Imersão no mundo digital, novos modelos híbridos e remotos de trabalho e tendências de mercado focados na inovação. O mundo dos negócios sempre passou por mudanças constantes e teve esse processo de transformação alavancado pela pandemia de Covid-19, que esvaziou escritórios e deixou ainda mais clara a importância da tecnologia. Esse mercado, portanto, está em alta, e especialistas garantem que nele há espaço para diferentes profissões.
Segundo a coordenadora do Findes Lab, Juliana Binda, foi possível experimentar dessa importância durante a pandemia. "Trabalho remoto, ensino on-line, home office… tudo isso demonstra que a transformação é um caminho sem volta", pontua.
Assim, o mercado atual é o resultado de uma soma dos novos modelos de trabalho e uma demanda cada vez mais crescente de profissionais capazes de dominar as tecnologias e se adaptar a diferentes cenários. E essa realidade desafia todos os lados: os candidatos a se qualificarem; as universidades e redes de ensino a se atualizarem; e as empresas a se atualizarem nos processos de cultura organizacional; conforme aponta Marco Tulio Zanini, professor da FGV e especialista em comportamento organizacional.
Entre as carreiras “em alta”, Zanini destaca todas que têm ligação com o domínio e uso da tecnologia, principalmente da tecnologia da informação (TI). “Envolve redes sociais, dados, machine learning, toda a grande movimentação de análise de dados, de desenhar produtos, serviços para os novos mercados, segurança de dados”, exemplifica.
Mas, para além de demandas específicas para áreas ligadas ao Ti, Zanini ressalta que o domínio de ferramentas digitais tem se tornado diferencial em qualquer carreira, desde o cientista de dados até jornalistas e advogados que conseguem usar inteligência artificial, analisar dados e compreender profundamente sobre segurança no ambiente digital.
A mudança no perfil de profissional buscado pelo mercado deveria impulsionar, também, uma readequação de currículos e modelo de ensino nas faculdades, ponto de início da qualificação dos alunos. No entanto, ressalta Zanini, as mudanças na academia são mais lentas.
"Algumas faculdades estão fazendo um esforço genuíno para incorporar novas disciplinas e competências nos currículos, mas eu diria que existe um gap muito grande entre a velocidade das mudanças de mercado e o currículo para as universidades", pontua.
Uma forma de caminhar de forma mais próxima às expectativas dos alunos e futuros empregadores, aponta Guilherme Martins, diretor de graduação do Insper, é ouvir o mercado e investir em currículos multidisciplinares e práticos, fugindo da lógica mais tradicional e apostando na estratégia de garantir mais tempo de vivência da profissão para os alunos. O objetivo é formar profissionais que saibam unir conhecimento técnico e habilidade socioemocional.
A adequação a novos currículos de ensino é mais fácil para instituições privadas, que mantêm mais autonomia para efetuar mudanças. Algumas faculdades apostam em criar braços de educação profissional e incluir, em seu catálogo de ofertas, cursos de pós-graduação ligados à tecnologia.
No caso do Insper, por exemplo, a instituição está apostando em oferecer cursos de curta e média duração, além de MBAs e pós-graduação, na área de Data Science e programação. O catálogo conta com cursos de dados aplicados ao Direito, Economia da Saúde e negócios.
Segundo Paulo Vitor Onezorge, diretor executivo da UCL, a instituição também oferece cursos de pós-graduação voltados para duas das áreas de maior demanda: Segurança da Informação e Banco de Dados.
Seguindo a tendência da multidisciplinaridade, a instituição abre o curso de Segurança da Informação, por exemplo, para gerentes, advogados, engenheiros, administradores, ou seja, profissionais que trabalham com informação corporativa e querem se aprofundar no mercado ou atuar com gestão e consultorias.
Sem deixar de lado a demanda por profissionais inovadores, a faculdade também está apostando, segundo Onezorge, em um Hub de inovação para levar empresas para dentro da instituição, com intuito de pensar soluções e gerar novos negócios.
O novo formato influencia, também, no engajamento dos alunos com a instituição. Martins relata que instituições que adequam a esse novo modelo de ensino registram maior participação e engajamento dos alunos, que gostam de ser desafiados e ter contato com os problemas e situações da profissão desde a graduação.
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