O termo novas tecnologias aborda ferramentas de última geração, mas também pequenas modificações que podem ser feitas na produção e que surtem diferença na qualidade da bebida. Cada vez mais "high tech" o conilon também se destaca e está evoluindo a passos largos, com o ES na vanguarda deste processo.
Na avaliação do superintendente da Cooabriel, Carlos Augusto Pandolfi, o Espírito Santo domina a produção do café e o incentivo para a produção de um conilon qualificado serve para que o produtor perceba o potencial do grão.
Ele afirma ainda que o movimento de novas tecnologias ganhou força nos últimos quatro anos. De acordo com o superintendente, os institutos e o governo do Estado são grandes parceiros na incorporação das ferramentas. Pandolfi citou, além do governo do Estado, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Desde 1999, o dentista e cafeicultor tem uma lavoura em Santa Teresa. Apesar de o local sugerir a plantação de outra variedade, pela altitude e temperatura amena, Luís Carlos resolveu investir no conilon. E o investimento está diretamente ligado às novas tecnologias.
Na produção liderada por Luís Carlos, a tecnologia transforma o grão após colheita. "A partir do momento em que você dá prioridade e muda o cuidado com o conilon, você consegue essa bebida maravilhosa", comenta o cafeicultor.
O produtor guarda segredos sobre as tecnologias usadas em Santa Teresa, mas relata que tem tido mais atenção na colheita do café. É preciso, segundo ele, colher apenas quando o grão estiver maduro, evitando a colheita de cafés ainda verdes.
A magia, porém, acontece na fase chamada por ele de fermentação láctea. É o momento em que ocorre o desenvolvimento do sabor. O processo permite que o café fique mais gostoso, tenha um sabor apurado. Luís Carlos não dá detalhes sobre o processo, mas compara a fermentação com a produção do queijo canastra, feito em Minas Gerais. Há um controle de temperatura e PH. O processo se reflete na venda de um produto mais apurado, vendido por um preço maior.
As novas tecnologias permitem que o produtor capixaba tenha mais lucro e sonhe mais alto. Ou melhor, mais longe, para fora do Brasil.
Para o q-grader Rafael Marques - profissional treinado que faz com que o café que chega até a sua casa seja realmente especial - os próximos anos serão importantes para incorporação de tecnologias no cultivo de café no Estado.
"O que me chama atenção é a variedade do café, da planta. Alguns institutos estão investindo no modelo de um café híbrido. Ou seja, podem mudar o DNA, alterar a genética. A intenção é aumentar a produtividade e qualidade. Quando a gente fala de tecnologia, olho pelo lado da variedade", explica.
Na avaliação dele, o Espírito Santo está "intenso" na introdução de novas tecnologias. Segundo o especialista, são muitos recursos sendo investidos no processamento e no conhecimento dos produtores.
O trabalho de Rafael é elogiado e tratado como evolução na produção do café. É por causa da prova feita por eles que produtores como podem atravessar fronteiras. Este é o caso do cafeicultor Florentino Meneguetti, que viu uma amostra produzida na propriedade em Brejetuba, chegar até Dubai.
A alta qualidade do café é uma característica indispensável para que o grão fosse parar do outro lado do mundo. Mas em poucos minutos de conversa, qualquer integrante da família Meneguetti atribui a viagem ao profissional Rafael Marques, que tem o título internacional de q-grader, responsável que dá selo de qualidade aos cafés especiais.
Maira Meneguetti reforça que a família está sempre em busca de um café melhor e que com o passar dos anos, mudanças foram incorporadas à produção. O descascador da família, usado pela primeira geração de produtores, foi substituído por um novo. A ideia era ganhar em rapidez e produtividade.
O pai de Maira explica que o modo de tratar o café atualmente é muito diferente do que era feito quando ele começou na produção. A adubação da terra, por exemplo, que era feita no enxadão, agora tem o auxílio de uma espécie de furadeira. O calcário e o esterco são gerenciados com mais cuidado e produtividade.
O café inicialmente foi para a Espanha, na propriedade do cafeicultor Joaquim, e passou pela fase de torrefação - quando o grão entra em contato com o calor. Depois da torra, o café foi parar em Dubai.
O cultivo do grão começou quando Florentino ainda era criança e acompanhava o pai, Firmino Meneguetti, nas caminhadas pela lavoura. O plantio começou na década de 1960. Em 2007, no entanto, a história da família começou a ter um novo capítulo, com a qualificação do café. O que era um grão comum passou a ter cuidados especiais.
Rancho Dantas é o distrito onde Florentino Meneguetti e a esposa, Lourdes Meneguetti, moram atualmente e criaram todos os quatro filhos. São quase 60 anos de história da família no cultivo do café. Maira, Alex, Fabiana e Fernanda nasceram no distrito e, de alguma forma, seguiram os caminhos do pai.
O caso da família Meneguetti é um demonstrativo de que as novas tecnologias têm aumentado o lucro de produtores e leva o café do Espírito Santo para fora do Brasil.
Luís Carlos da Silva Gomes, dentista de formação e proprietário de uma lavoura de café em Santa Teresa, e Florentino Meneguetti, que teve o café enviado para Dubai, têm ao menos uma semelhança: ambos prezam pela qualidade da bebida, evidenciando que modernizar o café é mais do que uma inovação, e sim uma necessidade a ser cada vez mais difundida.
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