Centenas de milhares de pessoas trabalham e dependem diretamente do cultivo do café para sobrevivência no Espírito Santo. O número, que pode ser difícil de compreender, equivale a uma quantidade maior do que a população de Vitória que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 322 mil pessoas.
A quantidade expressiva de pessoas do campo e da cidade que têm relação com o café gera, naturalmente, um impacto positivo na economia capixaba, afetando a mão de obra local e mexendo até com os Estados vizinhos.
De acordo com números da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, são ao menos 350 mil pessoas envolvidas com o café no ES, de forma direta e indireta:
São diferentes funções exercidas, desde o plantio até o beneficiamento do grão. No fim das contas, quem leva vantagem é o consumidor, que tem cada vez mais opções de cafés.
Na avaliação do extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Fabiano Tristão, a necessidade de mão de obra no Estado, atualmente, é maior do que a quantidade de pessoas disponíveis para o trabalho. Apesar do número expressivo de pessoas envolvidas, há ressalvas em relação à quantidade qualidade da mão de obra.
Ainda de acordo com Fabiano Tristão, a mão de obra na cafeicultura é predominantemente manual, ou seja, exige que as pessoas estejam à disposição dos produtores. Esse fator tem dois lados, segundo o especialista.
"Temos uma dependência de mão de obra. Por um lado, isso é bom, porque há geração de emprego e renda. Muitas pessoas moram e trabalham nos locais. Mas, por outro lado, há um problema de mão de obra, principalmente na colheita, quando os cafeicultores precisam ir atrás de trabalhadores", detalha.
Segundo o extensionista do Incaper, o órgão promove treinamentos para adubação, calagem, uso de roçadeiras e aplicação de produtos para controle de pragas. A ideia é levar aprimoramentos para o cafeicultor, onde quer que ele esteja.
A capacitação da mão de obra também é pensada pelo governo do Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo. O programa é dividido em eixos e alguns deles abordam a capacitação de produtores e técnicos para uso de agroquímicos, manejo de irrigação e conservação florestal.
Lançado em maio deste ano, o projeto pretende garantir mercado ao café capixaba e qualidade de vida às famílias produtoras. A tecnologia está diretamente ligada aos novos modelos de produção.
O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, valoriza o fato de o Espírito Santo ser o maior produtor de café conilon do Brasil. Ele ressalta que a produção está presente em quase todas as cidades do Estado, influenciando diretamente na economia capixaba.
"O Estado é hegemônico na produção do café. Com exceção de Vitória, que é um local quase sem área rural, todos os municípios têm algum tipo de cultivo de café. E das 78 cidades capixabas, 68 produzem café conilon", detalha.
A hegemonia também é vista quando os números abordam as propriedades rurais. De acordo com a Seag, quase 70% das propriedades rurais do Estado, independente do local ou da extensão, têm produção de café, especialmente o conilon.
A produção do grão em lavouras de diferentes tamanhos e especificidades obriga, necessariamente, que haja um processo de pós-colheita. Ou seja, é preciso que as mãos dos trabalhadores cuidem do café fora das propriedades.
Para o Q-Grader (profissional responsável por provar e avaliar cafés) Rafael Marques, o cultivo do café exige cada vez mais de capacitação. Segundo o especialista, a exigência do mercado promove mudanças de hábitos dos produtores.
Com atuação diária e contato com os produtores, Rafael Marques afirma que os cafeicultores têm olhado o mercado de café especial como uma oportunidade de crescimento. Os produtores percebem o mercado, segundo o especialista, como uma espécie de comunidade para troca de informações. O objetivo é conquistar união e prosperar financeiramente no setor.
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