O mercado de trabalho está em constante transformação, seja pelo desenvolvimento de novas tecnologias que alteram a forma como as funções são realizadas, seja mesmo pela popularização de outros modelos de jornada, como o teletrabalho, impulsionado principalmente pelo período da pandemia de Covid-19. Mesmo com novos cenários, no entanto, algumas habilidades pessoais e profissionais são consideradas essenciais e, portanto, resistem às novas tendências.
Na longa lista de características que recrutadores ficam de olho na hora da contratação, muitas delas não aparecem nos currículos, por mais recheados que eles sejam. Vão aparecer somente nas entrevistas de emprego. Podem ser desenvolvidas naturalmente pelas pessoas ao longo de suas jornadas, mas cada vez mais as instituições de ensino buscam, em conjunto com a transmissão de conhecimentos teóricos e técnicos, aprimorar também essas habilidades interpessoais.
É o que aponta, por exemplo, Gianpiero Sperati, diretor de Recursos Humanos da Gupy, empresa com mais de 60 mil vagas publicadas mensalmente, com grandes corporações em sua carteira de clientes. Para ele, entre as principais habilidades buscadas pelas empresas estão mentalidade de crescimento, resiliência, tomada de decisão, agilidade e estabilidade emocional, as chamadas “soft skills”, ligadas mais ao perfil do profissional do que à sua trajetória educacional e profissional.
“São habilidades cognitivas, como pensamento lógico, capacidade de resolver problemas, entender vieses, habilidades de comunicação, como falar em público e storytelling, habilidades que fazem toda a diferença na hora de contratar uma pessoa, mas que não temos ferramentas para medir”, comenta Sperati.
A lista é imensa. Para tornar a explicação mais didática, Sperati gosta de dividir as habilidades em três grandes eixos: Interpessoal, Autoliderança e Digital. As "soft skills" estão, principalmente, nos dois primeiros eixos.
“Entre as habilidades interpessoais destaco a capacidade de mobilizar a empresa, participar de negociações, inspirar outras pessoas, ter empatia, humildade e capacidade de trabalhar em grupo. Já no eixo da Autoliderança podemos listar o autoconhecimento, saber das próprias emoções e gatilhos, ter integridade, autoconfiança, disciplina e autogestão”, destaca.
Sabendo da importância dessas competências que não saem de moda no mercado, algumas instituições de ensino têm apostado na educação profissional com uma abordagem que vai além do ensino técnico. É o caso da Cedaspy, escola de profissões que está há 30 anos no Brasil e há 13 anos em Vitória.
“O nosso foco é qualificar o jovem para o mercado de trabalho, nas áreas de informática, tecnologia, finanças, enfim, engloba um pouco de cada universo que o mercado exige. Mas eu sempre falo que não adianta ter qualificação se não tiver postura”, salienta Brenda Rodrigues dos Santos, coordenadora da unidade de Vitória.
Para ajudar os futuros profissionais do desenvolvimento dessas características, a instituição oferece um treinamento voltado ao mercado para trabalhar o marketing pessoal, a postura e o perfil dos alunos. São trabalhadas as habilidades de comunicação, proatividade, organização, comprometimento e pontualidade, por exemplo. “São traços que são obrigação, mas acabam se tornando, também, um diferencial no momento de concorrer a uma vaga”, pontua Brenda.
Não é novidade que as "soft skills”, habilidades ligadas à postura e à personalidade dos candidatos, são importantes para o desenvolvimento de um ambiente de trabalho eficiente. Em qualquer posição, ser um profissional maduro, comprometido e íntegro pode fazer a diferença.
Com a pandemia da Covid-19, no entanto, algumas habilidades se mostraram ainda mais necessárias. Com a necessidade do isolamento social como medida preventiva e a necessidade de fácil adaptação ao modelo de trabalho remoto, profissionais que dominam as habilidades de autoliderança, segundo Gianpiero Sperati, se destacaram.
Além da disciplina para atingir os mesmos resultados de casa, a pandemia também testou a estabilidade emocional dos trabalhadores. Sperati destaca que a rotina do auge da pandemia não era exatamente de home office, modelo em que a pessoa trabalha em casa, mas pode desligar-se do trabalho em períodos de descanso ao longo do dia.
“A pandemia não deixava a pessoa fazer nada, o que é muito estressante e cansativo, um pedágio altíssimo para pagar do ponto de vista social. Por isso, existe uma gestão emocional grande que é necessária. Foi um período muito difícil, mas estamos conseguindo ver uma luz no final do túnel com a vacinação”, comemora.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta