Turismo, infraestrutura logística — com portos, rodovias, ferrovias e aeroporto — e polos industriais. Esses são alguns dos potenciais a serem explorados para impulsionar o crescimento sustentável das cidades, segundo o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), coordenado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Mais populosa do Espírito Santo, a Microrregião Metropolitana é referência na oferta de diversos serviços, o que a transforma também em um ímã, com atração de grandes fluxos de moradores de outras localidades. Todo esse contingente de pessoas gera uma intensa movimentação nos municípios e evidencia o principal obstáculo para o desenvolvimento: a mobilidade urbana.
A Capital é uma síntese do que ocorre em toda a Grande Vitória. Diariamente, milhares de pessoas saem de Vila Velha, Serra e Cariacica para trabalhar ou utilizar algum serviço de Vitória, gerando congestionamentos nas vias que se conectam à ilha.
O estudo apontou que o aumento da renda promovido nas últimas décadas, somado à estabilidade econômica e às políticas de crédito para a aquisição de automóveis, resultou em uma elevação exponencial da frota de veículos.
Foi sugerido como ponto de atenção dos gestores o bairro Enseada do Suá, área nobre que reúne diversos empreendimentos de grande fluxo de pessoas e onde fica o acesso à Terceira Ponte, por onde passam mais de 40 mil veículos diariamente.
Diante desse desafio, a Prefeitura de Vitória elaborou um estudo do fluxo de veículos que circulam pelo bairro, compreendendo o que é trânsito local (da cidade) e o que é tráfego metropolitano, na ligação direta de Vitória com Vila Velha, como explica o secretário de Obras da Capital, Gustavo Perin.
“Foi consolidada e aprovada a requalificação viária da região, com a proposta das seguintes intervenções: revitalização do pavimento, recuperação do sistema de drenagem superficial e drenagem profunda, implantação de dispositivos técnicos (baias e abrigos de ônibus), implantação de faixas adicionais para aumento de capacidade de fluxo da via, pavimento em concreto nas baias de ônibus das vias arteriais e recuperação total das sinalizações vertical e horizontal das vias e seus entornos”, elenca Perin.
Na cidade, foram citados como eixos potenciais de desenvolvimento as grandes avenidas — como a Leitão da Silva, devido às obras de revitalização, e a Adalberto Simão Nader, em virtude do novo terminal aeroportuário —, o porto, o aeroporto e o turismo. Segundo o prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini, para explorar essas potencialidades, foi necessário primeiramente fazer um ajuste fiscal na prefeitura.
“Quando a atual gestão assumiu, havia aproximadamente R$ 6,5 milhões em caixa. Para que a cidade recuperasse a capacidade de investimento, adotamos um rigoroso ajuste fiscal com corte de gastos e privilégios, que deu origem ao Plano Vitória. Hoje, já alcançamos a marca de mais de R$ 2,215 bilhões investidos com recursos próprios na cidade. Dentre as ações, destacamos o ‘Vitória de frente para o mar’, que investe na urbanização das orlas da cidade, abrangendo áreas com grande potencial turístico e gastronômico, antes sem atenção do poder público.”
Segundo o prefeito, as contas públicas melhoraram e foi possível investir em intervenções que vão beneficiar o turismo, como a revitalização da orla da Grande São Pedro, que se tornou um novo polo turístico da cidade.
“As intervenções passam por Andorinhas e Santa Luíza e deságuam no Canal de Camburi, reduzindo desigualdades sociais e trazendo novas oportunidades de geração de renda e emprego. Também vamos requalificar a Avenida Beira-Mar e temos uma série de intervenções que já ressignificaram o Centro, como a entrega do Mercado da Capital e o retrofit. Para incentivar novos investimentos privados, como na Leitão da Silva e na Adalberto Simão Nader, criamos um novo marco regulatório para aprovação de projetos e licenciamento de obras no município, com alvarás provisórios já sendo emitidos em até 48 horas”, frisa.
Em Vila Velha, a prefeitura também tem considerado alternativas para melhorar a mobilidade urbana e vem apostando, inclusive, em iniciativas voltadas para a sustentabilidade, como a oferta de bicicletas e bicicletários para os moradores. A prática contribui para a diminuição dos engarrafamentos e, ao mesmo tempo, alavanca o turismo, principal potencialidade da cidade, ao permitir que as pessoas possam pedalar pela longa orla, como salienta o prefeito Arnaldinho Borgo.
“Com foco no desenvolvimento sustentável e em mais qualidade de vida para a população e visitantes, a prefeitura tem incentivado o uso de modais alternativos. Implementou os sistemas de bicicletas e patinetes compartilhados. Dessa forma, vamos continuar trabalhando muito para impulsionar o crescimento e o desenvolvimento sustentável de Vila Velha”, sublinha.
