Réplicas de navios digitais, peças feitas por impressoras 3D e robôs especialistas em manutenção. É inovando que o setor de petróleo e gás offshore está conseguindo ampliar suas atividades e ter ganhos de produtividade.
A gerente de Tecnologia e Inovação do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Melissa Fernandez, explica que o Brasil tem feito investimentos crescentes em inteligência artificial (IA) nos últimos anos. “A tecnologia está presente em diferentes aplicações para melhorar a exploração, produção, refino e distribuição de recursos energéticos. Essas melhorias vêm por meio de investimentos em soluções de IA para otimizar processos, reduzir custos e minimizar riscos operacionais”, destaca.
A Petrobras, por exemplo, investiu no robô Annelida, que imita movimentos de uma minhoca para fazer a manutenção de dutos de prospecção do pré-sal. Essa limpeza permite minimizar perdas estimadas em milhões de reais com substituição de dutos danificados.
No Espírito Santo, também foi inaugurado um laboratório de impressão 3D para a criação de peças a serem usadas nas plataformas. E está prevista ainda a operação do navio-plataforma Maria Quitéria, em 2025, que será elétrico e terá capacidade de produzir 100 mil barris de petróleo por dia. A embarcação vai atuar no Parque das Baleias, na Bacia de Campos, no Litoral Sul capixaba.
Todas essas tecnologias devem contribuir para impulsionar a produção no mar, que vem passando por queda no Estado, hoje no patamar de 40 milhões de barris de óleo equivalente por ano.
A companhia também digitalizou e robotizou processos e passou a fazer uso do Digital Twins (gêmeos digitais), que permite criar réplicas virtuais das instalações operacionais, como uma plataforma, um reservatório de petróleo, um sistema submarino, um equipamento crítico ou uma refinaria. Além disso, implantou o Analytics, análise computacional sistemática de dados ou estatísticas, e investiu em computadores de alto desempenho e realidade mista para o processamento de dados.
Outra grande produtora petrolífera com atuação no Estado, a Shell integrou a IA às operações a partir de 2018, como pilar fundamental da estratégia de digitalização da empresa. Hoje, as tecnologias estão aplicadas desde a descoberta de novas fontes de petróleo até o início da produção, visando a aumentar os ganhos e melhorar a agilidade do processo. Alguns projetos novos incluem uso de Digital Twins dinâmicos em 3D para plataformas e ajudam geocientistas a terem melhores imagens da subsuperfície. A inovação auxiliou a companhia a entender e a gerenciar melhor os reservatórios.
A norueguesa Equinor, que tem negócios no Espírito Santo, está equipada com ferramentas digitais. Uma das tecnologias é aplicada na Peregrino, na porção fluminense da Bacia de Campos. A empresa opera um modelo 3D de toda a plataforma comandado por um iPad. Além de aprimorar a eficiência nas atividades de manutenção, a tecnologia também melhora a cooperação entre a plataforma e a equipe de suporte operacional em terra no Rio de Janeiro e na Noruega.
Para Melissa Fernandez todas essas inovações correspondem à perspectiva de futuro que se espera do mercado de petróleo e gás. “A afirmativa de que o futuro será digital e sustentável ganha crescente aceitação em diversos setores da economia e, na indústria de petróleo e gás, essa tendência é cada vez mais evidente. A interligação entre a transição energética e a digitalização é um fenômeno globalmente reconhecido”, pontua.
Na avaliação da gerente, esse processo de integração implicará na necessidade de investimentos substanciais em infraestrutura. “A adaptação exigirá mudanças culturais e organizacionais. A transição digital abrange a coleta e análise de grandes volumes de dados, desafios relacionados à cibersegurança e a necessidade contínua de aprimorar as competências e conhecimentos dos profissionais envolvidos”, pondera.
Ela defende que, para o futuro, as empresas precisarão estar prontas para investir de forma proativa em inovação, reformular seus métodos operacionais e colaborar com parceiros estratégicos para impulsionar a mudança. “Essa postura preparada e voltada para o futuro é crucial para enfrentar os desafios complexos e dinâmicos que o cenário do setor de óleo e gás apresenta, promovendo uma transição sustentável e digitalmente habilitada”, conclui.
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