As mudanças propostas pelo Novo Ensino Médio, que entra em vigor em 2022, dão mais autonomia e responsabilidade aos jovens, que vão poder escolher uma área do conhecimento para aprofundar os estudos desde o primeiro ano dessa etapa da vida. Isso antes mesmo de prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou um vestibular para ingressar no ensino superior. Então, como ficam os testes vocacionais, muito aplicados para ajudar nessa escolha tão importante, de que carreira seguir? Segundo profissionais da área de educação, o modelo não será extinto, mas deve passar por reformulação.
“Os testes vocacionais são uma importante ferramenta de autoconhecimento e serão ainda mais demandados, ainda mais cedo, pelos alunos. Porém, vale ressaltar que o processo vai muito além de um teste vocacional. Para uma escolha assertiva de que caminho seguir o principal é o autoconhecimento, suas potencialidades, aquilo que mais gosta, aptidões. Tudo isso pode ser feito com a ajuda de um profissional da área”, explica a psicóloga Lícia Assbu, educadora parental e gerente de Recursos Humanos da Multivix.
A profissional, que lida com estudantes em diversas fases da vida acadêmica, ressalta ainda que vale sempre conversar com a família, com profissionais que atuam no curso de interesse. Dessa forma, além dos testes aplicados em escolas e consultórios, é possível que o estudante entenda melhor a área que despertou maior interesse e até conheça novas possibilidades.
A gerente de RH da faculdade Multivix também dá outra dica valiosa: quando possível, o jovem deve fazer uma visita a empresas e universidades que atuem na área desejada ou que ofereçam cursos que ele pretende seguir. Mais do que isso, é preciso que o jovem tenha a cabeça aberta. Escolher um itinerário formativo no ensino médio não significa que ele não poderá mudar de ideia durante o percurso. Essa consciência é válida até mesmo depois da aprovação em um curso técnico ou superior, ou até mesmo depois de já concluída a faculdade.
Já para a psicóloga, pedagoga e escritora Luciane de Sousa Pires, a expectativa que o jovem tem do futuro profissional envolve uma série de questões que devem ser levadas em conta no processo de orientação vocacional. Segundo ela, o processo de autoconhecimento do jovem é primordial para que as escolhas possam ser mais baseadas na realidade e nas habilidades e motivações dele. Logo, os testes vocacionais podem, sim, ser um auxílio valoroso e não deve desaparecer, mas nunca deve ser a única ferramenta oferecida pelas instituições de ensino, seja para definir a trajetória do jovem já no ensino médio, seja no ensino superior.
“A participação no processo de orientação vocacional deve ser ativa e dinâmica, principalmente realizando pesquisa e entrevistas com profissionais que já atuam na área de interesse do orientando”, sugere Pires.
Luciane, que também atua como orientadora educacional no Atendimento Educacional Especializado, para estudantes que apresentam indicadores de altas habilidades, na rede municipal de ensino de Angra dos Reis (RJ), enfatiza ainda que a maior dificuldade dos jovens — independentemente das mudanças no ensino médio — é a falta de conhecimento sobre si e as falsas expectativas em relação ao futuro profissional com o pensamento mágico de que o dinheiro e o reconhecimento profissional virão com muita facilidade.
“Há vários movimentos de ampliação do processo de tomada de consciência que envolve uma escolha de carreira, que incluem o conhecimento sobre si mesmo, as escolhas, o mundo do trabalho e a busca de um protagonismo do jovem ou do orientando em relação a sua escolha. Por isso, o trabalho dos testes vocacionais é de auxiliar na visão sobre o orientando. Mas, de forma alguma devem ser os únicos parâmetros para conhecimento dos potenciais de quem busca a orientação profissional”, explica.
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