Arnaldinho avalia que a cidade avançou em mobilidade, fruto, segundo ele, de projetos e estratégias que visam à fluidez e à segurança no trânsito. “Estamos construindo dois corredores de mobilidade, o Verde e o Amarelo, que contemplam 19 bairros com urbanização e ciclovias, investimento superior a R$ 83 milhões. Mais de 20 ruas e avenidas também foram abertas para reduzir engarrafamentos. Vamos requalificar os 32 quilômetros de orla da cidade, com a construção de 21 novos quilômetros de ciclovias. O primeiro trecho, de 6,5 quilômetros em Nova Ponta da Fruta, Ponta da Fruta e Interlagos, terá o início das obras e vai receber ciclovia, calçadão, iluminação, pavimentação e drenagem. Investimentos que contam com a parceria do Estado”, complementa.
Em Cariacica, a prefeitura adotou a sugestão do estudo de criar um centro operacional para monitorar o trânsito e, com o apoio do governo do Estado, instalou uma estação do aquaviário. “O Centro de Controle Operacional de Cariacica, instituído em 2021 no Centro Administrativo, tem desempenhado um papel fundamental na gestão do trânsito da cidade. A central utiliza tecnologia de controle inteligente semafórico, além de equipamentos modernos para monitoramento e controle do tráfego, o que tem proporcionado mais fluidez e segurança nas vias urbanas. Atualmente, Cariacica conta com uma estação do transporte aquaviário, localizada em Porto de Santana, e estamos em constante diálogo com o governo do Estado para avaliar a possibilidade de ampliação desse serviço”, afirma o gerente de Trânsito Jefferson de Amorim Pereira.
O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, por sua vez, destaca que a prefeitura tem investido fortemente nas vias que cortam o município, as principais potencialidades da cidade.“Cariacica é privilegiada por sua localização estratégica, cortada pelas rodovias do Contorno, BR 262, BR 101 e Leste-Oeste, que fazem de nosso município um verdadeiro corredor logístico do Espírito Santo. Estamos investindo pesado em infraestrutura e mobilidade urbana para aproveitar ao máximo essas potencialidades, como a construção do viaduto na Avenida Mário Gurgel (trecho da BR 262 que foi municipalizado). Essas obras não só melhoram o trânsito, mas também impulsionam o desenvolvimento econômico, gerando mais oportunidades para nossa população”, avalia.
Na Serra, a sugestão do estudo foi criar uma nova ligação entre o município e a Capital, proposta que tem sido trabalhada no âmbito do Executivo municipal, de acordo com o prefeito Sergio Vidigal.
“A ligação deverá ser construída às margens das áreas da ArcelorMittal e da Vale. O principal objetivo dessa terceira via é solucionar o obstáculo da travessia urbana da BR 101 em Carapina. A terceira ligação entre as cidades conectará a região de Carapebus a Jardim Camburi. Outro importante projeto de mobilidade é a municipalização da BR 101, que, quando passar para o município, terá um corredor exclusivo para ônibus, com o propósito de eliminar os terminais”, diz Vidigal.
Entre as potencialidades da cidade, estão o polo industrial de Tubarão, o Contorno do Mestre Álvaro, o Contorno de Jacaraípe e o turismo, setor que tem ganhado investimento da prefeitura. “Um dos destaques turísticos da Serra é a questão religiosa. Somente em 2024, nós entregamos a revitalização e reforma dos principais sítios históricos do município: Sítio Histórico de São José do Queimado, Igreja de Reis Magos e Sítio Histórico de São João de Carapina. Para essas três reformas, investimos R$ 24 milhões”, aponta.
Em Viana, os polos empresariais, a infraestrutura de transporte e logística e os ativos ambientais são potencialidades do município. Um bairro com chance de crescer na área de negócios é Marcílio de Noronha. O prefeito Wanderson Bueno afirma que, para explorar esses potenciais, a cidade passou a oferecer uma série de incentivos fiscais para apoiar o crescimento e a expansão dos negócios.
“Empreendedores podem contar com isenção de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) por um período de cinco anos; desconto de 30% no ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis); isenção de diversas taxas de aprovação e licenciamento; isenção de ISS ( Imposto Sobre Serviços) em terraplanagem, entre outros benefícios. Lançamos o sistema Desenvolve Legal, que é 100% on-line, de aprovação de projetos, em tempo real. Com esse novo sistema, projetos e licenças que geram impacto ambiental, que demoravam cerca de oito meses para aprovação, agora serão analisados em um prazo de até 45 dias”.
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