O que era uma tendência ainda em ensaio transformou-se em cena constante da vida real (e virtual!). De repente, a pandemia deixou todos confinados dentro de casa para a sobrevivência não só de pessoas, mas também de negócios e carreiras.
Entre março e abril de 2020, instalava-se um divisor de águas no mundo do trabalho. Home office implantado, videoconferências a todo vapor, contato físico zerado. Meses se passaram e vieram o relaxamento das medidas de segurança e a ampliação da adesão ao modelo híbrido, com as atividades sendo desempenhadas parte a distância e parte presencialmente.
É o novo normal corporativo. Mas esse sistema misto é mesmo eficaz? O que levar em conta ao aderir a ele ou mesmo ao teletrabalho integral? O trabalho híbrido, se bem planejado, tende a ser uma experiência de valor. Empresas perceberam que esse novo formato mantém a produtividade em alta e ainda oferece qualidade de vida para os colaboradores, observa a psicóloga Gisélia Freitas, especialista em pessoas e carreiras.
Todas as áreas que não exigem presença física como hospitalar, laboratorial, construção civil e atividades de campo podem adotar o método mesclado, cita ela. Como uma boa ferramenta tecnológica, é possível desenvolver a maioria das atividades em casa, desde que a empresa possa auxiliar na estruturação de trabalho.
Outro ponto que ganha peso, explica a especialista, é a possibilidade de os pais participarem ainda mais da rotina de seus filhos. Mas ainda há entraves, pondera.
A prática do teletrabalho parece ter atendido às expectativas dos profissionais, aponta pesquisa recente realizada com colaboradores de grandes empresas brasileiras e também em multinacionais. O home office agradou 81,3% dos entrevistados, mostra o levantamento feito por uma companhia de soluções tecnológicas.
A consulta aponta que 60,8% dos funcionários desejam incorporar a jornada remota parcialmente após a pandemia, equilibrando assim parte da agenda de trabalho no escritório e a outra parte em casa.
Isso já é realidade na vida do analista de negócios Pedro Ferrari, de 33 anos, funcionário de uma companhia de TI que aderiu ao teletrabalho e agora abraçou de forma permanente o esquema híbrido. Uma vez, a cada 15 dias, ele vai à sede da empresa para reuniões; o restante da agenda é cumprido em home office, ou melhor, na sua varanda office, já que ele adaptou esse espaço do seu apartamento, em Itapuã, Vila Velha, como escritório.
Trabalhava numa mesinha improvisada no meu quarto. Ou seja, dormia e acordava olhando para o trabalho. Não conseguia me desligar. Na varanda, consegui criar um ambiente em que me sentia de fato entrando e saindo do trabalho, fazendo com que as oito horas fossem produtivas, e não cansativas. Eu me visto e me calço devidamente para trabalhar, para me sentir em outro ambiente que não seja o doméstico.
O home office significou redução de custos, sem prejuízo à produtividade, para Eduardo Poncio, CEO de uma empresa de marketing digital. O serviço remoto ajudou-o a entender que, neste momento, era correto adotar esse formato para assegurar a saúde dos colaboradores e de seus clientes.
Nossa prioridade sempre foi garantir a saúde mental e física de todos. Até adotarmos o teletrabalho, fizemos alguns testes. Logo depois, percebi que era vantajoso e positivo e, então, resolvi dar continuidade a ele, conta.
Com a mudança, o maior medo como gestor era perder o controle da equipe. No entanto, busquei trabalhar com alguns sistemas que medem o desempenho e controlam os prazos. Com isso, ganhei o comprometimento deles, que a cada dia mais se esforçam para entrega positiva dos resultados, destaca.
Para ele, a única desvantagem desse processo é a falta de contato físico com o pessoal. Por mais que tenhamos vários softwares para isso, é diferente quando algo não funciona e não temos mais o colega do lado para resolver o problema, explica.
Por outro lado, a mudança também refletiu positivamente na economia, já que o custo fixo da empresa sofreu uma queda de 70% com a equipe trabalhando no novo formato híbrido. Tivemos uma redução significativa com os custos de água, energia, internet e vale-transporte. Neste momento, não vemos possibilidade de retornar com os colaboradores para o escritório. Tudo está seguindo muito bem, e enquanto for assim, vamos continuar adotando esse novo método, enfatiza.
Crie seu escritório, se possível, em um lugar reservado. Estrutura simples mesmo: uma cadeira, uma escrivaninha e um computador. É importante você se sentir em horário de trabalho. Deve também evitar o entra e sai de familiares.
Se for preciso estar em constante contato com chefias e colegas, mantenha uma boa rede de conexão web em casa.
Disciplina sempre, sem dispersão. Cuidado com as redes sociais e a TV. Se elas não forem importantes para seu trabalho, limite as telas.
Nas visitas à empresa, no caso de trabalho híbrido, obedeça às medidas de segurança para evitar o contágio do coronavírus.
Certifique-se de tornar as reuniões mais produtivas e não deixar pontas soltas nas orientações para o trabalho em casa. É a hora de aparar as arestas e até eliminar conflitos. Nada como um papo olho no olho.
Ainda no trabalho remoto, certifique-se de não esquecer material em casa quando tiver de ir à empresa, ou vice-versa. Armazene documentos em nuvem ou em programas específicos, para evitar a perda de informações. São conteúdos que você pode acessar de qualquer lugar.
Esses programas são bem importantes, pois mostram o passo a passo de cada tarefa. Neles, é possível monitorar o que sua equipe de trabalho está realizando. Há opções gratuitas que podem ser acessadas via link de e-mail de qualquer lugar. E dá para adicionar participantes.
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