Inspiração! Essa é a melhor palavra para definir o que motiva a proposta de criação do Parque Logístico Espírito Santo (Parklog/BR) e do que ele pode representar para um novo ciclo de desenvolvimento do nosso Estado e do Brasil. Explicaremos, mas antes vamos ao que nos inspira.
Há praticamente um consenso sobre a importância do Porto de Tubarão para o desenvolvimento do Espírito Santo. Até o início da década de 1960, nossa economia era baseada fundamentalmente na agricultura de baixa produtividade. Tubarão foi uma espécie de marco divisório para a industrialização e inserção internacional da economia capixaba. E mais que isso, Tubarão foi parte da construção de um sistema logístico, revolucionário para a época, que transformou o perfil da Companhia Vale do Rio Doce. Um sistema que integrava mina, ferrovia, porto, navegação e venda. Segundo Eliezer Batista: “Fomos uma das primeiras companhias a funcionar em um conceito moderno de sistema globalizado integrado, o supply chain (cadeia produtiva)”.
Este ano marca o centenário de Eliezer Batista e o espaço aqui seria pequeno para homenagear este que foi um dos maiores visionários do Brasil. “Não sou muito de hiperbolismo tropical, mas Tubarão foi a maior revolução na navegação mundial” (disse em depoimento nos 60 anos da Vale).
Um porto de águas profundas, capaz de receber navios de 120 mil toneladas, inexistentes na época. Em resumo, ajudou a mudar a navegação de carga mundial, promoveu uma maior integração da economia brasileira com o mundo e mudou a história da economia e da sociedade capixaba.
Há outro consenso em formação entre nós, o de que o Espírito Santo precisa dar um novo salto para inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento, partindo daquilo de positivo que nos trouxe até aqui e avançando em novas direções. Um dos caminhos seria aproveitar nossas vantagens logísticas para atrair novos empreendimentos, ampliar a inserção internacional de nossa economia e sua complexidade, com maior participação da indústria de transformação e de serviços especializados.
E da mesma forma como outrora, esse caminho atende a necessidades estratégicas da economia nacional, assim como assegurar o pleno escoamento da produção agrícola do país. Brincando com uma antiga frase sobre os Estados Unidos, neste caso: “O que é bom para o Espírito Santo é bom para o Brasil.”
É nesse sentido que se insere a proposta de criação do Parklog/BR, localizado nos municípios de Aracruz e Linhares e tendo também como cidades âncoras Colatina e Serra.
São três portos. Barra do Riacho, Portocel e Imetame. Portocel é um dos maiores terminais mundiais de celulose, com capacidade para movimentar cargas gerais (acabou de inciar operação de desembarque de veículos) e vai mais que dobrar sua capacidade atual, ficando apto a receber navios maiores e mais especializados.
O Porto de Barra do Riacho vai permitir operações diversificadas, possui uma área disponível de 500 mil m² para desenvolvimento de terminais especializados, acesso à ferrovia Vitória/Minas e terminal de gás.
O porto da empresa Imetame está em fase final de construção e deve receber a primeira atracação em 2025. Foi implantado em uma retroárea de 1 milhão de m², subdividida em quatro terminais para contêineres, cargas gerais, granéis sólidos e granéis líquidos. Operando plenamente terá capacidade para atender navios de última geração, bunker para abastecimento e ações de transferência entre embarcações.
O Governo do Espírito Santo faz investimentos superiores a R$ 1 bilhão em nova infraestrutura rodoviária estadual na região para conectar com eficiência o ParkLog/BR à rodovia federal BR 101, que será duplicada. Ao lado está instalada a primeira Zona de Processamento e Exportação (ZPE) privada do país, que associada às facilidades logísticas poderá atrair inúmeras indústrias e empresas de serviços especializados em comércio exterior. Próximos estão o aeroporto privado de Aracruz e o aeroporto regional de Linhares. Sempre vale lembrar que o Norte do Estado está incluído na região da Sudene.
São muitos ativos de alta qualidade juntos. O único obstáculo ainda existente é a necessidade de modernização da malha ferroviária. É essencial a construção de uma variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, que possibilitará um transporte mais rápido e econômico. Um investimento previsto de R$ 5 bilhões, o que é relativamente pouco frente aos ganhos para o escoamento da produção brasileira rumo ao exterior.
Como dissemos antes, neste caso não se trata de uma demanda regional, mas da coincidência das necessidades do Espírito Santo com as do Brasil. A estruturação do Parklog/BR é uma resposta robusta para fortalecer essa demanda. Esta é uma das pautas mais relevantes para o futuro do nosso Estado. Vamos falar cada vez mais dela.
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