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Capacitação da mão de obra nas lavouras melhora qualidade do café no ES

Capacitação da mão de obra nas lavouras melhora qualidade do café no ES

Com cerca de 350 mil pessoas diretamente ligadas à produção cafeeira no Estado, a qualificação dos envolvidos ao longo do processo agrega valor ao produto; demanda por trabalhadores no setor é elevada

Publicado em 3 de setembro de 2023 às 00:30

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Aroma Capixaba
Produção de café no Espírito Santo envolve cerca de 350 mil pessoas e tem alta demanda por mão de obra. (Arquivo pessoal)

Centenas de milhares de pessoas trabalham e dependem diretamente do cultivo do café para sobrevivência no Espírito Santo. O número, que pode ser difícil de compreender, equivale a uma quantidade maior do que a população de Vitória que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 322 mil pessoas.

A quantidade expressiva de pessoas do campo e da cidade que têm relação com o café gera, naturalmente, um impacto positivo na economia capixaba, afetando a mão de obra local e mexendo até com os Estados vizinhos.

De acordo com números da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, são ao menos 350 mil pessoas envolvidas com o café no ES, de forma direta e indireta:

  • Ocupados com café dentro da propriedade de forma fixa - 200 mil pessoas
  • Ocupados com café dentro da propriedade de forma flexível - 60 mil pessoas
  • Empregos e ocupações fora da propriedade - 90 mil pessoas
  • Total - 350 mil pessoas envolvidas com o café no ES, de forma direta e indireta

São diferentes funções exercidas, desde o plantio até o beneficiamento do grão. No fim das contas, quem leva vantagem é o consumidor, que tem cada vez mais opções de cafés.

Na avaliação do extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Fabiano Tristão, a necessidade de mão de obra no Estado, atualmente, é maior do que a quantidade de pessoas disponíveis para o trabalho. Apesar do número expressivo de pessoas envolvidas, há ressalvas em relação à quantidade qualidade da mão de obra.

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Atualmente, a demanda de mão de obra é maior do que a quantidade de trabalhadores. Isso inflaciona o valor do trabalho, é complicado. Em época de colheita, muitos trabalhadores de outros municípios e outros Estados chegam às lavouras. Hoje em dia, é o maior desafio no cultivo do café

Fabiano Tristão
Extensionista do Incaper
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Ainda de acordo com Fabiano Tristão, a mão de obra na cafeicultura é predominantemente manual, ou seja, exige que as pessoas estejam à disposição dos produtores. Esse fator tem dois lados, segundo o especialista.

"Temos uma dependência de mão de obra. Por um lado, isso é bom, porque há geração de emprego e renda. Muitas pessoas moram e trabalham nos locais. Mas, por outro lado, há um problema de mão de obra, principalmente na colheita, quando os cafeicultores precisam ir atrás de trabalhadores", detalha.

Segundo o extensionista do Incaper, o órgão promove treinamentos para adubação, calagem, uso de roçadeiras e aplicação de produtos para controle de pragas. A ideia é levar aprimoramentos para o cafeicultor, onde quer que ele esteja.

Foco na capacitação

A capacitação da mão de obra também é pensada pelo governo do Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo. O programa é dividido em eixos e alguns deles abordam a capacitação de produtores e técnicos para uso de agroquímicos, manejo de irrigação e conservação florestal.

Pauta 6 - Aroma Capixaba
Lançamento programa de desenvolvimento da cafeicultura do Espírito Santo. (Governo do ES/Divulgação)

Lançado em maio deste ano, o projeto pretende garantir mercado ao café capixaba e qualidade de vida às famílias produtoras. A tecnologia está diretamente ligada aos novos modelos de produção.

O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, valoriza o fato de o Espírito Santo ser o maior produtor de café conilon do Brasil. Ele ressalta que a produção está presente em quase todas as cidades do Estado, influenciando diretamente na economia capixaba.

"O Estado é hegemônico na produção do café. Com exceção de Vitória, que é um local quase sem área rural, todos os municípios têm algum tipo de cultivo de café. E das 78 cidades capixabas, 68 produzem café conilon", detalha.

A hegemonia também é vista quando os números abordam as propriedades rurais. De acordo com a Seag, quase 70% das propriedades rurais do Estado, independente do local ou da extensão, têm produção de café, especialmente o conilon.

De olho na avaliação

A produção do grão em lavouras de diferentes tamanhos e especificidades obriga, necessariamente, que haja um processo de pós-colheita. Ou seja, é preciso que as mãos dos trabalhadores cuidem do café fora das propriedades.

Para o Q-Grader (profissional responsável por provar e avaliar cafés) Rafael Marques, o cultivo do café exige cada vez mais de capacitação. Segundo o especialista, a exigência do mercado promove mudanças de hábitos dos produtores.

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O cultivo do café exige, atualmente, uma capacitação e um entendimento maior sobre todos os processos, inclusive no pós-colheita. Hoje, o produtor precisa pensar bem o que ele vai fazer, precisa estar atualizado sobre as tecnologias e conhecer até mesmo a previsão do tempo

Rafael Marques
Q-Grader (profissional responsável por provar e avaliar cafés)
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Com atuação diária e contato com os produtores, Rafael Marques afirma que os cafeicultores têm olhado o mercado de café especial como uma oportunidade de crescimento. Os produtores percebem o mercado, segundo o especialista, como uma espécie de comunidade para troca de informações. O objetivo é conquistar união e prosperar financeiramente no setor.

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