conseguimos trabalhar para mudar a nossa matriz energética”, detalha o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni.

Felipe Rigoni
Felipe Rigoni , secretário de Meio Ambiente, explica iniciativas do Estado para a economia verde. (Carlos Alberto Silva)

Representando 38,3% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba, segundo dados do Observatório da Indústria da Findes, a indústria é o principal setor na agenda de descarbonização da economia. Por isso, grandes companhias que atuam no Estado precisam dar sua contribuição para consolidá-lo como um polo industrial verde.

Em 2020, a Vale anunciou investimento entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões para reduzir suas emissões diretas e indiretas em 33% até 2030. A empresa também assumiu o compromisso de reduzir em 15% suas emissões líquidas de sua cadeia de valor até 2035. Entre os produtos desenvolvidos para alcançar essas metas, está o briquete, que diminui em até 10% as emissões de gases de efeito estufa no alto-forno. A primeira planta de briquete de minério de ferro do mundo foi inaugurada em 2023 na Unidade Tubarão, em Vitória.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale informa que toda a energia elétrica utilizada nas suas operações no Brasil em 2023 foi proveniente de fontes renováveis, como usinas hidrelétricas, eólicas e solares. Com isso, a empresa atingiu a meta de ter 100% de consumo de energia elétrica renovável dois anos antes do prazo previsto, que era 2025.

Ao bater a meta, a Vale zerou suas emissões indiretas de CO2no Brasil, mas ainda tem o desafio de alcançar 100% de consumo de energia renovável em suas operações globais até 2030. No momento, esse indicador está em 88,5%.

Programa de
restauração ambiental
recuperou mais de 24
mil hectares de áreas
florestais no Espírito
Santo, Minas Gerais e
Sul da Bahia
Programa de restauração ambiental recuperou mais de 24 mil hectares de áreas florestais no Espírito Santo, Minas Gerais e Sul da Bahia. (Suzano/ Divulgação)

Maior produtora de celulose do mundo, a Suzano mantém um programa de restauração ambiental que recuperou mais de 24 mil hectares de áreas florestais no Espírito Santo, Minas Gerais e Sul da Bahia. Segundo a empresa, esse programa se concentra no plantio de espécies nativas e na preservação da vegetação natural e já registrou mais de 1.700 espécies de fauna e flora, incluindo 151 ameaçadas de extinção.

A companhia informa que integrou o caminhão elétrico de alta capacidade, o “Atlas”, às operações de transporte na unidade de Aracruz. O veículo ajuda a reduzir em até 20% a emissão de poluentes no trajeto entre a fábrica e o Portocel, terminal por onde a produção é exportada. “A Suzano mantém a meta de disponibilizar 10 milhões de toneladas de produtos renováveis para substituir plásticos e derivados do petróleo até 2030, investindo em pesquisas para desenvolver alternativas em diversos setores, como cosméticos e pneus”, diz, em nota.

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Na ArcelorMittal, o XCarb™ é a marca do programa global de inovação na fabricação de aço e abarca iniciativas de redução das emissões de carbono da companhia. A aquisição do certificado XCarb™ permite que os clientes repassem a redução de CO2 alcançada pela ArcelorMittal em seu próprio inventário de emissões de gases de efeito estufa. A indústria, que é líder mundial em produção de aço, revela que o XCarb está presente na nova geração de carros da Stock Car Pro Series, que estreará em 2025.

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